sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A escola e o professor, oferecendo uma educação conforme as características do aprendente.



É fundamental contribuir para uma promoção de sucesso das crianças disléxicas e imprescindível melhorar o fluxo da informação entre a escola e a comunidade, de modo que pais e alunos possam conhecer tanto aquilo que a escola pode oferecer como as limitações com que se debate; organizar encontros entre a equipe especializada e todos os interessados, para que possam adotar uma abordagem de colaboração e cooperação que torne mais fácil a busca de soluções.

Os professores devem saber que os alunos com dislexia podem ser bem sucedidos na escola, precisando é de formas diferentes de ensino; devem ser positivos e construtivos: reconhecer que uma criança com dificuldades específicas de aprendizagem pode demorar mais tempo a aprender e cansar-se rapidamente; deve ser cuidadoso não aplicando rótulos negativos; assegurar um ambiente educativo estruturado, previsível e ordenado; deve saber que ameaças ou chantagens não motivam a criança com dislexia, ela necessita de instruções claras e de um ritmo mais lento e repetido; deve valorizar as capacidades da criança, apoiando-se nos seus pontos fortes (Cogan,2002). O mesmo autor refere que o professor deve manter-se informado acerca dos problemas encontrados pelos disléxicos; reconhecer que um ensino por objetivos voltado para as competências e utilizando uma metodologia multisensorial pode ser de grande utilidade; reconhecer a frustração sentida pelo aluno com dislexia e que pode acarretar possíveis problemas de comportamento ou auto-estima. É fundamental, destacando a relevância do professor no apoio ao aluno com dislexia, que ele demonstre atenção e compreensão; construa uma boa relação professor-aluno; lembrar-se que esta criança aprende de uma forma diferente, mas que é capaz de aprender; saber que na realização de suas atividades, trabalhos e provas, sua oralidade é a melhor habilidade indicada, pois revela grandes lacunas no que diz respeito à parte escrita; fazer com que outras crianças compreendam a natureza da dislexia, para evitar zombarem e importunarem os colegas portadores da mesma.

Vale ressaltar que a Lei nº 7.853 de 24/10/89- regulamentada pelo Decreto nº 3.298 de 21 de dezembro de 1999, assegura alguns direitos à educandos com necessidades educacionais especiais, como: as instituições de ensino deverão oferecer adaptações de provas e os apoios necessários, previamente solicitados pelo aluno portador de deficiência, inclusive tempo adicional para realização das provas, conforme as características da deficiência; adotar orientações pedagógicas individualizadas, e outras garantias.

A escola e o professor, oferecendo uma educação mais apropriada estarão colaborando com o sucesso escolar desses alunos, portanto é bastante eficaz fazer uso de materiais diversificados no apoio das aulas, oferecer resumo dos conteúdos que serão abordados, ministrar suas aulas com clareza e repetição, dar instruções orais e escritas ao mesmo tempo, apresentar novas palavras de forma contextualizada, realizar sempre que possível aulas de revisão e traballhos em grupo, fazer a leitura em voz alta antes de iniciar a avaliação e acrescentar o tempo para a realização da mesma, entre outros.

A queixa mais frequente nos últimos anos é o baixo desempenho escolar, relacionado a vários fatores, dentre eles os transtornos de aprendizagem existentes (dislexia, dislalia, discalculia, disgrafia, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade entre outros). Gostaríamos de destacar a dislexia, dada a importância de seu conhecimento para a concepção dos educadores e intervenção escolar.


A definição mais utilizada, segundo ABD (Associação Brasileira de Dislexia) é a de 1994 da International Dyslexia Association (IDA): Dislexia é um dos muitos distúrbios de aprendizagem. É um distúrbio específico de origem constitucional caracterizado por uma dificuldade na decodificação de palavras simples que, como regra, mostra uma insuficiência no processamento fonológico. Essas dificuldades não são esperadas com relação à idade e a outras dificuldades acadêmicas cognitivas; não são um resultado de distúrbios de desenvolvimento geral nem sensorial. A dislexia se manifesta por várias dificuldades em diferentes formas de linguagem frequentemente incluindo, além das dificuldades com leitura, uma dificuldade de escrita e soletração. Segundo os critérios do DSM IV-TR (2002), o transtorno de leitura (dislexia), consiste em rendimento em leitura substancialmente inferior ao esperado para a idade cronológica, inteligência e escolaridade do indivíduo.

As tentativas de definir e explicar as causas da dislexia foram inúmeras nas últimas décadas, sendo que as principais são as que explicam a dificuldade como:a)fator relacionado à herança(Vogler, Defries & Decker,1985, Apud Ellis,1995); b)fator relacionado à lateralização cerebral de Geschwind-Behan-Galaburda, teoria GBG, referindo-se ao fato de um atraso no desenvolvimento hemisférico esquerdo, durante o período embrionário; c)fator relacionado ao comportamento social diferente entre meninos e meninas, propondo que meninas tem comportamentos mais socialmente aceitos que meninos, principalmente na escola.

Segundo alguns autores, a dislexia é de origem familial quando presente em cerca de 35% a 40% dos parentes de primeiro grau e herdada quando ocorre hereditariedade em 50% de uma mesma família. (Pennington,1997; Grigorenko et al. 2000,2003; Nopola-Kemmi et al , 2002; Hsu et al, 2002).

A Associação Brasileira de Dislexia fornece dados relatando que, a maior incidência da população mundial que apresenta dificuldade de aprendizagem (10 a 15%), está contida no quadro de disléxicos.

A história familiar é um dos fatores de risco mais importantes: 23 a 65% das crianças disléxicas têm um parente com dislexia (Scarborough,1990).

Entre irmãos, a taxa é de 40%, já entre pais e filhos é de 27 a 49%(Pennington and Gilger,1996).

Segundo o DSM-IV e nos EUA, é de 4% a estimativa da prevalência da perturbação da leitura nas crianças com idade escolar. No entanto, conforme vários autores essa percentagem já se encontra entre 5 a 10%. Berger et al. (1975) realizaram estudo na Inglaterra e constataram ser mais freqüente em meninos.Contudo, estudos mais recentes apontam para uma maior proporcionalidade entre ambos os sexos quando utilizam amostras não clínicas (ABD, 2008).

De acordo com Gorman(2003) e Pennington(1997), as causas da dislexia são neurobiológicas e genéticas, sendo também encontrados estudos que descrevem fatores ambientais.

Considera-se também o nível socioeconômico das famílias, porém as de nível baixo lêem menos para seus filhos e fazem poucos jogos de linguagem com eles, a falta dessas experiências pré-escolares parece retardar o desenvolvimento de habilidades posteriores de leitura (Pennington,1997).

Não há uma característica padrão para todos os disléxicos; consistem num conjunto de sinais e sintomas combinados nos mais variados graus. A dislexia pode apresentar sintomas comuns a outras patologias (Ciasca,2003, p.62).

Estão presentes algumas manifestações no distúrbio específico de leitura: incapacidade de decodificação e dificuldade em tarefas de memória fonológica, também no tratamento ortográfico da informação; danos na via de conversão grafema-fonema; comprometimento e ou bloqueio da via lexical e não-lexical; desempenho muito ruim ou ausência na leitura de estímulos não familiares e pseudopalavras (palavras não reais); maior facilidade para leitura de palavras concretas e freqüentes; preservação da leitura de palavras isoladas; dificuldades no campo visual do lado contralateral ao da lesão cerebral e de leitura de vários itens quando apresentados simultaneamente; leitura letra por letra preservada (Ciasca, 2008, p.72).

Segundo Estill (2005) observa-se no comportamento das crianças que apresentam dislexia, diversos sinais visíveis, entre eles:
- atraso no desenvolvimento da fala e linguagem;
- histórico familiar;
- lentidão nas tarefas de leitura e escrita, porém desempenha-se bem nas orais;
- não compreende o que escreve;
- confusão de letras com diferente orientação espacial (p-q, b-d);
- confusão de letras com sons semelhantes (t-d, f-v);
- inversões de sílabas ou palavra (par - pra);
- substituições de palavras com estrutura semelhante;
- omissão, adição ou repetição de letras ou sílabas;
- dificuldades rimas-canções;
- falta de coordenação motora fina e ou grossa;
- falta coordenação mão e olho;
- desatenção e dispersão;
- disgrafia;
- desorganização geral (tempo e espaço), desengonçado;
- fraco senso de direção (dir/esq), mapas, dicionários;
- dificuldades visuais: postura de cabeça-organização do trabalho na folha;
- dificuldade em aprender nomes de letras ou sons do alfabeto;
- dificuldade aprender relação grafema-fonema;
- problemas de conduta na sala de aula mostrando-se tímido ou “exibicionista”.

 Dificuldade do professor frente ao diagnóstico

A falta de conhecimento das características de crianças disléxicas por parte dos professores, pais e gestores educacionais, desfavorece o processo ensino- aprendizagem.


De acordo com Collares e Moysés (1992), o uso da expressão “distúrbio de aprendizagem” está se expandindo entre os professores, porém, a maioria deles não conhece devidamente o significado dessa expressão ou quais os critérios baseados para utilizá-la no contexto escolar.


Nas instituições de ensino, professores relatam que crianças inteligentes apresentam grande dificuldade para escrever e ler. Esses profissionais geralmente são os primeiros a observar as dificuldades em crianças disléxicas, porém, sem informações e conhecimentos devidos acerca das dificuldades específicas encontradas na dislexia. É primordial saber detectá-las para facilitar seu trabalho, lidar melhor, apoiar o aluno, fazer encaminhamentos necessários para os serviços competentes e posteriormente uma intervenção pedagógica (Weiss, 2008, p. 93-101).


A Instituição escolar se confronta com um dilema: o desafio de atender ás diferenças de aptidões entre os alunos e, ao mesmo tempo, prepará-los para atingir objetivos estandardizados; surgindo as situações problemáticas quando consideramos alunos com dificuldades de aprendizagem, como é o caso da dislexia.

 Diante do tema pesquisado é possível chegar às seguintes conclusões: ainda há um distanciamento entre pesquisa e prática em muitas áreas da Educação, especialmente na avaliação e ensino da leitura; a escola ainda não responde eficazmente ao desafio de trabalhar com as necessidades educacionais, relacionadas às dificuldades de linguagem no que se refere à leitura e escrita, chamando atenção para a ausência de esclarecimento adequado a respeito do insucesso da aprendizagem escolar.

O diagnóstico, avaliação, identificação e intervenção mais adequadas de crianças com dislexia são fundamentais para a superação das dificuldades escolares e contribuem na melhoria do desenvolvimento psicológico das mesmas; é necessária a elaboração de estratégias mais eficientes de intervenção, a orientação aos pais e professores é parte fundamental desse programa; é imprescindível um encaminhamento dessas crianças com dislexia a uma equipe de profissionais competentes, sendo relevante proporcionar aos professores contínua reciclagem para que possam vir a responder às necessidades específicas desses alunos.


FONTE DE PESQUISA: http://www.psicopedagogia.com.br/new1_artigo.asp?entrID=1299

domingo, 24 de outubro de 2010

Dificuldades de aprendizagem na infância.



Vou falar sobre um dos problemas que mais atemorizam pais e as próprias crianças: falta de aprendizagem escolar. Em primeiro lugar, vamos distencionar ao ler o artigo, relaxe os ombros, mexa cabeça, gire seu pescoço, pensa que é brincadeira? Falo muito sério. Pelos anos de experiência que vivi como Diretora Pedagógica Escolar e exercendo também a Psicopedagogia Institucional era o que mais me chamava a atenção a angústia, a tensão que as famílias encaravam as dificuldades educacionais de seus pequenos. Principalmente na época da alfabetização formal, vejo que não é somente a criança que se encontra em processo de alfabetização, toda a família se preocupa, se desgasta em acompanhar o filho, por vezes, trilhar o caminho da alfabetização que acaba se tornando, para alguns, o Caminho das Pedras.


Quando a criança vem cedo para a Escola, os profissionais da Educação têm mais tempo para detectar se a criança possui algum problema, seja do mais simples,por exemplo,visão ou audição até alguns mais complicados como a dislexia ou a temida Hiperatividade que tem várias causas,embora sejam crianças muito inteligentes, não têm a aprendizagem condizente com o grau de inteligência.

São casos e mais casos que abarrotam salas de Coordenadores Pedagógicos que encaminham estas crianças para Neurologistas, Oftalmologistas, Otorrinolaringologistas, Psicólogos, Psicopedagogos e Fonoaudiólogos.

Muitos pais vinham a minha procura nas Escolas por onde passei, ansiosos querendo saber o que poderiam fazer para ajudar seus filhos,sempre respondi: - SENDO PAIS! Criança em casa precisa de Família que a ajude a se organizar, ser cuidadosa com seu material, que lhe eduque, lhe coloque limites e lhe dê muito carinho. É essa a fórmula principal da Família que quer ajudar seu filho na escola, fazer com que ele aprenda a ser responsável, assíduo e pontual, que faça seus deveres de casa. Mas, pára por aí. O desgaste que observava em algumas famílias com crianças que tinham dificuldade de aprender era impressionante, muitos pais acham que os filhos têm preguiça de estudar, porque não entendem que hoje em dia o “estudar” que ele conheceu na escola MUDOU RADICALMENTE! Não dá para se ensinar uma criança para ONTEM, isto é passado.

Precisamos ensinar nossas crianças para um Futuro que desconhecemos como será. Temos algumas idéias de que tipo de Homem precisamos formar para ter sucesso no FUTURO: ser criativo, responsável, aprender a aprender sozinho, ter iniciativa, saber trabalhar em equipe, saber ouvir mais do que falar. Essas são algumas características que a maioria dos teóricos em Educação e Profissionais de Educação consideram como indispensáveis em qualquer sociedade do futuro.

A criança nasce potencialmente pronta para aprender. A falta de aprendizagem é SINTOMA de que algo não vai bem com esta criança. Pais, deixem a educação escolar para ser trabalhada pela Escola, procurem a Equipe Pedagógica para esclarecer qualquer dúvida. Se forem aconselhados a levar seu filho a um especialista, não demorem, qualquer atraso pode redundar em fazer essa criança perder um ano, repetir um ano. Já está provado que repetir um ano escolar derruba qualquer auto-estima infantil. Afinal quem gosta de ser REPROVADO em qualquer situação da vida até hoje, como adulto?

Ninguém melhora com reforço negativo. Saibam que um REFORÇO POSITIVO vale mais que vinte reforços negativos. Brigar com uma criança que tem dificuldade na aprendizagem é quase uma covardia, ela não é preguiçosa, o que o seu corpinho demonstra em se espreguiçar, abrir a boca, pedir para beber água ou ir ao banheiro é um pedido de SOCORRO, “alguém me entenda, por favor? Não estou entendendo nada!”.

Por isso, prezado leitor, é necessário que se escolha bem em que escola vai matricular seu filho, que Teoria de Aprendizagem a escola segue, se é tradicional, se é construtivista, sociointeracionista, montessoriana. Por vezes, a criança que tem problemas escolares numa determinada escola, basta mudar para outra que cessam todos os sintomas descritos acima.

Prezado leitor, se manifestar desejo em se aprofundar mais nesse assunto, é só escrever, eu farei a continuidade do tema.





FONTE DE PESQUISA: http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.untitled.com.br/wp-content/uploads/2008/03/people0002big.jpg&imgrefurl=http://www.untitled.com.br/peopleware/dificuldades-aprendizagem-infancia.html&usg=__RFO-z7aPFikZvvbdm3vd3SyDE-4=&h=335&w=575&sz=162&hl=pt-br&start=42&sig2=jSTEm-f0RwWR52-fkBHzKw&zoom=1&um=1&itbs=1&tbnid=WP7NDA59T-7VYM:&tbnh=78&tbnw=134&prev=/images%3Fq%3DAPRENDIZAGEM%26start%3D40%26um%3D1%26hl%3Dpt-br%26sa%3DN%26rls%3Dcom.microsoft:pt-br:IE-ContextMenu%26rlz%3D1I7GFRE_pt-BR%26ndsp%3D20%26tbs%3Disch:1&ei=X1jETP6QG4KB8gaE_rTZBg

Fatores Biológicos das dificuldades de aprendizagem,





Os fatores biológicos que contribuem para a ocorrência de uma dificuldade de aprendizagem podem ser divididos em quatro categorias:


Lesão Cerebral –algumas dificuldades podem surgir de uma lesão cerebral, naturalmente que nem sempre este é o caso;

Alterações Desenvolvimentais – durante a gestação o sistema nervoso do bebé desenvolve-se por etapas e esse desenvolvimento continua após o seu nascimento. Quando por alguma razão alguma etapa desse desenvolvimento é alterada, pode gerar uma dificuldade de aprendizagem.

Desequilíbrios Químicos – os neurotransmissores fazem a comunicação entre as células cerebrais. Qualquer alteração química pode fazer com que essa comunicação falhe, o que pode contribuir para dificuldades de aprendizagem, nomeadamente transtorno de deficit de atenção/hiperatividade e hipoatividade.

Hereditariedade – a hereditariedade também pode determinar o desenvolvimento de dificuldade de aprendizagem. As dificuldades de aprendizagem promovem um comportamento que complica mais essas dificuldades na escola: hiperatividade, fraca concentração, dificuldade para seguir instruções, imaturidade social, dificuldade com a conversação, inflexibilidade, fraco planeamento e habilidades organizacionais, distração, falta de destreza, falta de controle de impulsos.




FONTE DE PESQUISA: http://www.espacoaprendizagem.info/factores-biologicos-das-dificuldades-de-aprendizagem/

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Saúde Mental e desempenho escolar na infância e adolescência .




Fosse você um menino adolescente de classe econômica baixa, filho de pais separados e vivendo apenas com a mãe, analfabeta e que fez uso de tabaco e álcool durante a sua gestação, suas chances de ter índices normais de Saúde Mental e bom desempenho escolar seriam consideravelmente menores, concorda? Pois então, vejamos: por ser menino um risco 60% maior de ter baixos índices de Saúde Mental e baixo desempenho escolar, por ser adolescente 41%, por pertencer a classe econômica D ou E 210%, por ter pais separados 100%, por não morar com ambos os pais 220%, pelo baixo grau de instrução do chefe da família 250% e, por sua mãe ter usado tabaco ou álcool durante a gestação, respectivamente, 80% e 140% maior o risco de fracasso.


Condição bem diferente você encontraria se fosse menina, classe econômica A ou B, filha de pais casados, vivendo com eles sob o mesmo teto, tendo eles curso superior completo e sua mãe, bem esclarecida sobre os riscos, não tenha feito uso de tabaco ou álcool durante a sua gestação. Crianças e adolescentes nessa condição menos frequentemente fracassam, só mesmo por obra do acaso, da genética, dos acidentes de percurso e de outras variáveis menos prováveis.

Esses e outros dados do mais amplo e atual estudo sobre Saúde Mental em crianças e adolescentes brasileiros, o Projeto Atenção Brasil, serão em breve divulgados no Congresso Aprender Criança, a ser realizado de 6 a 8 de agosto na cidade de Ribeirão Preto (SP). O estudo, idealizado por pesquisadores do Instituto Glia, Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, Universidade La Sapienza de Roma e Albert Einstein College of Medicine de Nova Iorque, avaliou perto de 9 mil crianças e adolescentes de 17 estados e 81 cidades brasileiras.

O estudo revela ainda diferenças regionais no comportamento infantil, enquanto as crianças da região Sul mostram-se mais “agitadas” e as do Sudeste são mais “queridas por outras crianças”, as das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste são mais gentis e mais frequentemente compartilham com outras crianças, apresentam mais acessos de raiva e birras, preferem brincar só, mais frequentemente mentem e são atormentados por outras crianças.

Crianças e adolescentes de cidades grandes (>500 mil habitantes) são mais gentis com crianças mais novas, os que vivem em cidades pequenas (<100 mil habitantes) são mais irrequietos, apresentam mais acessos de raiva e birra, referem medos excessivos e completam melhor suas tarefas com atenção.

As meninas são as legítimas campeãs dessa Copa Brasileira da Saúde Mental e desempenho escolar infantil, sua chance de ter melhores índices nessas áreas é 60% maior que a dos meninos. Os meninos são mais irrequietos e hiperativos, apresentam mais acessos de raiva e birras, preferem brincar só, brigam com outras crianças, distraem-se com maior facilidade e mais frequentemente mentem e furtam. As campeãs, por sua vez, mais frequentemente demonstram consideração pelos sentimentos de outras pessoas, são mais prestativas com alguém que parece magoado, mais frequentemente têm uma boa amiga e são gentis com as crianças mais novas, pensam antes de agir e são mais perseverantes.

Considerando índices globais estimados pelos pesquisadores, enquanto os meninos apresentam maior número de dificuldades, mais problemas de conduta, hiperatividade, problemas com colegas e de comportamento social, as meninas apresentam maior número de sintomas emocionais. Nos meninos, esses sintomas provocam um maior impacto nos vários contextos de vida aumentando o risco de transtornos mentais.

A pesquisa revela que 28% das crianças e adolescentes brasileiros avaliados apresentam desempenho escolar abaixo da média, dado justificado pelas recentes humilhantes colocações do Brasil nas Copas do Mundo do desempenho escolar.

Conhecer melhor esse retrato e os fatores de risco e proteção para Saúde Mental e desempenho escolar é tarefa urgente para todo Educador, seja pai ou professor, e obrigação civil para as autoridades responsáveis por políticas públicas voltadas às crianças e adolescentes brasileiros. Com esse GPS, certamente será mais fácil chegar aos destinos desejados.

Saúde Mental e desempenho escolar na infância e adolescência são temas da maior importância numa sociedade em permanente transformação, não entram nas estatísticas de índices econômicos ou de desenvolvimento, mas, sem sombra de dúvida, fazem toda diferença nos desfechos de vida que mais desejamos para os nossos filhos. Afinal, "gente quer comer, gente quer ser feliz, gente é prá brilhar, não prá morrer de fome, gente espelho da vida, doce mistério” (Caetano Veloso).



Marco Antônio Arruda

Neurologista da Infância e Adolescência

Doutor em Neurologia pela Universidade de São Paulo

Coordenador do Projeto Atenção Brasil

FONTE DE PESQUISA:  http://www.aprendercrianca.com.br/index.php?option=com_content&Itemid=1&catid=90&id=270&view=article



CONSIDERAÇÕES , Cartilha do Educador: Educando com a ajuda das Neurociências. Poderão fazer o download clicando no site da Comunidade Aprender criança.


http://www.aprendercrianca.com.br/

Aprender ajuda a prevenir o declínio cognitivo.


É o que revela um estudo realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Irvine (UCI), sugerindo que atividade mental pode prevenir o declínio cognitivo e de memória relacionado à idade.


Os neurocientistas da UCI apresentaram as primeiras evidências de que aprender promove a vitalidade cerebral e que, consequentemente, poderia reduzir os efeitos do envelhecimento sobre a memória e a mente.

Usando uma técnica inovadora de neuroimagem que eles desenvolveram para estudar a memória, a equipe de pesquisa, liderada por Lulu Chen e Christine Gall, descobriu que formas comuns de aprendizagem estimulam quimioreceptores que ajudam a manter as células cerebrais funcionando em níveis de excelência.

Esses receptores são ativados por uma proteína denominada fator neurotrófico cerebral (neurotrophic brain-derived factor, BDNF) que facilita o crescimento e a diferenciação das sinapses neuronais (pontos de comunicação entre células nervosas). Segundo os pesquisadores, o BDNF é a chave da formação das memórias.

“Esses resultados confirmam a importância crucial da aprendizagem para o funcionamento cerebral e indicam as vias através das quais podemos ampliar essa relação, o que viabiliza o desenvolvimento de novos meios de tratamento”, diz Chen um graduado pesquisador em Anatomia e Neurobiologia. O estudo foi publicado online na edição da primeira semana de março (2010) da National Academy of Sciences.

Juntamente com a descoberta de que a atividade cerebral põe em ação o BDNF, os pesquisadores identificaram que esse processo encontra-se relacionado com a emissão de ondas teta, que seriam vitais na codificação de novas memórias.

O ritmo teta do hipocampo envolve neurônios que disparam sincronicamente de três a oito vezes por segundo. Esse ritmo está associado à potenciação de longo tempo, um mecanismo celular fundamental ao aprender e à memória.

Os resultados do estudo, realizado em cobaias, permitem concluir que tanto uma tarefa de aprendizagem comum quanto a estimulação magnética externa de ondas teta, promoveu a ativação sináptica de BDNF. Há evidências de que o ritmo teta se esvai com a idade e nossas descobertas sugerem que isto pode resultar numa deterioração da memória. Por outro lado, manter um estado mental ativo ao longo do processo de envelhecimento pode incrementar a atividade de BDNF e reduzir as consequências do declínio cognitivo.

Os pesquisadores agora procuram saber se o aumento dos sinais de aprendizado induzido diminui com a idade e se isso poderia ser prevenido por uma nova droga experimental.


O professor de Psiquiatria e Comportamento Humano da UCI, Gary Lynch, e ainda outros pesquisadores associados também participaram do estudo que teve apoio do Instituto Nacional de Saúde e do Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA. A Universidade da Califórnia em Irvine, fundada em 1965, é uma das melhores universidades americanas dedicadas à pesquisa, tem cerca de 28 mil alunos, 1.100 professores e 9 mil funcionários. Maior empregador do condado de Orange, a UCI contribui anualmente com cerca de 3.9 bilhões.




FONTE DE PESQUISA: http://www.aprendercrianca.com.br/informacao/desvendando-os-misterios-do-cerebro/aprender-ajuda-a-prevenir-o-declinio-cognitivo

Mães ajudam os filhos a desenvolverem funções executivas.


Quando pensamos em alguém que sofre de ansiedade social, a tendência é caracterizarmos essa pessoa como tímida, inibida ou submissa. Um estudo dos psicólogos americanos Todd Kashdan e Patrick Mcknight da Universidade George Mason sugere a existência de um subtipo de ansiedade social em pessoas que agem agressivamente como os bullies (agentes do bullying).


O estudo, intitulado “O lado negro da ansiedade social: quando impulsos agressivos prevalecem sobre a inibição e a timidez”, foi publicado na seção “tendências atuais” da revista Psychological Science.

Kashdan e McKnight encontraram as evidências em adultos diagnosticados com um subtipo do Transtorno de Ansiedade Social (TAS) que apresentavam uma tendência a comportamentos violentos, uso de substâncias e outros comportamentos de risco, situações que causam sensações de prazer momentâneo, mas que ao longo do tempo afetam significativamente a qualidade de vida do indivíduo.

“Frequentemente não percebemos os problemas latentes em pessoas a nossa volta. Pais e professores podem pensar que seus filhos e alunos sejam bullies ou apresentem outros desvios do comportamento por terem uma conduta antisocial. Às vezes, no entanto, ao nos aprofundarmos nos motivos de suas ações, descobrimos a presença de ansiedade social e de um medo extremo de serem julgados. Uma vez que isso ocorra, a intervenção terapêutica deverá ser totalmente diferente” diz Kashdan.

Kashdan e McKnight acreditam que ao aprofundarmos nosso conhecimento nas causas desse tipo de comportamento extremo nos ajudará a entender melhor como as pessoas interagem em sociedade.

“O mesmo pode ser dito em relação ao mundo dos adultos, nas disputas que ocorrem no ambiente de trabalho, nos relacionamentos amorosos e sociais. Facilmente nos enganamos em atribuir determinados comportamentos à impulsividade e agressividade. Na verdade, o que suspeitamos é que a ansiedade social é um problema latente para um grande número de pessoas”, diz Kashdan.

As pesquisas indicam que futuros estudos neste subgrupo podem ajudar os psicólogos a entender e melhor intervir nesses comportamentos.

“Experimentos recentes indicam que pessoas podem ser treinadas a fortalecer suas habilidades de autocontrole e assim melhor inibir sua impulsividade e regular melhor suas emoções, diz McKnight.

Resumindo, treinar as pessoas a melhor se controlarem, seja em seus hábitos, atividades físicas ou intelectuais, estimula sua força de vontade quando o seu auto-controle é testado com sucesso.






FONTE DE PESQUISA: http://www.aprendercrianca.com.br/informacao/desvendando-os-misterios-do-cerebro/maes-ajudam-os-filhos-a-desenvolverem-funcoes-executivas

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

ALFABETIZAÇÃO: UM CAMINHO A PERCORRER.


Por araripe em outubro 6, 2009 às 11:41 am

texto de Glória Maria Veríssimo Lopes Pisandelly

Nos cursos de Formação inicial de professores o que se observa é muita ênfase à teoria e quase nenhuma preocupação com a prática. Os futuros professores não são ensinados a ensinar. Eles não aprendem como alfabetizar.

Mas, para saber fazer algo é preciso antes saber o que é esse algo. Então: O que é Alfabetizar? Como alfabetizar? Qual o melhor método de alfabetização?

Comecemos pelo começo: Alfabetizar é ensinar o domínio do código alfabético. Nada mais é que ensinar a ler. Dar ao alfabetizando a chave para desvendar o mistério das letras e possibilitá-lo abrir a porta e adentrar o mundo letrado.

Concordamos com alguns autores quando afirmam que ler é ir além do acesso ao código linguístico, é compreender e aprender a partir do que lê. Porém, acreditamos que para ir além das montanhas é preciso passar por elas primeiro. Para chegar ao final da estrada é preciso fazer todo o caminho.

E para caminhar é preciso dar o primeiro passo. Então, como Alfabetizar?

Ler é basicamente identificar uma palavra. Segundo o professor José Morais1, a especificidade da alfabetização está em decodificar, ou seja, extrair a pronúncia ou o sentido de uma palavra a partir dos sinais gráficos (ler) e, no sentido inverso, codificar, transformar em sinais gráficos os sons correspondentes a uma palavra (escrever). Concordamos com o Professor João Batista2 quando afirma que o que é específico à alfabetização é a identificação da palavra e não a compreensão, pois esta o alfabetizando já traz consigo em sua leitura de mundo, independente do nível de escolaridade.

Mas como proceder à alfabetização em leitura? Utilizando métodos ou estratégias de aprendizagem. Pode-se definir método como um conjunto de regras e princípios normativos que regulam uma determinada atividade. No nosso caso, o ensino da leitura.

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Os métodos de alfabetização podem ser classificados de acordo com o processo que cada um enfatiza: O processo de análise ou de síntese. Vale ressaltar que análise e síntese sempre estão associadas. A questão consiste na priorização ou valorização de um dos aspectos abordados. A análise ou a síntese.

Partindo do pressuposto acima os métodos de alfabetização historicamente considerados, agrupam-se em: Método Sintético ou Fônico e Método Analítico ou Global.

Há anos no Brasil discute-se qual o melhor método de alfabetização e esta discussão pode ser comparada a um “cabo de guerra”. De um lado o método fônico e do outro o método global.

O método fônico ou sintético parte das letras e dos sons para formar sílabas, palavras e frases.

Ao contrário, o método global ou analítico consiste na ideia de partir do todo para as partes, inicia na frase para chegar à palavra. Sua característica principal é a visualização na qual o aluno é estimulado a identificar algumas palavras associadas as suas imagens visuais. O alfabetizando é encorajado a comparar frases e encontrar palavras idênticas ou sílabas parecidas para que a partir daí, em um processo de dedução, consiga discriminar os signos gráficos do sistema alfabético. Percebe-se, por suas características, que o método global centra-se no alfabetizando que, sozinho tem que “descobrir” as semelhanças entre as palavras ou partes destas e, ainda sozinho, “deduzir” que tais partes se repetem em outras palavras. Todo o trabalho é feito pelo aluno que fica com uma carga cognitiva além de suas capacidades. Ora, aprender a ler é difícil. O aluno, em seus primeiros passos, necessita de um ensino diretivo e sistemático que o leve a refletir sobre o funcionamento do sistema de escrita da língua. E nesse momento a intervenção do educador é de extrema importância.

O método fônico favorece o princípio alfabético, isto é, a relação grafema – fonema. Na alfabetização pelo método fônico o aluno é levado, através da mediação pelo professor, a analisar os componentes mínimos da palavra – as letras e relacioná-las aos sons correspondentes. Essa é a chave para a decodificação e a partir dela o alfabetizando é capaz de ler – e não deduzir - qualquer palavra que se lhe apresente.

Podemos usar como exemplo as palavras cebola e cabelo. Uma criança alfabetizada pelo método fônico analisa a primeira letra de cada palavra e percebe que mesmo sendo a mesma letra elas representam sons diferentes. Procede assim para cada uma das letras e lê as palavras.

No método global o alfabetizando é levado a perceber a palavra como um todo, sem analisar as partes que a compõem. Assim, a criança é apresentada a uma dessas palavras (Cabelo, por exemplo) diversas vezes até que esta esteja gravada em sua memória lexical. Finalmente, a criança é capaz do reconhecimento automático da palavra, mas não por tê-la decodificado e sim por memorização da forma da palavra. Se a mesma criança for apresentada à palavra Cebola ela vai perceber a forma idêntica e lerá “Cabelo

Essa criança irá precisar sempre de um apoio ou de uma pista do contexto que lhe “traduza” uma palavra nova até que esta esteja arquivada em sua memória lexical.

A leitura por “adivinhação contextual” permite mais “adivinhar” o significado do que a pronúncia correta da palavra. Vejamos os exemplos – ambos verdadeiros: A criança foi apresentada à palavra TATU seguida da ilustração. A criança viu as letras, reconheceu-as, mas não conseguiu pronunciar-lhes os sons, então recorreu à gravura. Na região onde vive, aquele animal e conhecido por “peba”. Então ela vê a palavra TATU, mas lê “peba”. Outro exemplo é o da criança que, incentivada a ler a palavra ELE, lê “banheiro” e explicou que é essa palavra que está escrita na porta do banheiro da escola.

Há consenso entre muitos autores nacionais e internacionais que na leitura são utilizadas duas rotas: a fonológica e a lexical.

Na rota fonológica, a pronúncia da palavra é construída a partir de regras de correspondência grafo-fonêmica. O acesso ao significado (se houver) é alcançado depois, quando a forma auditiva da palavra é reconhecida. A rota fonológica é que nos permite ler palavras desconhecidas ou mesmo pseudopalavras.

A rota lexical só pode ser utilizada quando a palavra a ser lida já tem sua representação ortográfica pré-armazenada no léxico mental (repertório ou arquivo de palavras conhecidas)

Quando o leitor se depara com uma palavra nova ele a decodifica (usa a rota fonológica) e a partir daí ela deixa de ser nova e passa a fazer parte de seu “arquivo” lexical.

Nos processos iniciais da alfabetização, a memória lexical do alfabetizando é quase vazia. As poucas palavras que é capaz de reconhecer são aquelas apreendidas pela leitura logográfica (reconhecida pela forma, pelo “desenho”) como algumas marcas – NESCAU, COCA-COLA, NINHO, etc. além de seu próprio nome.

[[Um leitor iniciante, isto é, um alfabetizando, utiliza basicamente a rota fonológica. A lexical só pode ser usada quando este encontra com uma palavra já decodificada e armazenada.

Um leitor proficiente utiliza-se das duas rotas, porém a rota lexical e bem mais usada, pois sua memória lexical é bastante rica. A rota fonológica só é acionada quando esse leitor se defronta com uma palavra nova ou pouco freqüente na sua língua que precisa ser decodificada.

Faça um teste: leia as palavras a seguir:

MEDICINA – CALEIDOSCÓPIO – OTORRINOLARINGOLOGIA – EXEMPLAR

Essas são palavras conhecidas e já estão gravadas no seu léxico mental, por isso você as leu com facilidade.

Agora leia:

TEMPOROMASSETÉRICO – PSICODISLÉPTICO – TENIOPTERIGÍDEOS

Essas são palavras desconhecidas ou pouco usadas, às quais você não tem muita familiaridade e por isso precisou parar para decodificar cada uma. Ao decodificá-las você usou a subvocalização (sussurrou), pois precisou ouvir-lhes o som e repeti-las para armazená-las.

Comparando-se a memória lexical a um arquivo com muitas gavetinhas (uma para cada palavra aprendida), pelo método global o arquivamento de cada palavra nova é mais demorado que pelo método fônico, pois se as “pistas” contextuais não existirem ou não forem suficientes, a palavra não poderá ser “descoberta” naquele momento e não será arquivada.

O método fônico dá ao alfabetizando a chave para realmente ler qualquer palavra, mesmo as que não tem significado. Ao ser apresentada pela primeira vez a palavra é decodificada (sem a necessidade de pistas do texto) e a partir daí deixa de ser nova e após várias leituras ela já fica gravada ou “arquivada” na memória lexical. Uma palavra já arquivada pode ser recuperada facilmente. Esse reconhecimento automático é que proporciona uma leitura fluente que, por sua vez leva à compreensão do texto lido.

Não se pretende aqui afirmar que o método global não funciona. Porém, é comprovado que sua aplicação sobrecarrega a memória cognitiva do alfabetizando que ainda se encontra em processo de construção do seu léxico. Sabemos que essa construção acontece e se fortalece a partir das relações interpessoais da criança ao fazer uso social da língua. Então, para que a criança aprenda a partir dele é necessário que ela esteja imersa em um meio que favoreça a leitura. Onde ela possa ter acesso a material impresso variado e conviva com adultos usuários de um padrão culto de linguagem que a ajudem no reconhecimento de palavras novas. Isso ocorre nas classes sociais mais abastadas.

Nós que lidamos com crianças das escolas públicas, oriundas de meios sociais menos favorecidos, somos testemunhas que a alfabetização pelo método fônico amplia as oportunidades dessas crianças de se apropriarem das ferramentas que a leitura proporciona. Essas ferramentas é que são as responsáveis pela inserção no mundo letrado.

O objetivo da alfabetização é ensinar a ler e formar leitores proficientes, porém para atingirmos esse objetivo não devemos esquecer do processo.

O mestre não leva seu discípulo a adentrar a mansão de seu saber, não o faz ver o que seus olhos veem. Antes ele o ensina a trilhar o caminho que o conduz à sua própria mansão, a ver com seus próprios olhos e desvendar, por si mesmo, o maravilhoso mundo das palavras.

O método fônico favorece o princípio alfabético, isto é, a relação grafema – fonema. Na alfabetização pelo método fônico o aluno é levado, através da mediação pelo professor, a analisar os componentes mínimos da palavra – as letras e relacioná-las aos sons correspondentes. Essa é a chave para a decodificação e a partir dela o alfabetizando é capaz de ler – e não deduzir - qualquer palavra que se lhe apresente.

Podemos usar como exemplo as palavras cebola e cabelo. Uma criança alfabetizada pelo método fônico analisa a primeira letra de cada palavra e percebe que mesmo sendo a mesma letra elas representam sons diferentes. Procede assim para cada uma das letras e lê as palavras.

No método global o alfabetizando é levado a perceber a palavra como um todo, sem analisar as partes que a compõem. Assim, a criança é apresentada a uma dessas palavras (Cabelo, por exemplo) diversas vezes até que esta esteja gravada em sua memória lexical. Finalmente, a criança é capaz do reconhecimento automático da palavra, mas não por tê-la decodificado e sim por memorização da forma da palavra. Se a mesma criança for apresentada à palavra Cebola ela vai perceber a forma idêntica e lerá “Cabelo”.

Essa criança irá precisar sempre de um apoio ou de uma pista do contexto que lhe “traduza” uma palavra nova até que esta esteja arquivada em sua memória lexical.

A leitura por “adivinhação contextual” permite mais “adivinhar” o significado do que a pronúncia correta da palavra. Vejamos os exemplos – ambos verdadeiros: A criança foi apresentada à palavra TATU seguida da ilustração. A criança viu as letras, reconheceu-as, mas não conseguiu pronunciar-lhes os sons, então recorreu à gravura. Na região onde vive, aquele animal e conhecido por “peba”. Então ela vê a palavra TATU, mas lê “peba”. Outro exemplo é o da criança que, incentivada a ler a palavra ELE, lê “banheiro” e explicou que é essa palavra que está escrita na porta do banheiro da escola.

Há consenso entre muitos autores nacionais e internacionais que na leitura são utilizadas duas rotas: a fonológica e a lexical.

Na rota fonológica, a pronúncia da palavra é construída a partir de regras de correspondência grafo-fonêmica. O acesso ao significado (se houver) é alcançado depois, quando a forma auditiva da palavra é reconhecida. A rota fonológica é que nos permite ler palavras desconhecidas ou mesmo pseudopalavras.

A rota lexical só pode ser utilizada quando a palavra a ser lida já tem sua representação ortográfica pré-armazenada no léxico mental (repertório ou arquivo de palavras conhecidas)

Quando o leitor se depara com uma palavra nova ele a decodifica (usa a rota fonológica) e a partir daí ela deixa de ser nova e passa a fazer parte de seu “arquivo” lexical.

Nos processos iniciais da alfabetização, a memória lexical do alfabetizando é quase vazia. As poucas palavras que é capaz de reconhecer são aquelas apreendidas pela leitura logográfica (reconhecida pela forma, pelo “desenho”) como algumas marcas – NESCAU, COCA-COLA, NINHO, etc. além de seu próprio nome.

Um leitor iniciante, isto é, um alfabetizando, utiliza basicamente a rota fonológica. A lexical só pode ser usada quando este encontra com uma palavra já decodificada e armazenada.

Um leitor proficiente utiliza-se das duas rotas, porém a rota lexical e bem mais usada, pois sua memória lexical é bastante rica. A rota fonológica só é acionada quando esse leitor se defronta com uma palavra nova ou pouco freqüente na sua língua que precisa ser decodificada.

Faça um teste: leia as palavras a seguir:

MEDICINA – CALEIDOSCÓPIO – OTORRINOLARINGOLOGIA – EXEMPLAR

Essas são palavras conhecidas e já estão gravadas no seu léxico mental, por isso você as leu com facilidade.

Agora leia:

TEMPOROMASSETÉRICO – PSICODISLÉPTICO – TENIOPTERIGÍDEOS

Essas são palavras desconhecidas ou pouco usadas, às quais você não tem muita familiaridade e por isso precisou parar para decodificar cada uma. Ao decodificá-las você usou a subvocalização (sussurrou), pois precisou ouvir-lhes o som e repeti-las para armazená-las.

Comparando-se a memória lexical a um arquivo com muitas gavetinhas (uma para cada palavra aprendida), pelo método global o arquivamento de cada palavra nova é mais demorado que pelo método fônico, pois se as “pistas” contextuais não existirem ou não forem suficientes, a palavra não poderá ser “descoberta” naquele momento e não será arquivada.

O método fônico dá ao alfabetizando a chave para realmente ler qualquer palavra, mesmo as que não tem significado. Ao ser apresentada pela primeira vez a palavra é decodificada (sem a necessidade de pistas do texto) e a partir daí deixa de ser nova e após várias leituras ela já fica gravada ou “arquivada” na memória lexical. Uma palavra já arquivada pode ser recuperada facilmente. Esse reconhecimento automático é que proporciona uma leitura fluente que, por sua vez leva à compreensão do texto lido.

Não se pretende aqui afirmar que o método global não funciona. Porém, é comprovado que sua aplicação sobrecarrega a memória cognitiva do alfabetizando que ainda se encontra em processo de construção do seu léxico. Sabemos que essa construção acontece e se fortalece a partir das relações interpessoais da criança ao fazer uso social da língua. Então, para que a criança aprenda a partir dele é necessário que ela esteja imersa em um meio que favoreça a leitura. Onde ela possa ter acesso a material impresso variado e conviva com adultos usuários de um padrão culto de linguagem que a ajudem no reconhecimento de palavras novas. Isso ocorre nas classes sociais mais abastadas.

Nós que lidamos com crianças das escolas públicas, oriundas de meios sociais menos favorecidos, somos testemunhas que a alfabetização pelo método fônico amplia as oportunidades dessas crianças de se apropriarem das ferramentas que a leitura proporciona. Essas ferramentas é que são as responsáveis pela inserção no mundo letrado.

O objetivo da alfabetização é ensinar a ler e formar leitores proficientes, porém para atingirmos esse objetivo não devemos esquecer do processo.

O mestre não leva seu discípulo a adentrar a mansão de seu saber, não o faz ver o que seus olhos veem. Antes ele o ensina a trilhar o caminho que o conduz à sua própria mansão, a ver com seus próprios olhos e desvendar, por si mesmo, o maravilhoso mundo das palavras.

FONTE DE PESQUISA: http://clubesdeleitura.com.br/araripe/2009/10/06/alfabetizacao-um-caminho-a-percorrer/

O que é Léxico Mental?


O nosso Léxico Mental [em inglês, Mental Lexicon] é o que nos ajuda a compreender como o cérebro armazena o vocabulário que aprendemos em nossa língua [e também em um língua estrangeira]. Para comprovar isto, veja a atividade abaixo! Nela há algumas sentenças com espaços em branco, complete os espaços com a primeira palavra que vir à cabeça; desde que faça sentido na sentença:


01. O presidente disse que todas as acusações não passam de intriga da ....................

02. Como o produto estava danificado, eu o devolvi e pedi meu dinheiro de ...................

03. Eu acho que vale a .................. fazer um curso no exterior.

04. Se ela acha que vou ajudar, ela está redondamente ....................

05. Depois de muitos e muitos anos, um terrível segredo de família acabou .................... à tona.

Veja que com o contexto certo, o seu cérebro foi capaz de “puxar” a palavra que está faltando. As repostas mais frequentes e esperadas são oposição, volta, pena, enganada e vindo, respectivamente. Caso alguém resolva mudar mudar as palavras nestas sentenças causará risos em que lê ou ouve. Ou seja, nós entenderemos o que a pessoa quis dizer, embora compreendamos automaticamente que algo está “estranho”.

Isto se dá por que nosso Léxico Mental está em ação o tempo todo. Isto significa que nosso cérebro possui um repositório – uma espécie de arquivo mental – que guarda estas expressões – conhecidas como Itens Lexicais [Lexical Items ou chunks of language]. Quando alguém usa uma combinação ou outra de modo diferente ou com outra palavra - mesmo que sinônima - a reação é estranha e engraçada.

De acordo com neurocientistas cerca de 80% a 85% do vocabulário [léxico] armazenado em nossa mente – ou seja, em nosso Léxico Mental – está organizado como expressões prontas e semi-prontas, sentenças completas, collocations, polywords, frases fixas e semi-fixas. O restante [menos de 15%] é ocupado por palavras isoladas. É por esta razão que somos capazes de fazer a atividade acima sem maiores dificuldades. Experimente dar esta atividade a um estrangeiro que tenha algum conhecimento de língua portuguesa e veja como ele ou ela se sai.

Tudo isto mostra que seu Léxico Mental é a parte do seu cérebro que armazena palavras isoladas, expressões prontas, frases fixas e semi-fixas, que usamos com maior frequência em nossa língua. É graças ao Léxico Mental que somos capazed de entender o texto abaixo, embora estejam faltando algumas palavras:

“É totalmente desnecessário ___________ que todos nós precisamos evitar a poluição dos mananciais; devemos também economizar a ___________ tratada. Deixar a torneira ___________ enquanto escovamos os ___________ nos coloca na lista dos responsáveis. Atitudes de respeito e preservação do meio ___________, em particular o uso racional da água, podem ser desenvolvidas em atividades em sala de ___________. Podemos contribuir de várias formas para a preservação da água, elemento essencial à vida na ___________”

Escreva as palavras que faltam no texto e depois poste-as na área de comentários deste post e vamos ver como anda o seu Léxico Mental. Você poderá se surpreender! Caso conheça algum estrangeiro que esteja no Brasil já há algum tempo, teste-o e veja o resultado! Compare as respostas! O resultado será curioso e a reação das pessoas também!

FONTE DE PESQUISA: http://www.listown.com/rssdetial/159592.htm

As neurociências cognitivas.

Voltado às necessidades específicas de estudantes de graduação e pós-graduação, este manual consagra especial atenção à organização do sistema nervoso, a fim de facilitar a compreensão dos modelos de funcionamento cognitivo (percepção, memória, linguagem, atenção). Ele apresenta também os grandes princípios dos métodos de imageria cerebral, pontuando as diferenças da organização do cérebro masculino e do feminino, e finaliza com uma abordagem da temática atualmente muito discutida, da relação entre emoção e cognição.


Sumário:

1. As neurociências cognitivas

Algumas definições

Breve histórico das pesquisas sobre o cérebro

II. Organização do sistema nervoso

Organização microscópica: o tecido nervoso

Os sinais neurais

Organização macroscópica: subdivisões anatômicas e funcionais do sistema nervoso

III. Os métodos de imageria cerebral

Os métodos diretos: EEG e MEG

Os métodos indiretos: TEP e IRMf

IV. Percepção de alto nível: o caso da visão

Do órgão sensorial ao córtex sensorial

Do córtex estriado às áreas sensoriais: as vias do "onde" e do "o que"

O caso particular do reconhecimento facial

V. Memória

Diferentes tipos de memória

Estruturas e circuitos

As bases celulares da memória

VI. A linguagem

Contexto teórico

A primeira descoberta de áreas da linguagem e as afasias

A contribuição do modelo do cérebro bipartido (split-brain)

O léxico mental

Compreensão da linguagem

Produção da linguagem oral

Lateralização da linguagem

VII. A atenção

Revisão de algumas noções associadas ao conceito de atenção

A atenção visuo-espacial

Atenção seletiva: visual/auditiva

Os modelos cerebrais da atenção

VIII. Especialização hemisférica e diferenças entre o cérebro masculino e o cérebro feminino

Assimetria hemisférica

As diferenças homens/mulheres

IX. Emoção e cognição

Do estresse à vigilância: as premissas

Os mecanismos das emoções

Emoção e cognição

FONTE DE PESQUISA:  https://clickbooks.websiteseguro.com/product_info.php?products_id=1048&osCsid=rdupul5von5rmf2k1mbandc6k3