quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Recusa em não ir à escola pode não significar uma simples preguiça

Recusa em não ir à escola pode não significar uma simples preguiça


quarta, 16.09.2009, 08:39pm (GMT-3)

Mãe, não quero ir à escola hoje!" Na maioria das vezes, essa reclamação das crianças é entendida pelos pais como uma manifestação de preguiça de estudar. Mas, se o hábito se repete com frequência e o rendimento em sala de aula caiu, vale observar.




A dificuldade no aprendizado ou a falta de vontade de ir à escola pode sinalizar a insegurança da criança diante de alguma situação ou até problemas mais graves como dislexia ou até depressão. "A primeira atitude a se tomar quando isso acontece é avaliar se há algo de errado dentro de casa", explica a terapeuta familiar Tânia Vieira.



Um novo acontecimento pode interferir no comportamento da garotada. A chegada de um irmãozinho, a separação dos pais, a perda de um ente querido, do bichinho de estimação ou a aquisição de um brinquedo podem alterar o estado emocional da criança. Dependendo da situação, ela pode se sentir desmotivada, carente, solitária e tentar chamar a atenção dos pais negando o espaço escolar ou focar a atenção num videogame novo, por exemplo, fazendo com que não queira se afastar do objeto que tanto a seduz.



Diante da recusa de encarar os estudos, o segundo passo é conversar com a criança e perguntar como é a rotina dela na escola. Saber quais aulas e professores mais gosta, o que faz nas horas de descanso, como é a turma de amigos ajudam a desenhar a imagem que seu filho tem do ambiente de ensino. "Muitas vezes, o motivo é o desentendimento com algum colega ou problemas com um professor", diz a psicopedagoga Albertina Chraim. "Nesse caso, os pais devem procurar a escola e conversar com os educadores e com o diretor para encontrar uma solução."



Assumir a dificuldade é o primeiro passo para o entendimento

Quando o problema é de aprendizado, por exemplo, o importante é quebrar os preconceitos e detectar os motivos da dificuldade. "Embora a criança sinalize com sua indisposição que alguma coisa vai mal na escola, os pais muitas vezes têm dificuldade de entender o que realmente está acontecendo e geralmente acabam interpretando o gesto como preguiça ou frescura", diz Tânia. "Também ocorre de os pais perceberem que a criança está com dificuldades, mas preferirem não aceitar por medo da concepção que se tem de que inteligência e bom desenvolvimento escolar estão intrinsecamente ligados", explica ela.



Como detectar o problema?

De acordo com a psicopedagoga Patrícia Gouveia Ferraz, a melhor maneira de detectar se a criança tem problemas em aprender é prestar atenção na maneira como ela se comporta diante das tarefas escolares. "Observar se a criança lê muito perto do papel, se escreve na ordem invertida ou se tem dificuldade de prestar atenção na aula são atitudes primordiais para detectar problemas de ordem cognitiva, como dislexia e hiperatividade, ou algum distúrbio de visão, que podem gerar um sentimento de inferioridade na criança fazendo com que ela não queira ir à escola", afirma.



Super-proteção também atrapalha

Uma outra razão comum para a recusa da criança em estudar ou de seu baixo desempenho nas aulas é a super-proteção dos pais que, para evitar que os filhos sofram, resolvem todos os seus problemas e retiram deles a responsabilidade de enfrentar os obstáculos sozinhos, tornando-os inseguros e despreparados para lidar com as novidades. "A capacidade de autoconfiança da criança fica desestabilizada e ela tende a rejeitar tudo aquilo que supostamente a ameaça", explica a terapeuta Tânia Vieira.



Paz para estudar

Fenômeno muito comum nas escolas, o bullying também é um dos motivos que afasta crianças e adolescentes do colégio. Sem tradução para o português, o termo compreende todas as formas de agressão (física ou verbal) praticadas por um ou mais estudantes contra outro. Os ataques são realizados de maneira intencional e repetitiva sem motivação evidente e executados dentro de uma relação desigual de poder, causando dor, medo e angústia. Entre as ações características de bulliyng estão colocar apelidos ofensivos, humilhar, perseguir, machucar, dentre outras. "Quando se percebe que a criança está sendo vitima, o ideal é conversar com educadores, com a criança e, dependendo da gravidade do caso, procurar ajuda psicológica e até mudá-la de colégio", explica Patrícia.





Quatro dicas para ajudar seu filho a vencer os medos da escola

- Se o problema for ciúme do irmãozinho, a separação dos pais ou outros problemas familiares, mostre a ele que, por mais que o núcleo familiar tenha se alterado, o lugar dele de filho não mudou.



- Caso a dificuldade seja proveniente de motivações cognitivas, como dislexia, déficit de atenção ou hiperatividade, procure um especialista e converse com a criança para que ela entenda que não é diferente dos coleguinhas de sala, apenas tem mais dificuldade em uma habilidade, enquanto os outros também têm suas limitações.



- Evite sobrecarregar a criança sem antes observar se ela consegue dar conta de tantos afazeres. A indisposição pode ser resultado de cansaço mental e isso faz com que a rotina, que deveria ser prazerosa, se torne estressante e afaste seu filho da escola. "Às vezes, a sobrecarga é até positiva, pois a criança canaliza suas energias para o aprendizado, mas quando deixa de ser prazeroso para ser uma obrigação, pode trazer problemas mais sérios", afirma Tânia Vieira.



- Converse com educadores e psicopedagogos se suspeitar que a criança está sendo vítima de bullying para que, juntos, encontrem a melhor solução.

FONTE DE PESQUISA: http://www.correiodopovo-al.com.br/v2/index.php

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