sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Diferença entre autoridade e autoritarismo


A geração que compõe os pais de hoje é famosa por deixar os filhos fazerem o que querem sem repreensão alguma.
No entanto, também existem os casais que, ao contrário, usam de qualquer artifício para que seus pequenos obedeçam e reconheçam autoridade neles. Alguns pais e mães chegam a exagerar, punindo crianças e adolescentes em excesso, esquecendo de que eles são seres em formação.


Isso acontece quando os adultos confundem autoridade com autoritarismo.

E será que os dois termos são mesmo diferentes? Para Maria Irene Maluf, especialista em Psicopedagogia e em Educação Especial e coordenadora do Curso de Especialização em Neuropedagogia do Instituto SaberCultura, a resposta é sim. "Autoridade não é palavrão. Autoritarismo sim, pois é uma autoridade sem justificativa, que não leva à autonomia e nem à responsabilidade".

Ela explica que agir com autoritarismo é fazer as coisas sem coerência e fundamento. Isso gera medo, raiva, afastamento e desvalorização no filho que foi repreendido dessa forma. "Por esse motivo, as crianças muitas vezes só obedecem se temem grandes castigos, mas certamente não por terem desejo de copiar o modelo familiar e muito menos porque internalizaram valores que as tornarão autônomas, seguras e competentes".

Mais uma vez o fato de os pais serem exemplos de vida e de conduta para suas crianças tem um peso imenso. Quando os responsáveis têm autoridade, são capazes de ensinar o que acreditam ser o melhor caminho a elas; porém, quando não passam valores concretos, acabam confundindo os pequenos e não conseguem definir o que é realmente correto. Assim, estarão formando adolescentes e adultos inseguros.

Para criar bem um filho, a mãe ou pai precisa ter consciência da importância de suas atitudes. Se eles ora proíbem ora permitem determinado comportamento, por exemplo, passam uma mensagem de falta de coerência. Isso será absorvido e levado pela criança boa parte da vida dela. "A observação dos múltiplos exemplos diários da forma de agir dos pais e das consequências desses comportamentos, influencia durante toda a infância a internalização dos valores éticos e morais privilegiados por sua família", diz Maria Irene.

Claro que há momentos em que será necessária a repreensão. Mas precisam ser usados com moderação e aplicados num momento em que o adulto esteja calmo. "Essas atitudes têm realmente o poder de fazê-las parar momentaneamente, principalmente se são usadas esporadicamente pelos pais, mas não têm a vantagem de ensinar novas posturas e comportamentos à criança. Assim elas não desenvolvem responsabilidade e nem autonomia", alerta a especialista.

Como os pais também são seres humanos - e não são perfeitos, claro - eles vão errar. Aí é preciso ter jogo de cintura para ensinar aos pequenos que as regras têm exceções. "Exemplo: se o pai dirigir sempre de modo adequado e em um determinado dia não o fizer dessa forma, a criança ficará confusa se não conhecer a razão de tal comportamento. Se o pai for uma pessoa que age de acordo com os princípios que prega, terá uma explicação coerente para sua atitude e a criança começará a perceber que existem regras e que as exceções justificam a existência e a necessidade de tais normas", fala Maria Irene.

É natural para os filhos ver nos pais a principal referência. Portanto, se os responsáveis agem com coerência, autocontrole e responsabilidade, a chance deles respeitarem sua autoridade aumenta. E, de quebra, eles crescem com mais convicções - e menos crises.

Fonte: Priscilla Nery (MBPress)
http://www.expressomt.com.br/noticiaBusca.asp?cod=89163&codDep=3

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