terça-feira, 13 de setembro de 2011

Filho superprotegido.



Neste artigo vamos tratar de um assunto delicado, mas muito necessário. Para entendê-lo é preciso ler com atenção.


Percebemos claramente no nosso trabalho quão difícil é para o filho superprotegido se dar bem na vida. Além do mais, esta questão a nível psicocientífico é comprovadamente uma realidade: as relações de afeto originadas em filhos superprotegidos, especialmente em filho único.

O Dr. G. Stanley Hall, notável psicólogo americano, afirmava que "ser superprotegido ou ser filho único é, em si mesmo, uma doença". Esta afirmação tão radical poderá ser considerada com muita porcentagem de verdade a nível psíquico. A nível socioeconômico, tem a vantagem dos pais concentrarem no filho único os seus recursos de tempo e especialmente de dinheiro, tornando-lhe tanto quanto possível a caminhada existencial demasiadamente fácil, tornando-o freqüentemente egocêntrico, caprichoso. Parece possuir tudo, toda a superproteção e apoio material, mas, à medida que cresce, instala-se no seu íntimo um vazio, uma sensação de não saber que rumo tomar. Fica inquieto e insatisfeito e tende a maltratar, principalmente o pai.

Os pais são para o filho os referenciais mais poderosos de apoio e segurança. É necessário cuidar dessa confiança, deixar que por si só crie seus alicerces para um crescimento normal, evitando discussões e conflitos na frente da criança, o que a torna insegura, com medo e desprotegida. Deve-se evitar também entrar em desacordo, em desautorização no processo educacional utilizado. Jamais utilizar o recurso da mentira, e deverá haver sempre uma explicação com base verdadeira, seja para o que for, adaptada a uma mente infantil. Esta situação deve ser cuidada especialmente entre os 2 e 7 anos de idade, período de tempo em que as impressões se gravam mais profundamente na mente da criança. Nunca se deve tratar os questionamentos da criança com desatenção, pois a criança capta as coisas no ar, têm dúvidas, procura copiar o que os adultos fazem. Ela entende e sente além de nós, motivo pelo qual as orientações devem ser claras.

A perda da confiança nos seus mais poderosos referenciais conduz a criança também à mentira, à insegurança (as fontes seguras de apoio falharam), provocando uma rebeldia que poderá afetar ao longo da vida. A criança é um verdadeiro radar que capta o real, mesmo parecendo distraída. E, muitas vivências captadas durante a infância, passam para o inconsciente e, mais tarde, as situações traumáticas afloram e criam personalidades distorcidas, mentes confusas e desencontradas.

Nunca se deve repreender nem castigar uma criança na presença de outras pessoas, intimidando-a, introvertendo-a. É preciso entender a forma de pensar da criança, onde muitas vezes não cabe repreensão ou castigo injusto. A mente infantil fica confusa e deformada, e é deveras humilhante e revoltante receber uma repreensão, principalmente em público. Essas são normas básicas da psicologia educacional, mas são tão importantes para o desabrochar no crescimento da criança, pois são noções que a conduzem à construção ou à destruição.

Normalmente, o filho único ou até o filho mais novo na hierarquia familiar, sofre de superproteção: é mimado, e como consequencia, cria-se laços excessivos de dependência que podem ser reforçados e explorados mais conscientemente pela própria criança, a fim de conservar o seu estado de favorito.

Superproteção é dar à criança o que ela não necessita, e as conseqüências são tristes. Em regras gerais, a criança mais inteligente cria um anseio premente de independência e libertação, que a conduz a caminhos desencontrados da sua real necessidade. O menos inteligente, mais amedrontado, que não vivencia tão fortemente a rebeldia, acomoda-se, anula-se e segue dependente, inseguro e permanentemente angustiado.

Quantas mulheres frustradas sentimentalmente, afetivamente solitárias, separadas ou mães solteiras fixam-se no filho, ou filhos, como propriedade. Fazem isso porque é o que elas têm para minimizar a solidão de amor. Por vezes a filha é bem pequena, na sua infância ainda, e a mãe comete o absurdo de torná-la sua confidente, contando suas frustrações de mulher e criando um mundo de culpas contra o pai.



O filho ou filha única suporta todas as cargas, e tendo tudo. Mas, normalmente nunca tem uma infância própria, e na adolescência continua vivendo em função da problemática mãe solitária ou queixosamente doente, quase sempre não dormindo preocupado com o que pode acontecer. Simultaneamente há a desastrosa superproteção, em que a criança nada tem que ajudar, porque está tudo feito, não há responsabilidade de tarefas, há um controle ansioso, um cuidado excessivo que tira da criança a oportunidade de crescer. Então, o jovem mais tarde tenta fugir.

O filho superprotegido, na adolescência ou até mesmo na vida adulta pode tornar-se indolente, exigente, inseguro, mascarado e com atitudes de arrogância, pouco responsável, egoísta, sem defesas psíquicas e sempre fixado especialmente na mãe como referencial seguro onde se pode acolher. Pode, e acontece freqüentemente, tornar-se um adulto insatisfeito, complexado, infeliz e facilmente sujeito à neuroses depressivas (todas estas situações são de análise com base na psicanálise sistêmica e na ciência psíquican pelos diversos casos tratados no IPTH).

Porém, os pais não fazem melhor por ignorância, somatizada ao longo dos séculos. A ignorância da psicologia educacional é a causa primordial de muitas enfermidades psíquicas que podem desencadear graves psicossomatizações, e naturalmente poderiam ser evitadas, desde que haja orientações voltadas à família a respeito de como tratar corretamente o filho. E neste ponto, a estrutura sócio-educacional peca.

Não dar limites ao filho não significa dar Vida. É necessário aprender a ciência única – a ciência da boa vivência familiar – que conduz ao encontro do verdadeiro "Eu", à afinidade vibratória com os sentimentos nobres com que cada ser humano nasce e pode desenvolver. E talvez a Paz pudesse um dia ser uma realidade vivida e sentida na generalidade do Universo Humano, começando dentro dos nossos próprios lares.



Dr. Celso Scheffer

FONTE DE PESQUISA: http://www.ipth.com.br/site/publicacoes/artigos/7-artigos/61-filhos-superprotegidos.html

Um comentário:

  1. Como melhorar isso? ou seja depois que adulto esta formado e fragilizado o que devemos fazer pra re adequar

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