domingo, 25 de outubro de 2009

O aluno superdotado também precisam de atendimento especializado .


O aluno superdotado pode se encaixar em qualquer perfil, desde o mais bagunceiro até o mais tímido.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) calcula que pelo menos 5% da população tem algum tipo de alta habilidade. No Brasil, até o ano passado, haviam sido identificados 2,5 mil jovens e crianças assim. Para dar um atendimento mais qualificado a esse público, o Ministério da Educação (MEC) criou em 2005 Núcleos de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação em todos os estados. Apesar de ainda pouco estruturados, esses órgãos que têm o papel de auxiliar as escolas quando elas reconhecem alunos com esse perfil em suas salas de aula.





Crianças superdotadas também precisam de atendimento especializado em sala de aula. Aprenda a identificá-las e como agir com elas

Trabalhar com alunos com altas habilidades requer, antes de tudo, derrubar dois mitos. Primeiro: esses estudantes, também chamados de superdotados, não são gênios com capacidades raras em tudo - só apresentam mais facilidade do que a maioria em determinadas áreas. Segundo: o fato de eles terem raciocínio rápido não diminui o trabalho do professor. Ao contrário, eles precisam de mais estímulo para manter o interesse pela escola e desenvolver seu talento - se não, podem até se evadir.


No Distrito Federal, tal serviço existe desde 1976 - razão pela qual a identificação de jovens com altas habilidades, embora ainda pequena, seja a maior do país. "Aprendi na prática que a superdotação é democrática e pode ocorrer em qualquer aluno, em qualquer local ou classe social e até naquele com alguma limitação física ou psíquica", afirma a atual coordenadora do projeto no Distrito Federal, Olzeni Leite Costa Ribeiro.


Assim como os estudantes diagnosticados com algum tipo de deficiência, os que têm altas habilidades precisam de uma flexibilização da aula para que suas necessidades particulares sejam atendidas, o que os coloca como parte do grupo que tem de ser incluído na rede regular de ensino. "O que devemos oferecer a eles são desafios", resume a presidente do Conselho Brasileiro de Superdotação, Susana Graciela Pérez Barrera Pérez.




Para ler, clique nos itens abaixo:


1. Como diagnosticar um superdotado? Mesmo nos casos em que não há a certeza de que o estudante tem altas habilidades, o estímulo do professor é bem-vindo. Foi o que pensou Sandra Nogueira quando percebeu o talento de Guilherme Oliveira de Souza, seu aluno da 7ª série da EE Odylo de Brito Ramos, em Teresina. Ela passava pelas fileiras quando notou um desenho muito bom no caderno. "Vi que ele tinha feito um em cada página. Era o conteúdo das aulas na frente e um desenho no verso."



Ela conversou com o garoto, tido como desinteressado pela maioria dos professores, e percebeu sua paixão por imagens. Nas semanas seguintes, apresentou materiais especiais, como pastel a óleo, bico de pena, nanquim e papel apropriado para desenho. "Ele aprendeu vários estilos", conta. Em História da Arte, Guilherme também se destaca. Quando Sandra pede um exemplo de pintura da fase que está sendo estudada, todos colam figuras recortadas - Guilherme reproduz. Em Ciências, ele ajudou a todos ao desenhar em uma parede uma grande flor decomposta, com todas as suas partes.



Recentemente, quando o Núcleo de Atividades de Altas Habilidades do Piauí esteve na escola e pediu aos educadores que ficassem atentos à possibilidade de alguns alunos terem altas habilidades, a professora indicou o garoto (que havia chegado até a 7ª série sem ser descoberto). "Agora, os colegas comentam que ele tem estado mais presente também nas outras disciplinas", afirma ela.



Denise Fleith, professora do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (Unb), tem pós-doutorado em altas habilidades no Reino Unido e é formadora de novos especialistas no Brasil. Ela também defende a criação de salas de recurso e acredita que o professor da classe regular pode contribuir com o enriquecimento do currículo. "Ele pode e deve apresentar ao aluno caminhos para o desenvolvimento de seu potencial, desde materiais para pesquisa até contatos de estudiosos dos assuntos." 2. Como identificar a superdotação? Reserve alguns minutos para listar os nomes dos alunos que logo vêm à sua mente quando você lê as descrições abaixo. Utilize essa lista (preparada pelo MEC) como uma "associação livre" e de forma rápida. É provável que você encontre mais do que um estudante em cada item. Quem exibir consistentemente vários dos comportamentos tem fortes chances de apresentar altas habilidades.



-Aprende fácil e rapidamente.



-É original, imaginativo, criativo, não convencional.



-Está sempre bem informado, inclusive em áreas não comuns.



-Pensa de forma incomum para resolver problemas.



-É persistente, independente, autodirecionado (faz coisa sem que seja mandado).



-Persuasivo, é capaz de influenciar os outros.



-Mostra senso comum e pode não tolerar tolices.



-Inquisitivo e cético, está sempre curioso sobre o como e o porquê das coisas.



-Adapta-se com bastante rapidez a novas situações e a novos ambientes.



-É esperto ao fazer coisas com materiais comuns.



-Tem muitas habilidades nas artes (música, dança, desenho etc.).



-Entende a importância da natureza (tempo, Lua, Sol, estrelas, solo etc.).



-Tem vocabulário excepcional, é verbalmente fluente.



-Aprende facilmente novas línguas.



-Trabalhador independente.



-Tem bom julgamento, é lógico.



-É flexível e aberto.



-Versátil, tem múltiplos interesses, alguns deles acima da idade cronológica.



-Mostra sacadas e percepções incomuns.



-Demonstra alto nível de sensibilidade e empatia com os outros.



-Apresenta excelente senso de humor.



-Resiste à rotina e à repetição.



-Expressa ideias e reações, frequentemente de forma argumentativa.



-É sensível à verdade e à honra. 3. Como trabalhar com superdotados? A professora Lucyana de Araújo Domingues de Andrade tem três superdotadas entre seus 35 alunos da Escola Classe 106 Norte, em Brasília. Beatriz foi identificada com altas habilidades em artes na 1ª série. Laura Helena teve a superdotação em conhecimentos gerais reconhecida quando estava na 2ª. E, este ano, Lucyana percebeu que Daniele tem interesse e capacidade acima da média em todas as disciplinas. Como o Distrito Federal conta com salas de recursos disponíveis na rede pública, as meninas têm acesso duas vezes por semana a atividades de estímulo no contraturno, o que não significa que deem mais sossego à professora.



"São ótimas alunas e, por isso mesmo, me dão mais trabalho do que os colegas", diz. Segundo ela, Beatriz chama a atenção quando faz atividades artísticas e as outras duas perguntam o tempo todo, lembram de detalhes de conteúdo antigo e são muito rápidas na execução de trabalhos. "Terminam em poucos minutos exercícios que entretêm a turma por duas horas", diz. Para mantê-las instigadas, Lucyana chega a dar quatro atividades a mais.



Em Matemática, por exemplo, ela usa folhetos de supermercado para trabalhar as quatro operações. Quando as meninas terminam, pede que aprofundem as questões, pensem como ficaria a conta se houvesse uma promoção ou quais produtos um cliente teria de deixar de comprar se tivesse menos dinheiro do que o valor final. Em Português, todos leram a fábula A Cigarra e a Formiga, de La Fontaine. Em seguida, escreveram os possíveis diálogos dos personagens - e as meninas com altas habilidades foram além. "Perguntei se hoje a cigarra poderia ganhar dinheiro cantando. E elas fizeram uma história a mais."



Lucyana também promove a integração ao pedir que as alunas auxiliem os que têm menor nível de conhecimento. "Às vezes, por explicar com a mesma linguagem infantil, elas conseguem bons resultados ou, pelo menos, percebem que cada um tem uma maneira de aprender", diz. Fora tudo isso, a sala dispõe de um varal de livros, para ser lidos nos intervalos ou quando alguém acaba a atividade antes que os outros. "A maioria pega os exemplares mais ilustrados para folhear. Elas não: leem livros que seriam para crianças mais velhas", conta. 4. Todos os superdotados são similares? Especialistas ressaltam que nem sempre esses alunos são os mais comportados e explicam que as altas habilidades são divididas em seis grandes blocos:



-Capacidade Intelectual Geral: crianças e jovens assim têm grande rapidez no pensamento, compreensão e memória elevadas, alta capacidade de desenvolver o pensamento abstrato, muita curiosidade intelectual e um excepcional poder de observação.



-Aptidão Acadêmica Específica: nesse caso, a diferença está em: concentração e motivação por uma ou mais disciplinas, capacidade de produção acadêmica, alta pontuação em testes e desempenho excepcional na escola.



-Pensamento Criativo: aqui se destacam originalidade de pensamento, imaginação, capacidade de resolver problemas ou perceber tópicos de forma diferente e inovadora.



-Capacidade de Liderança: alunos com sensibilidade interpessoal, atitude cooperativa, capacidade de resolver situações sociais complexas, poder de persuasão e de influência no grupo.



-Talento Especial para Artes: alto desempenho em artes plásticas, musicais, dramáticas, literárias ou cênicas, facilidade para expressar ideias visualmente, sensibilidade ao ritmo musical.



-Capacidade Psicomotora: a marca desses estudantes é o desempenho superior em esportes e atividades físicas, velocidade, agilidade de movimentos, força, resistência, controle e coordenação motora fina e grossa. 5. Onde buscar ajuda? O superdotado pode ter qualquer perfil, do mais bagunceiro ao braço direito da professora, passando pelo tímido. O que o torna diferente é a habilidade acima da média em uma área específica do conhecimento. Isso pode ter razões genéticas ou ter sido moldado pelo ambiente em que o aluno vive. Raramente, os superdotados têm múltiplas habilidades. Portanto, uma boa pista para encontrá-los é reparar no desempenho e no interesse muito maiores por um determinado assunto.



O professor deve desconfiar de estudantes com vocabulário avançado, perfeccionistas, contestadores, sensíveis a temas mais abordados por adultos e que não gostem de rotina. O Ministério da Educação montou um formulário com 24 frases que ajudam a identificar estudantes assim. Se você reconhece um de seus alunos como possível superdotado, procure o Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação na Secretaria de Educação de seu estado.



Os núcleos têm a obrigação de indicar uma psicopedagoga para avaliar se a criança ou o jovem têm mesmo uma alta habilidade - e encaminhá-lo ao programa oficial de estímulo, com atividades extraclasse e orientações para o professor e a família. Instituições não governamentais também apoiam professores e familiares que procuram ajuda para desenvolver talentos. Alguns exemplos são o Instituto Rogério Sternberg (www.irs.org.br), no Rio de Janeiro, e o Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Especiais da Universidade Federal do Paraná (www.prograd.ufpr.br/napne.html). 6. Mau comportamento pode ser um sinal?
Para ler, clique nos itens abaixo:


1. Como diagnosticar um superdotado? Mesmo nos casos em que não há a certeza de que o estudante tem altas habilidades, o estímulo do professor é bem-vindo. Foi o que pensou Sandra Nogueira quando percebeu o talento de Guilherme Oliveira de Souza, seu aluno da 7ª série da EE Odylo de Brito Ramos, em Teresina. Ela passava pelas fileiras quando notou um desenho muito bom no caderno. "Vi que ele tinha feito um em cada página. Era o conteúdo das aulas na frente e um desenho no verso."



Ela conversou com o garoto, tido como desinteressado pela maioria dos professores, e percebeu sua paixão por imagens. Nas semanas seguintes, apresentou materiais especiais, como pastel a óleo, bico de pena, nanquim e papel apropriado para desenho. "Ele aprendeu vários estilos", conta. Em História da Arte, Guilherme também se destaca. Quando Sandra pede um exemplo de pintura da fase que está sendo estudada, todos colam figuras recortadas - Guilherme reproduz. Em Ciências, ele ajudou a todos ao desenhar em uma parede uma grande flor decomposta, com todas as suas partes.



Recentemente, quando o Núcleo de Atividades de Altas Habilidades do Piauí esteve na escola e pediu aos educadores que ficassem atentos à possibilidade de alguns alunos terem altas habilidades, a professora indicou o garoto (que havia chegado até a 7ª série sem ser descoberto). "Agora, os colegas comentam que ele tem estado mais presente também nas outras disciplinas", afirma ela.



Denise Fleith, professora do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (Unb), tem pós-doutorado em altas habilidades no Reino Unido e é formadora de novos especialistas no Brasil. Ela também defende a criação de salas de recurso e acredita que o professor da classe regular pode contribuir com o enriquecimento do currículo. "Ele pode e deve apresentar ao aluno caminhos para o desenvolvimento de seu potencial, desde materiais para pesquisa até contatos de estudiosos dos assuntos."
 
2. Como identificar a superdotação? Reserve alguns minutos para listar os nomes dos alunos que logo vêm à sua mente quando você lê as descrições abaixo. Utilize essa lista (preparada pelo MEC) como uma "associação livre" e de forma rápida. É provável que você encontre mais do que um estudante em cada item. Quem exibir consistentemente vários dos comportamentos tem fortes chances de apresentar altas habilidades.




-Aprende fácil e rapidamente.



-É original, imaginativo, criativo, não convencional.



-Está sempre bem informado, inclusive em áreas não comuns.



-Pensa de forma incomum para resolver problemas.



-É persistente, independente, autodirecionado (faz coisa sem que seja mandado).



-Persuasivo, é capaz de influenciar os outros.



-Mostra senso comum e pode não tolerar tolices.



-Inquisitivo e cético, está sempre curioso sobre o como e o porquê das coisas.



-Adapta-se com bastante rapidez a novas situações e a novos ambientes.



-É esperto ao fazer coisas com materiais comuns.



-Tem muitas habilidades nas artes (música, dança, desenho etc.).



-Entende a importância da natureza (tempo, Lua, Sol, estrelas, solo etc.).



-Tem vocabulário excepcional, é verbalmente fluente.



-Aprende facilmente novas línguas.



-Trabalhador independente.



-Tem bom julgamento, é lógico.



-É flexível e aberto.



-Versátil, tem múltiplos interesses, alguns deles acima da idade cronológica.



-Mostra sacadas e percepções incomuns.



-Demonstra alto nível de sensibilidade e empatia com os outros.



-Apresenta excelente senso de humor.



-Resiste à rotina e à repetição.



-Expressa ideias e reações, frequentemente de forma argumentativa.



-É sensível à verdade e à honra. 3. Como trabalhar com superdotados? A professora Lucyana de Araújo Domingues de Andrade tem três superdotadas entre seus 35 alunos da Escola Classe 106 Norte, em Brasília. Beatriz foi identificada com altas habilidades em artes na 1ª série. Laura Helena teve a superdotação em conhecimentos gerais reconhecida quando estava na 2ª. E, este ano, Lucyana percebeu que Daniele tem interesse e capacidade acima da média em todas as disciplinas. Como o Distrito Federal conta com salas de recursos disponíveis na rede pública, as meninas têm acesso duas vezes por semana a atividades de estímulo no contraturno, o que não significa que deem mais sossego à professora.



"São ótimas alunas e, por isso mesmo, me dão mais trabalho do que os colegas", diz. Segundo ela, Beatriz chama a atenção quando faz atividades artísticas e as outras duas perguntam o tempo todo, lembram de detalhes de conteúdo antigo e são muito rápidas na execução de trabalhos. "Terminam em poucos minutos exercícios que entretêm a turma por duas horas", diz. Para mantê-las instigadas, Lucyana chega a dar quatro atividades a mais.



Em Matemática, por exemplo, ela usa folhetos de supermercado para trabalhar as quatro operações. Quando as meninas terminam, pede que aprofundem as questões, pensem como ficaria a conta se houvesse uma promoção ou quais produtos um cliente teria de deixar de comprar se tivesse menos dinheiro do que o valor final. Em Português, todos leram a fábula A Cigarra e a Formiga, de La Fontaine. Em seguida, escreveram os possíveis diálogos dos personagens - e as meninas com altas habilidades foram além. "Perguntei se hoje a cigarra poderia ganhar dinheiro cantando. E elas fizeram uma história a mais."



Lucyana também promove a integração ao pedir que as alunas auxiliem os que têm menor nível de conhecimento. "Às vezes, por explicar com a mesma linguagem infantil, elas conseguem bons resultados ou, pelo menos, percebem que cada um tem uma maneira de aprender", diz. Fora tudo isso, a sala dispõe de um varal de livros, para ser lidos nos intervalos ou quando alguém acaba a atividade antes que os outros. "A maioria pega os exemplares mais ilustrados para folhear. Elas não: leem livros que seriam para crianças mais velhas", conta. 4. Todos os superdotados são similares? Especialistas ressaltam que nem sempre esses alunos são os mais comportados e explicam que as altas habilidades são divididas em seis grandes blocos:



-Capacidade Intelectual Geral: crianças e jovens assim têm grande rapidez no pensamento, compreensão e memória elevadas, alta capacidade de desenvolver o pensamento abstrato, muita curiosidade intelectual e um excepcional poder de observação.



-Aptidão Acadêmica Específica: nesse caso, a diferença está em: concentração e motivação por uma ou mais disciplinas, capacidade de produção acadêmica, alta pontuação em testes e desempenho excepcional na escola.



-Pensamento Criativo: aqui se destacam originalidade de pensamento, imaginação, capacidade de resolver problemas ou perceber tópicos de forma diferente e inovadora.



-Capacidade de Liderança: alunos com sensibilidade interpessoal, atitude cooperativa, capacidade de resolver situações sociais complexas, poder de persuasão e de influência no grupo.



-Talento Especial para Artes: alto desempenho em artes plásticas, musicais, dramáticas, literárias ou cênicas, facilidade para expressar ideias visualmente, sensibilidade ao ritmo musical.



-Capacidade Psicomotora: a marca desses estudantes é o desempenho superior em esportes e atividades físicas, velocidade, agilidade de movimentos, força, resistência, controle e coordenação motora fina e grossa. 5. Onde buscar ajuda? O superdotado pode ter qualquer perfil, do mais bagunceiro ao braço direito da professora, passando pelo tímido. O que o torna diferente é a habilidade acima da média em uma área específica do conhecimento. Isso pode ter razões genéticas ou ter sido moldado pelo ambiente em que o aluno vive. Raramente, os superdotados têm múltiplas habilidades. Portanto, uma boa pista para encontrá-los é reparar no desempenho e no interesse muito maiores por um determinado assunto.



O professor deve desconfiar de estudantes com vocabulário avançado, perfeccionistas, contestadores, sensíveis a temas mais abordados por adultos e que não gostem de rotina. O Ministério da Educação montou um formulário com 24 frases que ajudam a identificar estudantes assim. Se você reconhece um de seus alunos como possível superdotado, procure o Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação na Secretaria de Educação de seu estado.



Os núcleos têm a obrigação de indicar uma psicopedagoga para avaliar se a criança ou o jovem têm mesmo uma alta habilidade - e encaminhá-lo ao programa oficial de estímulo, com atividades extraclasse e orientações para o professor e a família. Instituições não governamentais também apoiam professores e familiares que procuram ajuda para desenvolver talentos. Alguns exemplos são o Instituto Rogério Sternberg (www.irs.org.br), no Rio de Janeiro, e o Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Especiais da Universidade Federal do Paraná (www.prograd.ufpr.br/napne.html). 6. Mau comportamento pode ser um sinal? O histórico escolar de Louis Pasteur, Albert Einstein, Walt Disney e Isaac Newton costuma chocar quem espera um comportamento “exemplar”. O francês responsável pelas primeiras vacinas era mau aluno, especialmente em Química. O alemão que elaborou a Teoria da Relatividade fugia das aulas de Matemática. O americano que criou um império do entretenimento foi reprovado em Arte. E, durante a infância, o cientista inglês que primeiro percebeu a gravidade teve de ser educado pela mãe porque foi expulso da escola. Hoje, ninguém duvida de que os quatro eram superdotados, o que ajuda a entender que nem sempre alunos assim são os mais interessados e bem comportados em sala de aula.



O estudante com altas habilidades costuma ter um interesse tão grande por uma das disciplinas que acaba negligenciando as demais. A facilidade de expressar-se, por exemplo, pode ser usada para desafiar o professor e os colegas. Mesmo os mais aplicados dificultam a aula ao monopolizar a atenção. Muitos não querem trabalhar em grupo por não entender o ritmo "mais lento" dos colegas. A descoberta das altas habilidades é o primeiro passo para melhorar esses comportamentos. Primeiro, porque muda o olhar do professor. E também porque o próprio jovem passa a aceitar melhor as diferenças.
 
 
 
 
FONTE DE PESQUISA: http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/educacao-superdotados-498467.shtml

Cientistas desvendam segredos da aprendizagem



Cientistas desvendam segredos da aprendizagem

por BRUNO ABREU19 Outubro 2009
 
Uma equipa de investigadores espanhóis, britânicos e colombianos conseguiu medir as alterações cerebrais à medida que se aprende a ler. Uma evolução que é difícil de perceber nas crianças, mas que nos adultos é mais visível. Para isso usaram um grupo de ex-guerrilheiros da Colômbia, que, após anos de luta no meio da selva, decidiram alfabetizar-se




Aprender a ler pro- voca alterações no cérebro, concluiu uma equipa de investigadores, espanhóis, britânicos e colombianos. Os investigadores estudaram um grupo de ex-combatentes das FARC [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia] que estavam a alfabetizar-se e descobriram que os seus cérebros tiveram aumentos de massa cinzenta.



"Trabalhar com ex-guerrilheiros da Colômbia proporcionou-nos uma oportunidade única para ver como se altera o cérebro quando se aprende a ler", explica Manuel Carreiras, director do Centro de Cognição, Cérebro e Linguagem do País Basco, em San Sebastián. Como o ensino da leitura é feito nos primeiros anos de vida, é difícil fazer esta experiência com crianças porque a aprendizagem social e de habilidades motoras impedem um estudo centrado apenas na alfabetização.



O estudo, publicado na revista Nature, indica que Carreiras e os seus colegas analisaram, por ressonância magnética (RMN) os cérebros de 20 guerrilheiros que, após décadas de luta, decidiram reintegrar-se na sociedade colombiana e aprender a ler.



Compararam imagens dos seus cérebros com as de 22 outros ex-FARC que ainda não haviam feito o curso e descobriram que os guerrilheiros alfabetizados tinham mais massa cinzenta nas cinco áreas do córtex cerebral, envolvidas na aprendizagem da leitura.



Os investigadores observaram que para quem aprendeu a ler, tanto em adulto como em criança, a densidade da massa cinzenta (onde ocorre o "processamento" cerebral) é maior em diversas áreas do hemisfério esquerdo do cérebro. Essas áreas são responsáveis pelo reconhecimento da forma das letras e pela sua tradução em sons e significados. Ler também aumenta a intensidade das conexões da massa branca (constituída pelas fibras que interligam os neurónios) entre diversas regiões do cérebro.



O estudo destaca que as conexões de uma área conhecida por "giro angular" são especialmente importantes. Os cientistas sabem há mais de 150 anos que essa região do cérebro é importante para a leitura, mas este estudo mostra que o seu papel não era ainda totalmente compreendido.



Até agora achava-se que o giro angular reconhecia as formas das palavras antes de associar os seus sons e significados. O estudo mostra que o giro angular não está envolvido directamente na tradução de palavras visuais em sons e significados. Em vez disso, ele apoia este processo ao fornecer previsões do que o cérebro espera ver.



"A visão tradicional tem sido a de que o giro angular actua como uma espécie de dicionário que traduz as letras de uma palavra num significado. Na realidade mostramos que o seu papel é mais uma antecipação do que o nosso olho vai ver. É algo parecido com a função de sugestão de texto dos telemóveis quando se escreve mensagens", explica Cathy Price, da University College London, uma das autoras da pesquisa.



As conclusões deste estudo podem ter implicações importantes na investigação de problemas neurológicos como a dislexia. Estes doentes têm diminuições das áreas de massa branca e cinzenta em zonas que cresceram com a leitura.



Tags: Ciência
FONTE DE PESQUISA: http://dn.sapo.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=1394641

Neurociência aplicada à aprendizagem





Telma Pantano / Jaime Luiz Zorzi

É inegável o crescente avanço das neurociências e sua enorme contribuição no sentido de aumentar nossa compreensão quanto ao funcionamento do cérebro. Hoje podemos entender melhor como tornar o processo de aquisição de conhecimentos mais objetivo, prático e facilitado, modificando a forma como lidamos com as informações novas e as integramos àqueles já existentes. Neste mecanismo reside o processo de aprendizagem, sua conservação e recuperação na forma de memórias.




Este livro, escrito por profissionais reconhecidos em suas áreas de atuação, pretende trazer para o universo daqueles que trabalham com desenvolvimento e aprendizagem, o que atualmente tem sido estudado na interface entre neurociências e educação. Nosso objetivo é o de fazer com que as informações desta obra possam ser diretamente aplicadas á prática clínica e pedagógica, explorando os seguintes temas:



-Introdução as neurociências



-Atenção e memória



-Crescimento, desenvolvimento e envelhecimento do sistema nervoso



-Funções visuoconstrutivas, praxias e agnosias



-Linguagem e cognição



-Processamento auditivo central



-Aprendizagem e habilidades acadêmicas



-A análise do processamento ortográfico e suas implicações no diagnóstico dos transtornos de aprendizagem



-Avaliação das funções cognitivas na criança, no adolescente e no adulto



-Neurociência na educação I e II



Sumário:



Capítulo 1 - Introdução as neurociências



Capítulo 2 - Atenção e memória



Capítulo 3 - Crescimento, desenvolvimento e envelhecimento do sistema nervoso



Capítulo 4 - Funções Vísuo-construtivas, praxias e agnosias



Capítulo 5 - Pensamento, inteligência e funções executivas



Capítulo 6 - Linguagem e cognição



Capítulo 7 - Processamento auditivo central



Capítulo 8 - Aprendizagem e habilidades acadêmicas



Capítulo 9 - A análise do processamento ortográfico e suas implicações no diagnóstico dos transtornos de aprendizagem



Capítulo 10 - Avaliação das funções cognitivas na criança, no adolescente e no adulto



Capítulo 11 - Neurociência na educação I



Capítulo 12 - Neurociência na educação II

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Palestras via web .


Palestras via web sobre Dislexia e TDHA! Acesse os sites abaixo e assista vi web palestras sobre Dislexia e o TDHA! Vale muito a pena e eles oferecem certificado. Reserve um tempo e aumente seu conhecimento sobre estes dois problemas.




Link sobre dislexia: http://www.lerecompreender.com.br/



Link sobre o TDHA: http://www.atencaoprofessor.com.br

'Ninguém incentiva o aluno a estudar'


Juliana Ravelli


Do Diário do Grande ABC



Professor há 47 anos, Pierluigi Piazzi, 66, é crítico ferrenho do sistema de ensino brasileiro. Nasceu na Bologna, Itália, chegando ao Brasil em 1954. Nessa época, já havia lido pelo menos 100 livros de ficção científica, todas as obras de Shakespeare, as comédias de Molière, a Ilíada e a Odisséia. Integrante da Mensa, maior e mais antiga associação internacional de pessoas com alto Q.I. (Quociente de Inteligência), desde 1980, já preparou cerca de 100 mil alunos em cursinhos pré-vestibulares. Há 10 anos, realiza palestras em todo o País para pais, alunos e professores com o objetivo de divulgar a neuropedagogia.



Para ele, inteligência e talento se aprendem. "As pessoas têm o péssimo hábito de colocar uma etiqueta dizendo eu sou capaz de fazer isso e não sou capaz de fazer aquilo." Autor dos livros Aprendendo Inteligência, Estimulando Inteligência e Ensinando Inteligência, no dia 24 fará palestra gratuita no Senai Almirante Tamandaré, em São Bernardo.



DIÁRIO - Qual a opinião do senhor sobre o novo Enem?

PIERLUIGI PIAZZI - Há uma diferença gigantesca entre exame e concurso. A função do exame é medir o grau de conhecimento do examinando. A função do concurso é discriminar candidatos, selecionar. Até o ano passado o que era o Enem? Um exame. Agora, transformaram-no em concurso. Ele decide se alguém consegue vaga em faculdade de medicina. O que vai acontecer, vão ter faculdades federais de medicina que terão 40 vagas e 300 candidatos que atingiram a nota máxima. E agora?



DIÁRIO - E quanto ao vazamento da prova?

PIAZZI - É óbvio. O processo de impressão e de distribuição disso tem mais vazamento que uma peneira.



DIÁRIO - O ensino brasileiro está muito atrasado?

PIAZZI - Em 2003 foi feito um exame envolvendo 41 países. Só ficamos acima da Tunísia. Quer coisa mais absurda do que escola publicar calendário de provas? É o mesmo que estar falando: ‘Para que estudar todo dia? Só na hora da prova você dá uma rachadinha, tira nota e esquece tudo para não abarrotar o cérebro.''



DIÁRIO - A escola incentiva o aluno a tirar nota e não a obter conhecimento?

PIAZZI - Exatamente. E os pais querem que o filho passe de ano, tire nota. Ao invés da nota ser consequência do processo, virou objetivo.



DIÁRIO - O que acontecerá com o ensino brasileiro?

PIAZZI - Se continuar essa demagogia que sobrepõem as vontades eleitorais ao processo técnico, acabou. O ensino brasileiro vai ser destruído. Nós já somos um País de analfabetos funcionais; seremos um País de analfabetos reais. Sempre falo que as horas de estudo são mais importantes que as horas de aula. Ninguém incentiva o aluno a estudar. Agora, o Ministério da Educação resolveu mudar o Ensino Médio. O que fizeram? Aumentar as horas-aula ao invés de aumentar as horas de estudo.



DIÁRIO - O que falta para o ensino brasileiro atingir níveis aceitáveis de qualidade?

PIAZZI - Da noite para o dia poderíamos atingir níveis de qualidade fantásticos. Bastava mudar três coisas: primeiro, restaurar a autoridade do professor; depois, criar um mecanismo de não existir uma aula sequer que não tenha uma tarefa a ser executada depois; o terceiro é reformular a técnica de se ensinar Literatura. O Brasil tem milhões de alunos, mas pouquíssimos estudantes. Na hora em que o Ministério da Educação perceber que o único truque é transformar aluno em estudante, vai resolver. Porque aluno é quem assiste aula, estudante é alguém que estuda.



DIÁRIO - Por que existem tantas disparidades entre ensinos Fundamental e Médio públicos e a universidade pública?

PIAZZI - As universidades públicas também são ruins. Elas só são melhores do que as particulares porque, como são gratuitas, há seleção na entrada.



DIÁRIO - O que o senhor aborda em suas palestras?

PIAZZI - Mostro que a componente genética da inteligência é quase irrelevante. Qualquer um que tenha cérebro saudável tem condições de se tornar mais inteligente.



DIÁRIO - Como é possível ficar mais inteligente?

PIAZZI - São cinco passos. O primeiro é acreditar que é possível. O segundo é evitar as coisas que fazem abaixar o Q.I. - drogas lícitas e ilícitas e excesso de tecnologia. O terceiro é estudar pouco, mas todo dia, para fixar o que foi visto. O quarto passo é, se tiver um jeito fácil e um difícil, fazer o difícil; o cérebro precisa fazer musculação. E o quinto é ler muito.



DIÁRIO - Por que temos a ideia de que pessoas nascem com determinados talentos?

PIAZZI - A modelagem do cérebro humano começa no útero. Como os reflexos disso são muito precoces, as pessoas têm a sensação de que é genético, quando na realidade é ambiental. No século 19, uma família alemã tinha dois filhos. Um era bem-dotado musicalmente, o outro, uma nulidade musical. O bem-dotado foi para o conservatório, a nulidade foi para a faculdade de Direito. Anos depois, o músico morreu. A vontade da família em ter um músico era tão grande que o que estava fazendo Direito abandonou a faculdade, entrou no conservatório e se tornou um dos maiores compositores, Richard Wagner. As pessoas têm o péssimo hábito de colocar uma etiqueta: ‘sou capaz de fazer isso e não sou capaz de fazer aquilo.''

FONTE DE PESQUISA: http://home.dgabc.com.br/default.asp?pt=secao&pg=detalhe&c=1&id=5770486&titulo=%27Ninguem+incentiva+o+aluno+a+estudar%27