quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Anísio Teixeira


Anísio Teixeira

“Só existirá democracia no Brasil no dia em que se montar, no País, a máquina que prepara as democracias. Essa máquina é a da escola pública.”

Aos 12 de julho de 1900, nascia, em Caetité (BA), Anísio Spínola Teixeira, filho de uma família de fazendeiros. Em Caetité e em Salvador, estudou em colégios jesuítas. Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais, no Rio de Janeiro, em 1922.

Anísio Teixeira, além de educador teórico, foi um bom administrador; entre os anos de 1924 a 1929, ocupou o cargo de inspetor-geral do ensino da Secretaria do Interior, da Justiça e Instrução Pública no Estado da Bahia.

Em 1928, estudou na Universidade de Columbia, em Nova York, onde conheceu o pedagogo John Dewey. Influenciado pelas visões de John Dewey, Anísio Teixeira vê a necessidade de uma teoria educacional indissociável de um saber prático. Dewey concebia a educação como um processo que recria ou reconstrói o educando por meio da experimentação e propunha a educação em e para o educando.

Comungando com as idéias desse pedagogo americano, Anísio Teixeira torna-se um dos precursores da visão de John Dewey no campo educacional brasileiro. Segundo ele, o ambiente social é fundamental na Escola. Para ele, a família já não educava como no passado, e cabia à instituição “Escola” ter tal posição, diagnosticando e aplicando os meios curativos necessários.

Na sua vida de administrador, abraçou o cargo de diretor–geral de instrução pública na cidade do Rio de Janeiro (1931). Em sua gestão, criou uma rede municipal de ensino completa, que ia da escola primária à universidade.

Em 1935, concebeu e gerou a Universidade do Distrito Federal (UDF), que reunia os educadores mais brilhantes do Brasil, tais como: Afrânio Peixoto, Gilberto Freyre, Hermes Lima, Roquette Pinto. Ao lado da Universidade de São Paulo (USP), inaugurada no ano seguinte, a UDF mudou o ensino superior brasileiro, porém, teve a sua trajetória interrompida, quando foi extinta em 1939, durante o Estado Novo.

No período do governo de Getúlio Vargas, Anísio foi afastado da vida pública. Suas atividades permaneceram no campo da tradução de livros e correspondência com amigos e educadores, viveu assim até o final do período do Estado Novo, em 1945. Em 1946, ele assumiu, na Unesco, o cargo de conselheiro da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura.

Reaparece, em 1947, no cenário educacional brasileiro, quando convidado pelo governador da Bahia, Otávio Mangabeira, a assumir a Secretaria de Educação e Saúde em Salvador (1945-1950), agora com mais liberdade para os seus projetos pedagógicos.

Foi, também, secretário de Educação e Saúde da Bahia (1947-1950) e, durante a sua gestão, organizou os conselhos municipais de educação e fundou o Centro Educacional Carneiro Ribeiro, conhecido como Escola-parque. Essa escola procurava oferecer à criança uma educação ativa e integral, que ia da alimentação até a preparação para o trabalho e a cidadania (bem próximo do contexto de Dewey). O modelo da Escola-parque passou a ser considerado parâmetro internacional e divulgado pela Unesco em outros países.

Entre os anos de 1951 e 1964, assumiu o cargo de diretor do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos – Inep, e de secretário-geral da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes.

No ano de 1955, investiu na criação do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais – CBPE, e na criação da Universidade de Brasília – UnB, fundada em 1961. Coube a Darcy Ribeiro a condução do projeto da universidade, oferecido pelo próprio Anísio Teixeira, que o considerava seu amigo e sucessor.

Em 1962, tornou-se membro do Conselho Federal de Educação e, em 1964, Reitor da UnB. A sua meta era a reconstrução de uma escola pública e gratuita nos diversos níveis. Com o golpe de 1964, foi afastado do cargo, o que o fez partir para os Estados Unidos, onde lecionou nas universidades de Columbia e da Califórnia.

Em 1965, voltou ao Brasil e, em 1966, tornou-se consultor da Fundação Getúlio Vargas – FGV.

Na cidade do Rio de Janeiro, aos 11 de março de 1971, foi encontrado, no poço do elevador de um edifício no começo da Avenida Rui Barbosa, o corpo do educador Anísio Teixeira. A sua família suspeita de que ele possa ter sido vítima da repressão do governo do general Emílio Garrastazu Médici, mas, para a polícia, foi uma morte acidental.

O que fica para nós é o exemplo de um educador íntegro e preocupado com a educação do seu país. Anísio Teixeira entendia que a educação não era apenas um fenômeno escolar, mas um fenômeno social que se processava permanentemente em toda a sociedade. Nas suas palavras: a Escola era “a instituição conscientemente planejada para educar”.

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