terça-feira, 31 de agosto de 2010

Distúrbios auditivos infantis.


Ana Catarina Pereira


Se o seu filho já teve várias otites ou se apresenta alguma dificuldade em processar as mensagens que recebe, tenha em atenção aos sinais. Ele poderá sofrer de um distúrbio do processamento auditivo central. O diagnóstico não é simples mas o tratamento é possível.


Luísa Monteiro é directora do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Dona Estefânia. Como especialista em surdez infantil, tem vindo a alertar médicos (da sua especialidade, mas também pediatras e neurologistas), educadores, terapeutas da fala e encarregados de educação para o facto de algumas crianças poderem sofrer de distúrbios do processamento auditivo central. Muitos destes casos são, como sublinha, confundidos com défices de atenção, dificuldades de aprendizagem ou comportamentos de dislexia.




"Ao contrário do que se pensava até há algumas décadas", adianta a especialista, "existem pessoas que, apesar de terem um órgão auditivo periférico e as vias auditivas normais, têm dificuldades em realizar o processamento de determinadas mensagens. Normalmente são pessoas que têm dificuldade em focalizar-se e perceber a mensagem sonora quando há um fundo de ruído ou quando há a competição de vários estímulos auditivos (várias conversas ao mesmo tempo)."


Os sintomas e a respectiva doença não atacam um perfil específico de doentes. Como nos diz Luísa Monteiro, podem tratar-se de crianças que, por exemplo, tiveram casos sucessivos de otites e que, mesmo depois de estas terem sido tratadas, continuam a apresentar dificuldades de percepção da mensagem auditiva; ou seja, o doente está a ouvir, mas não consegue atribuir o verdadeiro significado à mensagem recebida. Muitas crianças com dificuldades escolares, e mesmo adultos com casos recentes de AVC ou com doenças congénitas, podem, na opinião da especialista, sofrer deste tipo de patologia, tendo um ouvido interno completamente normal.


Desta forma, estas não são as perturbações mais clássicas de perda de audição, surdez sensorioneural ou otites que os especialistas em otorrinolaringologia estavam habituados a tratar; antes são casos de pacientes com um órgão periférico de audição normal, mas que apresentam perturbações neurológicas do córtex cerebral, do tálamo e do corpo caloso (as estruturas que fazem o processamento e a integração da audição, que é tratada nos hemisférios esquerdo e direito do cérebro): "Os seres humanos, para terem uma compreensão total da mensagem auditiva têm de integrar o chamado ‘envelope da fala', ou seja, o timbre, o ritmo, a intensidade, as variações, o contexto e, por outro lado, os próprios fonemas um a um. Os dois hemisférios cerebrais encarregam-se de cada uma destas funções", sublinha Luísa Monteiro.


Dificuldade no diagnóstico

O diagnóstico, adianta a especialista, não é fácil de realizar, uma vez que pressupõe a existência de laboratórios de audiologia e de reabilitação auditiva vocacionados para este tipo de problemas. Os exames que se deverão realizar são também muito específicos, para que se aborde e quantifique, por exemplo, a compreensão da fala em ambiente de ruído, a localização espacial da fonte sonora e a sucessão temporal dos estímulos sonoros. Em Portugal, não existe ainda nenhum laboratório hospitalar com o equipamento necessário para a realização destes exames.


No entanto, como nos adianta Luísa Monteiro, estes já se encontram em fase de preparação, em conjunto com acções de formação específicas para os técnicos de saúde que irão lidar com estes pacientes. Na maioria dos casos, sublinha a especialista, estas dificuldades corrigem-se com práticas e exercícios adequados: "É necessário fazer um treino auditivo vocacionado para resolver o deficit que se encontrou nos testes. Há plasticidade no sistema nervoso central para recrutar, com treino, determinadas vias neuronais para substituir outras que não estão a ser suficientemente desenvolvidas." Em tom optimista, a especialista conclui: "Estas perturbações têm tratamento. Existe esta janela de oportunidade para tratar algumas pessoas."


FONTE DE PESQUISA: http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://medicosdeportugal.saude.sapo.pt/content_files/cms/img/img1_53e3a7161e428b65688f14b84d61c610.jpg&imgrefurl=http://medicosdeportugal.saude.sapo.pt/action/2/cnt_id/693/&usg=__tsC-oVL3Q0lmGoItTnmYyPT5h7o=&h=200&w=200&sz=18&hl=pt-BR&start=13&zoom=1&um=1&itbs=1&tbnid=b4vO_Ok1mSnQaM:&tbnh=104&tbnw=104&prev=/images%3Fq%3Dprocessamento%2Bauditivo%2Bcentral%26um%3D1%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DN%26rlz%3D1R2GFRE_pt-BRBR363%26tbs%3Disch:1

sábado, 28 de agosto de 2010

OS TRANSTORMOS DE APRENDIZAGEM ESCOLAR.



Autor: Antônio Carlos De Farias - Neuropediatra


É difícil para os pais compreenderem o motivo pelo qual seu filho apresenta dificuldades de aprendizagem escolar, principalmente, quando o médico refere não existir quaisquer comprometimentos orgânicos, sensoriais (visual ou auditivo) e cognitivo (déficit de inteligência) que possam interferir com o aprendizado da criança.

Em geral a criança não possui uma doença grave, porem o problema é real e não imaginário, são devidos a fatores constitucionais da própria criança, sejam por uma lentidão maturacional das funções cerebrais relacionadas à aprendizagem ou por minúsculas lesões nas células (neurônio) ou circuitos (sinapses) neuronais que os exames de imagem ainda não tem um adequado poder de resolução para identificá-las.

A maioria das crianças com dificuldades de aprendizagem melhoram à medida que crescem, em algumas as dificuldades resolvem-se completamente, enquanto outras, persistem ao longo da vida com um certo grau de dificuldade em uma área específica (leitura, escrita, matemática, etc). Somente o acompanhamento da criança revelara quais continuarão apresentando o problema e quais melhorarão com a maturação cerebral. A você pai cabe propiciar ao seu filho um ambiente estimulador e motivador a fim de que ele desenvolva o hábito da leitura e do raciocínio, pois é esta conduta que pode melhorar muito o prognostico da criança.

Ao nascimento cada célula nervosa esta corretamente localizada e pronta para ser desenvolvida;

O estímulo externo vai determinando o crescimento celular e a formação de novos circuitos de memória importantes para o estabelecimento da inteligência global. Estas células ou circuitos podem ser malformados ou alterados por agressões externas como p. ex. infecções, traumas cranianas, hipóxia cerebral. Infelizmente a célula cerebral tem uma reduzida capacidade de regeneração, assim o cérebro desenvolveu uma função chamada plasticidade cerebral na qual as células íntegras podem realizar outras conexões e assumir de acordo com o estímulo a função daquele circuito lesionado ou malformado. Um ambiente que proporcione estímulos para a criança pode motivar esta plasticidade cerebral; um exercício de aprendizagem faz aumentar o numero de sinapses cerebrais. È devido a esta função que as crianças portadoras de algum tipo transtorno de aprendizagem escolar podem melhorar o seu desempenho quando recebe uma adequada estimulação.

A seguir listo algumas dicas que podem ser aplicadas no dia a dia da criança. Não faça disto uma regra rígida, elas devem ser praticadas de uma forma natural a fim de que a criança não se sinta pressionada ou discriminada. Tenha sempre uma relação franca e honesta, explique de forma clara as dificuldades que ela apresenta e o tipo de trabalho a ser desenvolvido para que ela participe ativamente da sua reabilitação.

Dicas

Permaneça durante o ano em contato regular com os professores e demais profissionais que trabalham com o seu filho para saber como ele está progredindo. Pai e mãe devem compartilhar esta responsabilidade.

Seja encorajador, evite críticas ou rótulos, elogie o esforço e não apenas a realização; As crianças com transtorno de aprendizagem escolar, pelas dificuldades que apresentam, tornam-se inseguras e com baixa auto estima. O apoio familiar é fundamental para a sua motivação e restabelecimento da auto-estima.

Seu filho necessita de trabalho individual fora do período escolar, isto pode ser feito por familiares desde que tenham paciência e aptidão para ensinar. Quando ensiná-lo, não exagere, pequenas lições diárias são melhores que longas lições esporádicas, tente pequenas atividades de cada vez.

Quando o treinamento é voltado para a escrita é necessário corrigir posturas inadequadas e observar a forma correta de segurar o lápis. Algumas crianças se beneficiam de máquinas de datilografar ou computadores onde podem visualizar e memorizar as letras no teclado.

Quando a dificuldade é principalmente em aritmética, procure estimular as atividades que envolvam números e faça isto nas pequenas coisas do dia-dia como por ex. contar os talheres na mesa ou as meias na gaveta. Estimule as somas e as subtrações.

Durante a leitura estimule a criança à acompanhar as palavras com o lápis posicionando-o horizontalmente abaixo da linha que está sendo lida. Alterne com a criança a leitura, ela lê um trecho do texto e você lê o outro, depois peça a ela que explique o conteúdo da leitura.

Pratique jogos ou brincadeiras onde a leitura seja necessária.

Existem livros gravados em fitas cassetes ou CD, é um bom método para a criança treinar a memória visual e auditiva.

Se o seu filho apresenta alguma dificuldade de linguagem, quando falar com ele faça-o de forma lenta e clara, estabeleça pausas depois de cada frase, certifique-se que ele entendeu e repita se houver necessidade.

Lembre-se que a criança está passando por um processo de amadurecimento cerebral; As exigências devem estar de acordo ao potencial de inteligência que ela apresenta. Certifique-se com os profissionais se a maturidade do seu filho é adequada ao nível de expectativa que você ou a escola tem em relação a ele. Mesmo com toda a dedicação do seu filho e a sua compreensão é possível que o progresso de aprendizagem não ocorra na velocidade que você espera; Não desanime ou projete na criança todo o seu descontentamento; Sucessos nesta área estão diretamente ligados a uma atitude encorajadora e positiva em relação à criança

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Discalculia - Sinais, Sintomas E Tratamento .



FONTE DE PESQUISA: http://www.cabuloso.com/portal/news/view/222

Postado em 17/04/2009 às 15:06 por Cabuloso.com - Visto 1638 vezes - aprovado por Cabuloso.com - Enviar por E-mail O que é Discalculia?


Discalculia (não confundir com acalculia) é definido como uma desordem neurológica específica que afeta a habilidade de uma pessoa de compreender e manipular números. A discalculia pode ser causada por um déficit de percepção visual. O termo discalculia é usado frequentemente ao consultar especificamente à inabilidade de executar operações matemáticas ou aritméticas, mas é definido por alguns profissionais educacionais como uma inabilidade mais fundamental para conceitualizar números como um conceito abstrato de quantidades comparativas.

É uma inabilidade menos conhecida, bem como e potencialmente relacionada a dislexia e a dispraxia. A discalculia ocorre em pessoas de qualquer nível de QI, mas significa que têm frequentemente problemas específicos com matemática, tempo, medida, etc. Discalculia (em sua definição mais geral) não é rara. Muitas daquelas com dislexia ou dispraxia tem discalculia também. Há também alguma evidência para sugerir que este tipo de distúrbio é parcialmente hereditario.

A palavra discalculia vem do grego (dis, mal) e do Latin (calculare, contar) formando: contando mal. Essa palavra calculare vem, por sua vez, de cálculo, que significa o seixo ou um dos contadores em um ábaco.

Discalculia é um impedimento da matemática que vá adiante junto com um número de outras limitações, tais como a introspecção espacial, o tempo, a memória pobre, e os problemas de ortografia. Há indicações de que é um impedimento congênito ou hereditário, com um contexto neurológico. Discalculia atinge crianças e adultos.

Discalculia pode ser detectada em uma idade nova e medidas podem ser tomadas para facilitar o enfrentamento dos problemas dos estudantes mais novos. O problema principal está em compreender que o problema não é a matemática e sim a maneira que é ensinada às crianças. O modo que a dislexia pode ser tratada de usar uma aproximação ligeiramente diferente a ensinar. Entretanto, a discalculia é o menos conhecida destes tipos de desordem de aprendizagem e assim não é reconhecida frequentemente.


Sinais e Sintomas de Discalculia

* Dificuldades freqüentes com os números, confundindo os sinais: +, -, ÷ e x.

* Problemas de diferenciar entre esquerdo e direito.

* Falta de senso de direção (para o norte, sul, leste, e oeste) e pode também ter dificuldade com um compasso.

* A inabilidade de dizer qual de dois números é o maior.

* Dificuldade com tabelas de tempo, aritmética mental, etc.

* Melhor nos assuntos tais como a ciência e a geometria, que requerem a lógica mais que as fórmulas, até que um nível mais elevado que requer cálculos seja necessário.

* Dificuldade com tempo conceitual e julgar a passagem do tempo.

* Dificuldade com tarefas diárias como verificar a mudança e ler relógios analógicos.

* A inabilidade de compreender o planejamento financeiro ou incluir no orçamento, nivelar às vezes em um nível básico, por exemplo, estimar o custo dos artigos em uma cesta de compras.

* Tendo a dificuldade mental de estimar a medida de um objeto ou de uma distância (por exemplo, se algo está afastado 10 ou 20 metros).

* Inabilidade de apreender e recordar conceitos matemáticos, régras, fórmulas, e seqüências matemáticas.

* Dificuldade de manter a contagem durante jogos.

* Dificuldade nas atividades que requerem processamento de seqüências, do exame (tal como etapas de dança) ao sumário (leitura, escrita e coisas sinalizar na ordem direita). Pode ter o problema mesmo com uma calculadora devido às dificuldades no processo da alimentação nas variáveis.

* A circunstância pode conduzir em casos extremos a uma fobia da matemática e de dispositivos matemáticos (por exemplo números).

Jogos Matemáticos para Estimulação da Inteligência nos Distúrbios


Jogos Matemáticos para Estimulação da Inteligência nos Distúrbios

A razão do presente artigo se prende ao fato da necessidade de adquirir prévio conhecimento na área de análise de problemas psicopedagógicos e possibilitar ao aluno da pós-graduação uma visão mais real entre o conhecimento teórico da academia e a prática.

Entendemos que as experiências vividas dentro do cotidiano escolar, que é nosso principal campo de atuação, que complementarão e respaldarão a nossa visão acadêmica.

Este trabalho se volta para as questões de deficiência matemática encontrada em alguns alunos da rede municipal de ensino de Manaus.

Citaremos inicialmente os procedimentos metodológicos aplicados neste artigo. Discorreremos sobre como se dá a discalculia, as causas e conseqüências. Logo após relataremos uma experiência de aplicação de jogos matemáticos na escola com algumas observações e resultados, e finalizaremos com algumas considerações.


Procedimentos Metodológicos

Desenvolvemos esta pesquisa utilizando a observação direta e indireta de alguns alunos que apresentaram dificuldades de aprendizagem da matemática, foram aplicados alguns jogos matemáticos propostos pelo manual do Professor Celso Antunes – Jogos para estimulação das múltiplas inteligências -, com a finalidade de identificar em que grau se encontra tais dificuldades e também realização de entrevistas para posterior acompanhamento psicopedagógico de certos alunos que apresentem discalculia.

Como técnica de pesquisa foi utilizada a observação participante baseada nas leituras de Minayo (1994), que aborda a referida técnica afirmando que,

“A importância dessa técnica reside no fato de podermos captar uma variedade de situações ou fenômenos que não são obtidos por meio de perguntas, uma vez que, observados diretamente na própria realidade, transmitem o que há de mais imponderável e evasivo na vida real.”


disso, Chizzotti (2005) salienta:

“A atitude participante pode estar caracterizada por uma partilha completam duradoura da vida e da atividade dos participantes (...), vivenciando todos os aspectos possíveis (…) das suas ações e dos seus significados. Nesse caso, o observador participa em interação constante em todas as situações, espontâneas e formais, acompanhando as ações cotidianas e habituais, as circunstâncias e sentido dessas ações, e interrogando sobre as razoes e significados dos seus atos.”

Essa técnica busca obter informações sobre a realidade através do contato direto do pesquisador com o fato ou objeto da pesquisa.

Aplicamos as técnicas de coletas de dados os quais foram analisados e comparados com fatos observáveis. Compreendeu também sessões de jogos estimulativos e entrevistas (anamnese inicial e geral) com os pais.

A discalculia e suas causas potenciais

As dificuldade com a linguagem matemática são muito variadas em seus diferentes níveis e complexas em sua origem. Podem evidenciar-se já no aprendizado aritimético básico como, mais tarde, na elaboração do pensamento matemático mais avançado. Embora essas dificuldades possam manifesta-se sem nehuma inabilidade em leitura, há outras que são decorrentes do processamento lógico-matemático da linguagem lida ou ouvida. Também existem dificuldades advindas da imprecisa percepção de tempo e espaço, como na apreensão e no processamento de fatos matemáticos, em suas devida ordem.

Discalculia é definido como uma desordem neurologica específica que afeta a habilidade de uma pessoa de compreender e manipular números. A discalculia pode ser causada por um deficit de percepção visual. O termo discalculia é usado frequentemente ao consultar especificamente à inabilidade de executar operações matemáticas ou aritméticas, mas é definido por alguns profissionais educacionais como uma inabilidade mais fundamental para conceitualizar números como um conceito abstrato de quantidades comparativas.

A discalculia é um impedimento da matemática que apresenta também outras limitações, tais como a introspecção espacial, o tempo, a memória pobre, e os problemas do ortografia. Há indicações de que é um impedimento congenito ou hereditário, com um contexto neurologico. Ela (a discalculia) pode atingir crianças e adultos.

A discalculia apresenta alguns sintomas potencias:

• Dificuldades freqüentes com os números, confundindo os sinais ( +, -, ÷ , x).

• Problemas de diferenciar entre esquerdo e direito.

• Falta de senso de direção (para o norte, sul, leste, e oeste) e pode também ter dificuldade com um compasso.

• A inabilidade de dizer qual de dois numeros é o maior.

• Dificuldade com tabelas de tempo, aritmética mental, etc.

• Melhor nos assuntos tais como a ciência e a geometria, que requerem a lógica mais que as fórmulas, até que um nível mais elevado que requer cálculos seja necessário.

• Dificuldade com tempo conceitual e julgar a passagem do tempo.

• Dificuldade com tarefas diárias como verificar a mudança e ler relógios analógicos.

• A inabilidade de compreender o planejamento financeiro ou incluir no orçamento, nivela às vezes em um nível básico, por exemplo, estimar o custo dos artigos em uma cesta de compras.

• Tem dificuldade mental de estimar a medida de um objeto ou de uma distância.

• Inabilidade em apreender e recordar conceitos matemáticos, régras, fórmulas, e seqüências matemáticas.

• Dificuldade de manter a contagem durante jogos.

• Dificuldade nas atividades que requerem processar seqüencias (etapas de dança), sumário (leitura, escrita, sinalizar na ordem direita). Pode ter problema mesmo com uma calculadora, devido às dificuldades no processo da alimentação nas variáveis.

• A circunstância pode conduzir em casos extremos a uma fobia da matemática e de dispositivos matemáticos (por exemplo números).

Os cientistas procuram ainda compreender as causas da discalculia, e para isso têm investigado em diversos domínios.

Causas potenciais:

• Neurologico: a discalculia foi associada com os lesões ao supramarginal e os giros angulares na junção entre os lóbulos temporal e parietal do cortex cerebral.

• Deficits na memória trabalhando: a memória trabalhando é um fator principal na adição mental. Desta base, Geary conduziu um estudo que sugerisse que era um deficit de memória para aqueles que sofreram de discalculia. Entretanto, os problemas trabalhando da memória são confundidos com dificuldades de aprendizagem gerais, assim os resultados de Geary não podem ser específicos ao discalculia mas podem refletir um deficit de aprendizagem maiores.

Outras causas podem ser:

• Um quociente de inteligência baixo (menos de 70, embora as pessoas com o IQ normal ou elevado possam também ter discalculia).

• Um estudante que tem um instrutor cujo o método de ensinar a matemática seja duro de compreender para o estudante.

• Memória a curto prazo que está sendo perturbada ou reduzida, fazendo-a difícil de recordar cálculos.

• Desordem congenita ou hereditaria.

• Uma combinação destes fatores.

A Inteligência lógico-Matemática

A teoria das inteligências múltiplas de Howard Gardner aponta sete inteligências encontradas na raça humana: a inteligência lingüistica, a inteligência lógico-matemática, a inteligência musical, a inteligência corporal-cinestésica, a inteligência espacial, a inteligencia interpessoal e a inteligência intrapessoal (Gardner, 1995, p. 15).

No entanto trataremos neste artigo apenas da inteligencia lógico-matemática cuja queixa de discalculia tem uma maior relação.

A manifestação da inteligencia lógico-matemática acontece devido a facilidade na interpretação de cálculos e na percepção dos espaços e figuras geométricos, na capacidade de abstrair situações lógicas e problemáticas.

Antunes (1998) aborda que:

“Da mesma forma que a inteligência lingüística, essa competência não se abre apenas para pessoas letradas e, assim, muitas pessoas simples ou até analfabetas, como muitos “mestres-de-obras”, percebem a geometria nas plantas que encaram ou nas paredes que sabem erguer (...) Um aluno entenderá melhor os números as operações matemáticas e os fundamentos da geometria se puder torná-los palpáveis. Assim, materiais concretos como moedas, pedrinhas, tampinhas, conchas, blocos, caixas de fósforos, fitas, cordas e cordões fazem as crianças estimularem se raciocínio abstrato.”


Considerando essa estratégia de como estimular a inteligência lógico-matemática através de jogos com a utilização de matérias de fácil aquisição (garrafas pets, madeira, fitas, jogos, quebra-cabeça etc), aproveitamos para “reciclar” a criatividade do educador/aplicador uma vez que, como argumenta Celso Antunes, a coordenação manual parece ser a forma como o cérebro busca materializar e operacionalizar os símbolos matemáticos. (Antunes, 1998, p.71).


“A criança que manuseia os objetos, classificando-os em conjuntos, que abotoa sua roupa e percebe simetria, que amarra seu sapato e descobre os percursos do cadarço, mas também a que “arruma” sua mesa ou sua mochila está construindo relações, ainda que não seja a mesma lógica que “faz sentido ao adulto”. Para jogos voltados para essa inteligência, propomos como linhas de estimulação: jogos para fixar a conceituação simbólica das relações numéricas e geométricas e que, portanto, abrem para o cérebro as percepções do “grande” e do “pequeno”, do “fino” e do “grosso”, do “largo” e do “estreito”,o “alto” e do “baixo”.


Baseados, então, nessas premissas, introduzimos algumas dessas atividades em um aluno da rede municipal dentro da seguinte sistemática:


Jogo dos cubos e das garrafas

Inicialmente procuramos deixar a criança a vontade e descontraída realizando algumas perguntas para quebrar o gelo. Em seguida deixamos á disposição da criança algumas folhas de papel, caneta e lápis coloridos para realização de desenhos.

Foi-lhe entregue algumas garrafas de plásticos de tamanhos bem diferentes e alguns cubos de madeira coloridos e pedido para que ela enfileirasse os objetos sem observar regras. E depois foi solicitado que separasse as garrafas maiores das menores, comparando os tamanhos e verbalizando os conceitos de “grande” e “pequeno”.

Foi observado que a criança inicialmente mostrou-se desconfiada, mas em seguida realizou as tarefas, organizando as garrafas em ordem crescente - da menor para a maior. E Com relação aos cubos, ela colocou o maior na base e os menores em cima dele.

Esta atividade visava verificar as noções de tamanho (grande/pequeno) e a capacidade de percepção espacial e a atenção da criança.



Jogo das garrafas coloridas

Selecionamos oito garrafas de plástico de medidas diferentes, a 1ª com 15 cm de altura, as outras com 12,5 cm, 10 cm, 7 cm, 5,25 cm, 4,0 cm e 3,5 cm com acabamento de fitas colantes nas beiradas.

A criança teve que ordenar as garrafas em tamanho, agrupando as de tamanhos quase iguais ou diferentes, ordenando-as em fileiras, da menor para a maior e da maior para a menor.

Mesmo havendo um pouco de demora na arrumação das garrafas, a tarefa foi realizada sem problemas; a criança comparava os tamanhos e ordenava conforme solicitado (da maior para a menor, juntar as pequena separando das maiores, etc). Esta atividade tinha como objetivo verificar as noções de tamanho (maior/menor) e estimular a coordenação motora e a contagem.



Jogo de dominó
Colocamos a disposição da criança um jogo de dominó.

A criança teve que ordenar as peças de acordo com a numeração de bolinhas contidas nas extremidades, utilizando as regras do dominó. À medida que é apresentada uma peça o aluno teve que colocar a correspondente.

A criança apresentou inicialmente certa dificuldade em entender o jogo e em colocar a peça adequada conforme o número de bolinhas da outra peça.

Depois de ensinado o jogo e dado exemplos, a criança executou a atividade de forma satisfatória se mostrando interessada pelo jogo.

Esta atividade visava desenvolver a percepção do sistema de numeração e estimular a associabilidade, a noção de seqüência e a contagem.


Botões matemáticos

Separamos botões de várias cores e tamanhos, selecionados por cores e tamanhos. 15 botões brancos, outros tantos azuis e assim por diante.

A criança foi orientada a separar botões por tamanhos, na quantidade solicitada, utilizando barbante e folha de papel.

Embora a criança colocasse os botões nas quantidades corretas no barbante, ela não conseguia relacionar com os termos “dúzia” e “dezena”.

Esta atividade permitiu identificar, com facilidade se a criança domina as noções de “meia dúzia”, “uma dúzia”, “uma dezena” e levar o aluno à descoberta de que duas “meias dúzias” formam uma “dúzia”.

Teve como objetivo desenvolver a habilidade de compreensão de sistemas de numeração, a coordenação motora e a orientação espacial.

Resultados das atividades lógico-matemáticas

Consideramos importante explicar para os pais como se processou a aplicação dos testes realizados na criança, bem como os objetivos de cada um deles. Informamos que a criança apresentou algumas dificuldades durante a realização de alguns dos testes, mas que fazia parte do processo de maturação da criança, porém não foi possível fechar um diagnóstico definitivo.

Apesar de os trabalhos terem sido realizados em um curto espaço de tempo e também da carência de diagnósticos de outros profissionais, relatamos aos pais que a criança, possivelmente, apresenta um grau de abstração razoável, mas que se estimulada de forma adequada ela pode alcançar resultados satisfatórios com relação à queixa de discalculia.

Para uma abordagem mais especifica foi explicado que seria necessário observar a criança em sala de aula e uma entrevista detalhada com os professores, e também, de um diagnostico neurológico para verificar possíveis danos de ordem cognitiva.

Há necessidade de um acompanhamento mais aproximado dos professores e da equipe pedagógica da escola no que se refere ao processo de ensino-aprendizagem.

Após conversarmos com os pais perguntamos à criança o que ela achou das atividades realizadas e depois explicamos para ela também cada etapa e a sua finalidade. Procuramos incentivá-la, alertando da importância da matemática para nossa vida, pois em todo o tempo estaremos fazendo contagens, somando, subtraindo, resolvendo problemas, entre outras coisas. Mostramos os avanços dela e as suas potencialidades, o seu desenvolvimento e suas capacidades.


Considerações finais

Mesmo sendo uma pequena prática de observação/avaliação diagnóstica, foi muito importante e relevante a sua aplicação para uma melhor compreensão da realidade do psicopedagogo institucional a fim de socializar os conhecimentos disponíveis, promover o desenvolvimento cognitivo e construir um espaço para que todos aqueles que participam da escola compreendam como e porque ela é um espaço de construção do conhecimento. (Rezende, 2007, p.46)

Pois é durante o processo de diagnóstico que o futuro psicopedagogo se desenvolve enquanto profissional.


Segundo Bassedas (1996),

“o diagnóstico psicopedagógico é um processo no qual é analisada a situação do aluno com dificuldade dentro do contexto de escola e de sala de aula, com a finalidade de proporcionar aos professores orientações e instrumentos que permitam modificar o conflito manifestado.”
Nesse prisma que envolve o cabedal teórico com a práxis, e deixando as dimensões da Faculdade para entrarmos no campo de atuação, que conseguimos vislumbrar a importância desse profissional dentro da educação, cujo papel principal é trabalhar com as dificuldades do aprendente a fim de investigar, avaliar, diagnosticar e orientar os professores na melhor forma de ajudar, em sala de aula, aquele aluno com dificuldades de aprendizagem para uma possível diminuição ou mesmo extinção de tais problemas.



Referencias bibliográficas



ANTUNES, Celso. Jogos para estimulação das Múltiplas Inteligências. Petrópolis, RJ Editora Vozes, 1998.

CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2005.

GARDNER, Howard. Inteligências múltiplas: a teoria na pratica. Porto Alegre: Artes Médicas (aRTmED), 1995.

MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

REZENDE, Mara Regina Kossoski Felix. Diagnóstico e avaliação psicopedagógica. Manaus: FSDB, 2007.

Site da Internet:http://pt.wikipedia.org/wiki/Discalculia, visitado em 11/06/2007.


Ao usar este artigo, mantenha os links e faça referência ao autor:

Jogos Matemáticos Para Estimulação Da Inteligência Nos Distúrbios De Discalculia publicado 16/08/2007 por Celso Rodrigues Cardoso Filho em http://www.webartigos.com


Fonte: http://www.webartigos.com/articles/2067/1/Jogos-Matemaacuteticos-Para-Estimulaccedilatildeo-Da-Inteligecircncia-Nos-Distuacuterbios-De-Discalculia/pagina1.html#ixzz0xkoXSSwl



Fonte de pesquisa:  http://www.webartigos.com/articles/2067/1/Jogos-Matemaacuteticos-Para-Estimulaccedilatildeo-Da-Inteligecircncia-Nos-Distuacuterbios-De-Discalculia/pagina1.html#ixzz0xknInpAp

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Discalculia é ainda mais comum que dislexia.


Seu filho não gosta das aulas de matemática? Saiba que, se a dificuldade em lidar com números estiver associada a problemas como a falta de senso de direção, ele pode sofrer de um distúrbio chamado discalculia. E esse problema é mais comum do que a incapacidade de ler.


Um novo estudo elaborado em Cuba e divulgado em um congresso científico no Reino Unido neste final de semana avaliou 1500 crianças e constatou que de 3% a 6% delas sofriam da discalculia, contra 2,5% e 4,3% que apresentaram dislexia.

De acordo com Quezia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, há uma série de sintomas que caracterizam a discalculia – e não apenas a dificuldade em fazer contas. “Geralmente, a criança que apresenta o distúrbio não tem boa noção espacial, confunde os conceitos de direita e esquerda, não consegue montar quebra-cabeças e não gosta de jogos de mesa, como baralho”, diz. Ou seja, é necessário o diagnóstico de um psicopedagogo para que ele diferencie o transtorno da dificuldade em aprender matemática. Consultar um neuropediatra também é importante para que se afaste a possibilidade de doenças mais graves.

Hereditário, esse transtorno é identificado em crianças a partir de 7 anos de idade. Caso o problema seja diagnosticado, saiba que seu filho pode continuar freqüentando as aulas normalmente – mas sempre acompanhado de perto pelos especialistas. “A pessoa com discalculia terá problemas com raciocínio matemático a vida inteira. Mas com o tratamento adequado, ela poderá se desenvolver satisfatoriamente”, diz Quezia.



Por Simone Tinti
http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI5550-15145,00.html

FONTE DE PESQUISA:http://tutoresbaraogeraldo.wordpress.com/2009/05/09/discalculia-e-ainda-mais-comum-que-dislexia/

Discalculia .


  O termo discalculia deriva de acalculia, o qual descreve um transtorno adquirido da habilidade para realizar operações matemáticas, depois de estas se terem desenvolvido e consolidado.




Contrariamente à acalculia, a discalculia encontra-se sobretudo em crianças, é de carácter evolutivo ou desenvolvimental, não resulta de uma lesão e associa-se sobretudo a dificuldades de matemática.



É uma perturbação que se manifesta na dificuldade de aprendizagem do cálculo. Esta dificuldade pode-se manifestar em vários níveis da aprendizagem. Assim, podemos encontrar dificuldades ao nível da leitura, escrita e compreensão de números ou símbolos, compreensão de conceitos e regras matemáticas, memorização de factos ou conceitos ou no raciocínio abstracto. Podem ainda estar associadas dificuldades em aprender a ver as horas ou lidar com o dinheiro.



Sinais indicadores:

•Dificuldades na identificação de números (visual e auditiva).

•Incapacidade para estabelecer uma correspondência recíproca (contar objectos e associar um numeral a cada um).

•Escassa habilidade para contar.

•Dificuldade na compreensão de conjuntos.

•Dificuldade na compreensão de quantidade.

•Dificuldade em entender o valor segundo a habituação de um número.

•Dificuldades nos cálculos.

•Dificuldades na compreensão do conceito de medida.

•Dificuldade para aprender a dizer a hora.

•Dificuldade na compreensão do valor das moedas.

•Dificuldade de compreensão da linguagem matemática e dos símbolos.

•Dificuldade em resolver problemas orais.

Problemas associados:

•Deficiente organização visuo-espacial e integração não verbal: não conseguem distinguir rapidamente as diferenças entre formas, tamanhos, quantidades e comprimentos.

•Dificuldade em observar grupos de objectos e dizer qual deles contém uma maior quantidade de elementos, em calcular distâncias e em fazer julgamentos de organização visuo-espacial.

•Distúrbio ao nível da imagem corporal.

•Distúrbios de integração visuo-motora.

•Desorientação: dificuldade na distinção esquerda-direita.

•Dificuldades na percepção social e na realização de julgamentos: maturidade social reduzida.

•Desempenhos em testes de inteligência, superiores nas funções verbais comparativamente às funções não verbais.

O que pode fazer:

•Usar cartas de jogar em jogos de cartas simples como o "peixinho": mostrar como se poderá atribuir valores às cartas pela contagem dos símbolos. Para evitar confusões retirar as cartas de figuras, utilizando apenas as de 2 a 10.

•Jogos de tabuleiro são excelentes para aprender os números, solicitando a contagem dos espaços a mover em cada volta. Podem ser introduzidas algumas referências à adição ou à subtracção no decorrer do jogo.

•Utilizar ou inventar "cantigas e lengalengas com números". Muitas crianças podem aprender conceitos matemáticos mais rápidamente (e recordarem por mais tempo) quando a música, rima e ritmo são utilizados para os ensinar.

•Encorajar a criança a utilizar os números diariamente:

◦Contar os produtos no supermercado.

◦Contar por ordem decrescente.

◦"Quantas rodas tem o teu carrinho de brincar?"; "Quantas rodas tem a tua bicicleta?"; "Qual dos dois tem mais rodas?"

◦"Que idade tens?"; "Que idade tem o teu irmão ou irmã?"; "qual é o mais velho?"; "Qual é a diferença de idade entre os dois?"



◦"Quantos amigos vais convidar para a tua festa de aniversário?"; "Quantas fatias de bolo devem ser cortadas?"; "E se cada menino ficar com duas fatias?"
 
 
FONTE DE PESQUISA: http://www.appdae.net/discalculia.html
 

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Celulas cerebrais

A dislexia costuma ser identificada nas salas de aula durante a alfabetização.




Introdução


A dislexia é mais frequentemente caracterizada pela dificuldade na aprendizagem da decodificação das palavras, na leitura precisa e fluente e na fala. Pessoas disléxicas apresentam dificuldades na associação do som à letra (o princípio do alfabeto); também costumam trocar letras, p. ex. b com d, ou mesmo escrevê-las na ordem inversa, p.ex "ovóv" para vovó. A dislexia, contudo, não é um problema visual, envolvendo o processamento da fala e escrita no cérebro, sendo comum também confundir a direita com a esquerda no sentido espacial.[2] Esses sintomas podem coexistir ou mesmo confundir-se com características de vários outros factores de dificuldade de aprendizagem, tais como o déficit de atenção/hiperatividade,[3] dispraxia, discalculia, e/ou disgrafia. Contudo a dislexia e as desordens do déficit de atenção e hiperatividade não estão correlacionados com problemas de desenvolvimento.[4]



[editar] História

Identificada pela primeira vez por BERKLAN em 1881, o termo 'dislexia' foi cunhado em 1887 por Rudolf Berlin, um oftalmologista de Stuttgart, Alemanha.[5] Ele usou o termo para se referir a um jovem que apresentava grande dificuldade no aprendizado da leitura e escrita ao mesmo tempo em que apresentava habilidades intelectuais normais em todos os outros aspectos.

Em 1896, W. Pringle Morgan, um físico britânico de Seaford, Inglaterra publicou uma descrição de uma desordem específica de aprendizado na leitura no British Medical Journal, intitulado "Congenital Word Blindness". O artigo descreve o caso de um menino de 14 anos de idade que não havia aprendido a ler, demonstrando, contudo, inteligência normal e que realizava todas as atividades comuns de uma criança dessa idade.[6]

Durante as décadas de 1890 e início de 1900, James Hinshelwood, oftalmologista escocês, publicou uma série de artigos nos jornais médicos descrevendo casos similares.[7]

Um dos primeiros pesquisadores principais a estudar a dislexia foi Samuel T. Orton, um neurologista que trabalhou inicialmente em vítimas de traumatismos. Em 1925 Orton conheceu o caso de um menino que não conseguia ler e que apresentava sintomas parecidos aos de algumas vítimas de traumatismo. Orton estudou as dificuldades de leitura e concluiu que havia uma síndrome não correlacionada a traumatismos neurológicos que provocava a dificuldade no aprendizado da leitura. Orton chamou essa condição por strephosymbolia (com o significado de 'símbolos trocados') para descrever sua teoria a respeito de indivíduos com dislexia.[8] Orton observou também que a dificuldade em leitura da dislexia aparentemente não estava correlacionada com dificuldades estritamente visuais.[9] Ele acreditava que essa condição era causada por uma falha na laterização do cérebro.[10] A hipótese referente à especialização dos hemisférios cerebrais de Orton foi alvo de novos estudos póstumos na década de 1980 e 1990, estabelecendo que o lado esquerdo do planum temporale,uma região cerebral associada ao processamento da linguagem é fisicamente maior que a região direita nos cérebros de pessoas não disléxicas; nas pessoas disléxicas, contudo, essas regiões são simétricas ou mesmo ligeiramente maior no lado direito do cérebro.[11]

Pesquisadores estão atualmente buscando uma correlação neurológica e genética para a dificuldade em leitura.[12]


[editar] Causas físicas

Apesar de não haver um consenso dos cientistas sobre as causas da dislexia, pesquisas recentes apontam fortes evidências neurológicas para a dislexia. Vários pesquisadores sugerem uma origem genética para a dislexia.[13][14][15] Outro fator que vem sendo estudado é a exposição do feto a doses exageradas de testosterona, hormônio masculino, durante a sua formação in-útero no ramo de estudos da teratologia; nesse caso a maior incidência da dislexia em pessoas do sexo masculino seria explicada por abortos naturais de fetos do sexo feminino durante a gestação. Segundo essas teorias, a dislexia pode ser explicada por causas físico-químicas (genéticas ou hormonais) durante a concepção e a gestação,[16] dando uma explicação sobre os motivos de haver, aproximadamente, 4 pessoas disléxicas do sexo masculino para 1 do sexo feminino. Segundo essa abordagem da dislexia, ela é uma condição que manifesta-se por toda a vida não havendo cura. Em alguns casos remédios e estratégias de compensação auxiliam os disléxicos a conviver e superar suas dificuldades com a linguagem escrita.[17]



[editar] Causas de má-formação congênita

Nessa teoria as causas da dislexia têm origem numa má-formação congênita que devem ser corrigidas por meio de cirurgia e tratamentos medicinais. Seguindo essa teoria:

Muitas dessas causas têm a ver com alterações do sistema craniossacral que precisam ser detectadas e corrigidas.

Muitas outras causas se referem ao sistema proprioceptivo que é um sistema que tem sido descurado pela medicina até muito recentemente.

Muitas outras causas têm a ver com o sistema fascial (fáscia), que é um sistema ainda não muito falado mundialmente.



[editar] Fatores que Influenciam a Dislexia

Os padrões de movimentos oculares são fundamentais para a leitura eficiente.

São as fixações nos movimentos oculares que garantem que o leitor possa extrair informações visuais do texto. No entanto, algumas palavras são fixadas por um tempo maior que outras.

Por que isso ocorre? Existiriam assim fatores que influenciam ou determinam ou afetam a facilidade ou dificuldade do reconhecimento de palavras, a saber:


familiaridade,
freqüência,
idade da aquisição,
repetição,
significado e contexto,

Regularidade de correspondência entre ortografia-som ou grafema-fonema, e
Interações.[18]

[editar] A Dislexia como Fracasso Inesperado

A dislexia é uma síndrome estudada no âmbito da Dislexiologia, um dos ramos da Psicolingüística Educacional. A Dislexiologia, definida como ciência da dislexia, é um termo criado pelo professor Vicente Martins (UVA), referindo-se aos estudos e pesquisas, no campo da Psicolingüística, que tratam das dificuldades de aprendizagem relacionadas com a linguagem escrita (dislexia, disgrafia e disortografia).

A dislexia, segundo Jean Dubois et al. (1993, p.197), é um defeito de aprendizagem da leitura caracterizado por dificuldades na correspondência entre símbolos gráficos, às vezes mal reconhecidos, e fonemas, muitas vezes, mal identificados.

A dislexia, segundo o lingüista, interessa de modo preponderante tanto à discriminação fonética quanto ao reconhecimento dos signos gráficos ou à transformação dos signos escritos em signos verbais.

A dislexia, para a Lingüística, assim, não é uma doença, mas um fracasso inesperado (defeito) na aprendizagem da leitura, sendo, pois, uma síndrome de origem lingüística.

As causas ou a etiologia da síndrome disléxica são várias e dependem do enfoque ou da análise do investigador. Aqui, tendemos a nos apoiar em aportes da análise lingüística e cognitiva ou simplesmente da Psicolingüística.

Muitas das causas da dislexia resultam de estudos comparativos entre disléxicos e bons leitores. Podemos indicar as seguintes:

a) Hipótese de déficit perceptivo;
b) Hipótese de déficit fonológico, e
c) Hipótese de déficit na memória.

Atualmente, os investigadores na área de Psicolingüística aplicada à educação escolar apresentam a hipótese de déficit fonológico como a que justificaria, por exemplo, o aparecimento de disléxicos com confusão espacial e articulatória.

Desse modo, são considerados sintomas da dislexia relativos à leitura e escrita os seguintes erros:[

erros por confusões na proximidade especial:

a) confusão de letras simétricas;
b) confusão por rotação e
c) inversão de sílabas

confusões por proximidade articulatória e seqüelas de distúrbios de fala:

a) confusões por proximidade articulatória;
b) omissões de grafemas, e
c) omissões de sílabas.

As características lingüísticas, envolvendo as habilidades de leitura e escrita, mais marcantes das crianças disléxicas, são:

a acumulação e persistência de seus erros de soletração ao ler e de ortografia ao escrever;
confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças sutis de grafia: a-o; c-o; e-c; f-t; h-n; i-j; m-n; v-u; etc;
confusão entre letras, sílabas ou palavras com grafia similar, mas com diferente orientação no espaço: b-d; b-p; d-b; d-p; d-q; n-u; w-m; a-e;
confusão entre letras que possuem um ponto de articulação comum, e, cujos sons são acusticamente próximos: d-t; j-x;c-g;m-b-p; v-f;
inversões parciais ou totais de sílabas ou palavras: me-em; sol-los; som-mos; sal-las; pal-pla.

Segundo Mabel Condemarín (1987, p.23), outras perturbações da aprendizagem podem acompanhar os disléxicos,:

Alterações na memória
Alterações na memória de séries e seqüências
Orientação direita-esquerda
Linguagem escrita
Dificuldades em matemática
Confusão com relação às tarefas escolares
Pobreza de vocabulário
Escassez de conhecimentos prévios (memória de longo prazo)

Agora, uma pergunta pode advir: Quais as causas ou fatores de ordem pedagógico-lingüística que favorecem a aparição das dislexias?
De modo geral, indicaremos as causas de ordem pedagógica, a começar por:
Atuação de docente não qualificado para o ensino da língua materna (por exemplo, um professor ou professora sem formação superior na área de magistério escolar ou sem formação pedagógica, em nível médio, que desconheça a fonologia aplicada à alfabetização ou conhecimentos lingüísticos e metalingüísticos aplicados aos processos de leitura e escrita).


Crianças com tendência à inversão
Crianças com deficiência de memória de curto prazo
Crianças com dificuldades na discriminação de fonemas (vogais e consoantes)
Vocabulário pobre
Alterações na relação figura-fundo
Conflitos emocionais
O meio social
As crianças com dislalia
Crianças com lesão cerebral

No caso da criança em idade escolar, a Psicolingüística define a dislexia como um fracasso inesperado na aprendizagem da leitura (dislexia), da escrita (disgrafia) e da ortografia (disortografia) na idade prevista em que essas habilidades já devem ser automatizadas. É o que se denomina de dislexia de desenvolvimento.

No caso de adulto, tais dificuldades quando ocorrem depois de um acidente vascular cerebral (AVC) ou traumatismo cerebral, dizemos que se trata de dislexia adquirida.



[editar] As Escolas

A maioria das escolas do Brasil não dá suporte a crianças e adolecentes com dislexia, algumas nem ao menos têm conhecimento do problema. Tais alunos são tratados como os normais, e o possível baixo rendimento não é associado à consequência da doença.

A dislexia, como dificuldade de aprendizagem, verificada na educação escolar, é um distúrbio de leitura e de escrita que ocorre na educação infantil e no ensino fundamental. Em geral, a criança tem dificuldade em aprender a ler e escrever e, especialmente, em escrever corretamente sem erros de ortografia, mesmo tendo o Quociente de Inteligência (QI) acima da média.

Além do QI acima da média, o psicólogo Jesus Nicasio García, assinala que devem ser excluídas do diagnóstico do transtorno da leitura as crianças com deficiência mental, com escolarização escassa ou inadequada e com déficits auditivos ou visuais (1998, p. 144).

Tomando por base a proposta de Mabel Condemarín (l989, p. 55), a dificuldade de aprendizagem relacionada com a linguagem (leitura, escrita e ortografia), pode ser inicial e informalmente (um diagnóstico mais preciso deve ser feito e confirmado por neurolingüista) diagnosticada pelo professor da língua materna, com formação na área de Letras e com habilitação em Pedagogia, que pode vir a realizar uma medição da velocidade da leitura da criança, utilizando, para tanto, a seguinte ficha de observação, com as seguintes questões a serem prontamente respondidas:

A criança movimenta os lábios ou murmura ao ler?
A criança movimenta a cabeça ao longo da linha?
Sua leitura silenciosa é mais rápida que a oral ou mantém o mesmo ritmo de velocidade?
A criança segue a linha com o dedo?
A criança faz excessivas fixações do olho ao longo da linha impressa?
A criança demonstra excessiva tensão ao ler?
A criança efetua excessivos retrocessos da vista ao ler?

Para o exame dos dois últimos pontos, é recomendável que o professor coloque um espelho do lado posto da página que a criança lê. O professor coloca-se atrás e nessa posição pode olhar no espelho os movimentos dos olhos da criança.

O cloze, que consiste em pedir à criança para completar certas palavras omitidas no texto, pode ser importante aliado para o professor de língua materna determinar o nível de compreensibilidade do material de leitura (ALLIENDE: 1987, p.144)

Fonte: Martins, Vicente. A dislexia em sala de aula . In PINTO, Maria Alice Leite. (Org.). Psicopedagogia: diversas faces, múltiplos olhares. São Paulo: Olho d"áGUA, 2003.



[editar] Disléxicos famosos

Albert Einstein

Agatha Christie[19]

Charles Darwin[19]

Cher (cantora)[19]

Franklin D. Roosevelt[19]

George Washington[19]

Leonardo Da Vinci[19]

Napoleão Bonaparte[19]

Pablo Picasso[19]

Ozzy Osbourne

Robin Williams[19]

Salma Hayek[20]

Thomas A. Edison[19]

Tom Cruise[19]

Vincent van Gogh[19]

Winston Churchill[19]

Walt Disney[19]

Whoopi Goldberg[19]

Notas

↑ Sally Shaywitz, M.D. (2003-07-28). Conversation with Sally Shaywitz, M.D. SchwabLearning.org. Página visitada em 2007-12-15.

↑ Murphy, Martin F. Dyslexia, An Explanation. Flyleaf Press, 2004.

↑ Deborah Moncrieff (2004-04-12). "Temporal Processing Deficits in Children with Dyslexia". Audiology Online.

↑ Dalby, JT (1985). "Taxonomic separation of attention deficit disorders and developmental reading disorders". Contemporary Educational Psychology 10: 228-234.

↑ "Uber Dyslexie". Archiv fur Psychiatrie 15: 276-278.

↑ Snowling, Margaret J. (1996-11-02). "Dyslexia: a hundred years on". BMJ 313 (7065): 1096.

↑ Hinshelwood, J.. Congenital Word-blindness. HK Lewis \& Co., ltd., 1917.

↑ Orton, ST (1925). "'Word-blindness' in school children.". Archives of Neurology and Psychiatry 14: 285–516.

↑ Henry, MK (1998). "Structured, sequential, multisensory teaching: The Perlow legacy". Annals of Dyslexia.

↑ Orton, S.T. (1928). "Specific reading disability—strephosymbolia". Journal of the American Medical Association 90 (14): 1095-1099.

↑ Galaburda, A.M.; Menard, M.T.; Rosen, G.D. (1994-08-16). "Evidence for Aberrant Auditory Anatomy in Developmental Dyslexia". Proceedings of the National Academy of Sciences 91 (17): 8010-8013.

↑ Lyytinen, Heikki; Erskine, Jane; Aro, Mikko; Richardson, Ulla. Blackwell Handbook of Language Development: Reading and reading disorders. Blackwell, 2007. pp.454-474. ISBN 9781405132534

↑ Cope, N; Harold D, Hill G, Moskvina V, Stevenson J, Holmans P, Owen MJ, O'Donovan MC, Williams J (April 2005). "Strong evidence that KIAA0319 on chromosome 6p is a susceptibility gene for developmental dyslexia". American Journal of Human Genetics 76 (4): 581-91.

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↑ Schumacher, J; Anthoni H, Dahdouh F, Konig IR, Hillmer AM, Kluck N, Manthey M, Plume E, Warnke A, Remschmidt H, Hulsmann J, Cichon S, Lindgren CM, Propping P, Zucchelli M, Ziegler A, Peyrard-Janvid M, Schulte-Korne G, Nothen MM, Kere J (Jan 2006). "Strong genetic evidence of DCDC2 as a susceptibility gene for dyslexia". American Journal of Human Genetics 78 (1): 52-62.

↑ Causa da dislexia é genética, apontam especialistas. Folha Online (08 de outubro de 2007). Página visitada em 2007-10-08.

↑ Clark, Diana B, et.al.. Dyslexia: Theory and Practice of Remedial Instruction. York Press, 1995.

↑ ELLIS: 1995, p.19-28

↑ a b c d e f g h i j k l m n o Confira lista com 15 disléxicos famosos (2007-10-08). Página visitada em 2008-02-10.

↑ Biografia de Salma Hayek (2008-05-24). Página visitada em 2008-05-24.

[editar] Bibliografia

ALLIENDE, Felipe, CONDEMARÍN, Mabel. (1987). Leitura: teoria, avaliação e desenvolvimento. Tradução de José Cláudio de Almeida Abreu. Porto Alegre: Artes Médicas.

CONDEMARÍN, Mabel, BLOMQUIST, Marlys. (1989). Dislexia; manual de leitura corretiva. 3ª ed. Tradução de Ana Maria Netto Machado. Porto Alegre: Artes Médicas.

DUBOIS, Jean et alii. (1993). Dicionário de lingüística. SP: Cultrix.

ELLIS, Andrew W. (1995). Leitura, escrita e dislexia: uma análise cognitiva. 2 ed. Tradução de Dayse Batista. Porto Alegre: Artes Médicas.

GARCÍA, Jesus Nicasio. (1998). Manual de dificuldades de aprendizagem: linguagem, leitura, escrita e matemática. Tradução de Jussara Haubert Rodrigues. Porto Alegre: Artes Médicas.

HOUT, Anne Van, SESTIENNE, Francoise. (2001). Dislexias: descrição, avaliação, explicação e tratamento. 2ª ed. Tradução de Cláudia Schilling. Porto Alegre: Artes Médicas.

MARTINS, Vicente. (2002). Lingüística Aplicada às dificuldades de aprendizagem relacionadas com a linguagem: dislexia, disgrafia e disortografia. Disponível na Internet: http://sites.uol.com.br/vicente.martins/

ALLIENDE, Felipe, CONDEMARÍN, Mabel. (1987). Leitura: teoria, avaliação e desenvolvimento. Tradução de José Cláudio de Almeida Abreu. Porto Alegre: Artes Médicas.

DUBOIS, Jean et ali. (1993). Dicionário de lingüística. Direção e coordenação geral da tradução de Izidoro Blinstein. SP: Cultrix.

ELLIS, Andrew W. (1995).Leitura, escrita e dislexia: uma analise cognitiva. 2ª edição. Tradução de Dayse Batista. Porto Alegre: Artes Médicas.

HARRIS, Theodore L, HODGES, Richard. (1999). Dicionário de alfabetização: vocabulário de leitura e escrita. Tradução de Beatriz Viégas-Faria. Porto Alegre: Artes Médicas

MONTEIRO, José Lemos. (2002). Morfologia portuguesa. Campinas: Pontes.

RODRIGUES, Norberto. (1999). Neurolingüística dos distúrbios da fala.. São Paulo: Cortez: EDUC (Fala viva; v.1)

YAVAS, Mehmet, HERNANDOREMA, Carmen L. Matzenauer. LAMPRECHT, Regina Ritter. (1991). Avaliação fonológica da criação: reeducação e terapia. Porto Alegre: Artes Médicas.

FONTE DE PESQUISA: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dislexia

sinapsis

Neurotransmisores

MASTER TDAH

TDAH - crianças , adolescentes e adultos !

TDAH - Sintomas em crianças e adolescentes!




TDAH - Sintomas em crianças e adolescentes!


Sintomas em crianças e adolescentes

As crianças com TDAH, em especial os meninos, são agitadas ou inquietas. Freqüentemente têm apelido de "bicho carpinteiro" ou coisa parecida. Na idade pré-escolar, estas crianças mostram-se agitadas, movendo-se sem parar pelo ambiente, mexendo em vários objetos como se estivessem “ligadas” por um motor. Mexem pés e mãos, não param quietas na cadeira, falam muito e constantemente pedem para sair de sala ou da mesa de jantar.

Elas têm dificuldades para manter atenção em atividades muito longas, repetitivas ou que não lhes sejam interessantes. Elas são facilmente distraídas por estímulos do ambiente externo, mas também se distraem com pensamentos "internos", isto é, vivem "voando".


Nas provas, são visíveis os erros por distração (erram sinais, vírgulas, acentos, etc.). Como a atenção é imprescindível para o bom funcionamento da memória, elas em geral são tidas como "esquecidas": esquecem recados ou material escolar, aquilo que estudaram na véspera da prova, etc. (o "esquecimento" é uma das principais queixas dos pais).


Quando elas se dedicam a fazer algo estimulante ou do seu interesse, conseguem permanecer mais tranqüilas. Isto ocorre porque os centros de prazer no cérebro são ativados e conseguem dar um "reforço" no centro da atenção que é ligado a ele, passando a funcionar em níveis normais.


O fato de uma criança conseguir ficar concentrada em alguma atividade não exclui o diagnóstico de TDAH. É claro que não fazemos coisas interessantes ou estimulantes desde a hora que acordamos até a hora em que vamos dormir: os portadores de TDAH vão ter muitas dificuldades em manter a atenção em um monte de coisas.

Elas também tendem a ser impulsivas (não esperam a vez, não lêem a pergunta até o final e já respondem, interrompem os outros, agem antes de pensar). Freqüentemente também apresentam dificuldades em se organizar e planejar aquilo que querem ou precisam fazer.


Seu desempenho sempre parece inferior ao esperado para a sua capacidade intelectual. O TDAH não se associa necessariamente a dificuldades na vida escolar, embora esta seja uma queixa freqüente de pais e professores. É mais comum que os problemas na escola sejam de comportamento que de rendimento (notas).

Um aspecto importante: as meninas têm menos sintomas de hiperatividade-impulsividade que os meninos (embora sejam igualmente desatentas), o que fez com que se acreditasse que o TDAH só ocorresse no sexo masculino. Como as meninas não incomodam tanto, eram menos encaminhadas para diagnóstico e tratamento médicos.



Fonte: http://tdah.org.br/quadro01.php

FONTE DE PESQUISA:
http://sites.google.com/site/paisempenhados/Pais-Empenhados/crescer-no-projecto

domingo, 15 de agosto de 2010

Professor é alertado para distúrbios


08/08/2010


Professor é alertado para distúrbios

Rede estadual discute problemas na aprendizagem e município inclui curso específico para orientar sobre TDAH

Luciana La Fortezza

Professores da rede estadual têm sido alertados por meio de aulas por teleconferência ou em encontros presenciais para problemas como dislexia e hiperatividade desde 2007. A Secretaria do Estado da Educação, no entanto, não dispõe de dados referentes a quantos estudantes foram diagnosticados com a dificuldade em todo território paulista.

“Identificando esses estudantes, eles são encaminhados ao setor de saúde da região pelos responsáveis, que são contatados pela escola”, informa fonoaudióloga Denise Cintra Villas Boas, técnica do Centro de Apoio Pedagógico Especializado/Serviço de Educação Especial da secretaria – ao abordar especificamente sobre a dislexia.

Os professores, diz Denise, também são orientados em relação a como lidar com os alunos com dificuldades de aprendizagem. No caso da hiperatividade, por exemplo, recebem a recomendação de mantê-los nas carteiras mais próximas a eles.

“O professor tem de ter uma rotina sempre organizada, previsível. Informar o conteúdo que vai ser visto naquele dia. Isso acaba um pouco com a ansiedade do aluno. Ajuda não só o hiperativo como os outros”, informa Glenda Aref Salamah Mello, do Centro de Apoio Pedagógico Especializado/Serviço de Educação Especial da pasta.

Ao citar outras sugestões encaminhadas para tornar a sala de aula mais interessante, aponta, por exemplo, a importância em se apresentar conteúdos mais difíceis no início da aula e, se possível, combiná-la com movimentos breves de exercícios físicos. “O professor tem de dar um foco, justamente para a criança não precisar tomar a medicação. Não são todos os casos que precisam”, explica Glenda ao tratar do TDAH.

Glenda não acredita que o transtorno esteja culpabilizando crianças por fracassos da escola e acredita em evidências científicas que atribuem o problema a bases neurobiológicas.


Para professora, TDAH torna o aluno culpado

Ao estabelecer o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) como doença, o único culpado pela dificuldade no processo de aprendizagem é o aluno, opina professora Cecília Azevedo Lima Collares, que trabalhou por 28 anos na faculdade de educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Neste caso, o processo exime de responsabilidade Estado, escolas e pais.

“As próprias crianças introjetam esse rótulo de doente. É muito comum dizerem ‘a tia faz tudo o que pode, mas eu sou ruim das ideia (sic)”, comenta.

Cecília, no entanto, ressalta que se existe algum algum culpado trata-se da política educacional – não professores, nem pais, muito menos os pequenos. Para ela, fatores individuais, familiares e da escola têm peso mínimo frente às questões políticas.

“É um sistema que prioriza a educação no discurso, não na prática”, afirma. A professora ainda admite que a maior parte da categoria é mal formada e não está preparada especialmente para trabalhar com alunos de comportamento diferenciado em sala de aula.

“Só que de todos os profissionais que gravitam pela escola, a única que admite ser mal formada é a professora. A psicóloga fica ofendidíssima na mesma situação. O médico, então, morre. Em todo o curso de medicina, o médico não vê nada de aprendizagem, nem deveria porque não é professor, mas é ele quem atende a criança”, avalia.

Embora em todas as categorias haja profissionais mal preparados, muitas vezes são eles os responsáveis pelo diagnóstico de crianças eventualmente portadoras de TDAH. “Agora não tem fracasso escolar, tem distúrbio. O fracasso é da criança. O problema é computado só a ela. Mas que escola é essa que o aluno chega à 8ª série sem saber ler e escrever? As crianças não têm nada. O que existe é um problema seríssimo de ‘ensinagem’”, destaca Collares.


Outro problema é o fato das professoras terem de lidar com uma sala com 40 crianças. “Elas enlouquecem. A professora primária hoje ganha menos que muita empregada doméstica. É aviltante. Ela se diz apolítica e não percebe que está mergulhada nas políticas públicas. O problema do fracasso escolar, das invenções dessas doenças é falta de uma pedagogia bem feita. A criança precisa de ‘ensinagem’. Será que todo esse fracasso escolar não é um sucesso?”, questiona.
‘Atenção é desenvolvida através da aprendizagem’

Estar atento aos conteúdos escolares não é algo natural, mas tem que ser produzido, adverte Marisa Meira, doutora em psicologia escolar e professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru. Portanto, resta ao adulto ensinar à criança.

“A pergunta não deveria ser o que acontece com as crianças que não prestam atenção na aula. Deveria ser como se faz para produzir atenção dos alunos em sala de aula”, afirma.

Na opinião dela, mesmo as crianças diagnosticadas com TDAH podem desenvolver atenção se tiverem condição para isso. Meira desenvolve pesquisas sobre o desenvolvimento das funções superiores psicológicas na educação escolar.

“Um dos temas mais importantes é a atenção e o controle voluntário do comportamento. O mundo contemporâneo é hiperativo. É necessário, então, desenvolver o controle voluntário. Caso contrário, a pessoa é conduzida o tempo todo pelos estímulos superiores. Se não der condição da criança fazer isso, como cobrar dela atenção? A atenção também exige controle voluntário”, explica a psicóloga.

Diante disso, para ela, o desafio não é apenas orientar contra a medicação, mas mostrar que há possibilidade de se desenvolver atenção dentro da escola. “Nós acreditamos que não haja aprendizagem sem atividade intensa do aluno, mas não é qualquer atividade. Estar ativo é uma questão importante para a aprendizagem”, afirma Marisa.

Mas, segundo ela, estar ativo deixa de ser considerado importante quando se faz o diagnóstico e se medica. “Nós perguntamos: será que teríamos tantas crianças com problemas neurológicos? Se formos acreditar nisso, teríamos uma nação condenada”, opina, ao acrescentar que dados nacionais dão conta de que 70% das crianças encaminhadas aos serviços públicos de saúde mental apresentam queixas escolares.


Orientação municipal

Os projetos de educação continuada, inclusos na Semana de Educação, contemplarão curso sobre problemas como o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), a ser ministrado aos professores da rede municipal, informa a titular da Secretaria Municipal de Educação, Vera Casério.

De acordo com a secretaria, a abordagem, no entanto, não será profunda a ponto de dizer que a questão se dá de forma igual para todas as crianças. “Cada uma tem suas características específicas. Precisamos sempre conversar com quem fez o diagnóstico, com quem faz o acompanhamento para desenvolvermos o trabalho correto nas escolas. O diagnóstico tem que ser feito por médicos, acompanhados por psicólogos. E nós, professores, precisamos de orientação.

Na opinião de Vera, o professor não é habilitado para dizer se a criança tem ou não hiperatividade. “Se desconfiar que a criança tenha algum problema, tem de chamar os pais para encaminhá-la”, conclui.

Falta investimento

Embora a Constituição de 1988 tenha estabelecido que 25% dos impostos sejam vinculados à educação, ainda falta verba a ser aplicada nas escolas porque foram encontrados meios legais de burlar a obrigatoriedade. A informação é da professora titular de pediatria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Maria Aparecida Affonso Moysés.

De acordo com ela, atualmente, chegam à educação menos de 7% do previsto inicialmente. “A Constituição fala em imposto. Em 1988 nós só tínhamos impostos. Hoje, eles representam menos de 25% da arrecadação federal. O resto é taxa, contribuição sobre as quais não incidem as verbas vinculadas”, explica.

Posteriormente, na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, foi criada a Desvinculação de Receitas da União (DRU), acrescenta a médica. Por meio da DRU, o governo federal pode desvincular 20% do total. O valor ainda é achatado por conta das isenções, como a de veículos e geladeiras, sendo que o governo arrecada por outro meio.

Medicação de hiperatividade é polêmica.

08/08/2010


Medicação de hiperatividade é polêmica

Especialistas contrários citam insônia e agressividade como contraindicações; favoráveis apontam a melhora nas relações

Luciana La Fortezza

Se já não existe consenso em relação ao fato do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ser doença, a polêmica é ainda maior quando o assunto é a medicação. Apenas neste ano, porém, gastou-se no Brasil R$ 88 milhões com a compra de metilfenidato – fármaco utilizado no tratamento –, segundo dados informados por fontes do JC.

A professora titular de pediatria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Maria Aparecida Affonso Moysés, por exemplo, é radicalmente contra a utilização de drogas em crianças e adolescentes diagnosticados como hiperativos. Na opinião dela, a relação custo-benefício é “péssima” por conta das reações adversas.

“A lista é enorme. Tem insônia, cefaleia, agitação, agressividade, tontura, alucinação, psicose e a faixa de suicídio não é desprezível. Tem também o ‘zumbi like’, que é agir como zumbi. A hipertensão é em torno de 10%, assustador. Isso em crianças que não têm nada”, comenta.

Já o neurologista Abram Topczweski é adepto ao uso do metilfenidato, quando necessário. “Dipirona sódica também dá morte súbita, antibiótico também pode provocar isso. Efeitos colaterais têm até em função do ar que se respira. Por isso, Imagina-se que o especialista responsável pela receita tenha vivência com o medicamento, com os efeitos adversos, que o saiba controlá-lo para levar ao bem estar do indivíduo. O medicamento foi inventado para melhorar seu estado geral. Será que ela (Maria Aparecida) pensa que no Brasil e nos Estados Unidos, por exemplo, só tem maluco?”, questiona.

Ainda assim, segundo o médico, não é uma medicação utilizada deliberadamente, sendo prescrita em receitas amarelas, mais controladas, embora seja possível encontrar a substância em qualquer danceteria boa da Capital ou do Interior. O preço nas farmácias de Bauru varia de R$ 19,39 (quando deve ser administrada cerca de três vezes ao dia) a R$ 383,00 (de uso prolongado), dependendo da marca.

“O preço não é econômico e o risco é alto demais. O que eu quero saber é a que preço e para que essa criança precisa focar atenção. Por que não presta atenção na tarefa? Não é que não preste atenção em nada. Temos de procurar a causa, questionando, por exemplo, que conflito essa criança está vivenciado?”, diz Maria Aparecida.

Já os questionamentos de Abram Topczweski fazem menção aos sofrimentos e aos prejuízos de crianças e adolescentes diagnosticados com hiperatividade. Na opinião dele, tudo deve girar em torno disso. Quais são os prejuízos de um indivíduo que tem problemas sociais, na escola e na família em decorrência do TDAH?



Escola discute assunto em publicação interna

Com o título ‘A Droga da Obediência”, o D’Incao Instituto de Ensino discutiu o problema da hiperatividade na ‘Folha do Educador’, jornal publicado pela própria instituição. O enfoque principal foi a utilização da medicação em crianças e adolescentes diagnosticados com o problema, o que suscitou o interesse do JC em abordar o assunto numa matéria.

“Nos causou grande preocupação a sucessiva incidência de pais que diziam que seus filhos tinham problemas pedagógicos e eram orientados a passar por uma investigação fisiológica, como se fosse um problema médico”, comenta Carlos D’Incao, historiador e proprietário do instituto.

Ele defende que tais problemas sejam tratados por via terapêutica e não sob a ótica do capital., já que acredita que o capitalismo não só produz mercadorias, como também as necessidades para o consumo de sua produção.

“A indústria farmacêutica não é exceção”, afirma – ao mencionar o grande consumo de metilfenidato no mundo. Porém, acredita que existam resistências a esse modelo consumista que, atualmente, propicia um grande abertura a forças reacionárias.

Na visão de Carlos D’Incao, o cenário também contempla o processo pedagógico uniformizador, segundo o qual o ser humano tem desenvolvimento espontâneo. Sob esse ponto de vista, quem não o atinge corre o risco de ser tratado como se tivesse uma anomalia.

“No nosso entender, o desenvolvimento só ocorre por meio da mediação de alguém mais desenvolvido que ensina o menos desenvolvido”, explica Carlos D’Incao, que segue a psicologia Vygotskyana. “Os alunos não têm sido corretamente estimulados porque espera-se avanços espontâneos. E tem gente lucrando muito com esse universo”, alerta.


Dislexia não tem tratamento

Estudada há mais de 100 anos, a dislexia não tem tratamento medicamentoso, informa Rosemari Marquetti de Mello, presidente da Associação Brasileira de Dislexia (ABD) e que foi diagnosticada com o problema aos 37 anos, quando procurava ajuda para o filho que apresentava dificuldades na escola, embora visivelmente fosse bastante inteligente.

Sem o mesmo respaldo, Rosemari parou de estudar aos 18 anos por conta de obstáculos semelhantes. “Eu me sentia inteligente, mas era vista como incapaz”, comenta.

Após o diagnóstico, procurou terapia, voltou a estudar e conclui no ano passado a faculdade de psicologia. Nos bancos escolares se deparou com dificuldade de concentração e, depois de estudar a questão, inclusive com uma psiquiatra, utilizou o metilfenidato.

“Foi muito importante para mim porque para o disléxico é fundamental ‘ler’ a professora, mas estou falando como usuária”, destaca.

De acordo com ela, para evitar diagnósticos equivocados, a ABD só valida casos de dislexia após minuciosa análise de uma equipe multidisciplinar. “Uma pessoa sozinha não tem condição de avaliar. Não é um problema médico, é educacional em conjunto”, afirma Rosemari, que admite, inclusive, que existe muito charlatanismo na área.

Caps infantil investe no tratamento terapêutico

O Centro de Atenção Psicossocial Infantil (Caps-i) de Bauru investe no tratamento terapêutico com diálogo interdisciplinar, segundo a coordenadora do serviço, Marilza Ramos. “Se não apresentar resultados, abre-se a possibilidade de se fazer avaliação médica. É quando o especialista pode analisar a necessidade de medicação”, informa.



De acordo com Marilza, no mês de julho, 67 crianças com idade entre 7 e 12 anos participaram de tratamento terapêutico, a maioria com dificuldades de aprendizagem e depressão.



“O TDAH não é sozinho, existem outros adoecimentos psicológicos de base. A criança, por exemplo, tem depressão e, como consequência, TDAH. A questão do TDAH não pode ficar só no enfoque psicológico, mas tem que trabalhar áreas de conhecimento com neuropediatra, psiquiatra, fonoaudiologia”, explica Marilza.

Ela entende o problema como resultado de múltiplas determinações. “Por isso, tem de trabalhar família, criança e escola”, conclui.





FONTE DE PESQUISA: http://www.jcnet.com.br/detalhe_geral.php?codigo=189020

Sociedade atual gera mais hiperativos


08/08/2010


Sociedade atual gera mais hiperativos

Acesso à informação e cobranças por desempenho ampliam casos de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade

Luciana La Fortezza

Seja pelo excesso de atividades simultâneas exigidas pelo mundo contemporâneo, seja por conta da atenção redobrada de professores e especialistas, em virtude do fracasso escolar longe de ser revertido nas escolas ou, ainda, em função dos interesses meramente comerciais, a sociedade atual ‘produz’ a cada dia número maior de crianças e adolescentes considerados hiperativos.

Somente neste ano, gastou-se no Brasil R$ 88 milhões com a compra de metilfenidato – fármaco utilizado no tratamento das pessoas diagnosticadas com o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Por conta das variáveis envolvidas na questão, previsível imaginar o quanto ela é polêmica.

A discussão já começa na origem. Trata-se de uma doença ou de um problema de comportamento? Outra questão: a medicação é um alento para quem sofre com o incômodo físico e intelectual ou é uma iniciativa para submeter ao controle quem não age conforme os padrões estabelecidos por uma sociedade que cobra alta competitividade desde que seu resultado seja obtido de forma uniformizada? E ainda: o TDAH é produto de práticas escolares ineficientes? As perguntas são muitas e os argumentos oscilam conforme a posição de cada entrevistado.

Em meio às controvérsias, a única constatação precisa é que rotulações não faltam na vida daquele que vivencia o problema. Ou é doente ou é desatento ou, quem sabe, burro, vagabundo, preguiçoso. A questão continua ou cai num problema social. Difícil, talvez impossível, não introjetar as classificações - cápsulas malignas para a autoestima.

Dentre todas as pechas, a presidente da Associação Brasileira de Dislexia (ABD), Rosemari Marquetti de Mello, ‘prefere’ a primeira. “Quando se sabe o que se tem, se consegue recursos para se livrar. Se é taxado de incapaz, quem vai tirar esse rótulo?”, questiona.

Não existe tratamento medicamentoso para dislexia, problema que ela identificou apenas depois de adulta, quando o filho apresentou problemas na escola. A partir de então, recuperou o amor próprio, voltou para a sala de aula e depois recebeu o diagnóstico de TDAH.

“Para a grande maioria, esse diagnóstico é o início de uma ‘carreira’ repleta de rótulos, estereótipos, preconceitos, que tanto produzem expectativas negativas nas pessoas que estão no entorno desses indivíduos quanto também produzem impacto muito negativo na maneira como eles próprios compreendem suas possibilidades de aprendizagem”, afirma Marisa Meira, doutora em psicologia escolar e professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Num ponto ambas concordam: não é possível fazer generalizações sobre o assunto.

Doença ou não?

A polêmica em torno do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) começa na base. Trata-se ou não de uma doença? O neurologista Abram Topczweski adverte que para a Organização Mundial de Saúde (OMS) qualquer desconforto físico ou psíquico pode ser considerado uma patologia, embora existam graus diferentes em cada uma delas.

No entanto, na opinião da professora titular de pediatria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Maria Aparecida Affonso Moysés, são contestáveis os embasamentos científicos que apontam o TDAH como moléstia.

“Não é uma doença comprovada. Essas crianças e os pais delas tornam-se reféns desses diagnósticos”, afirma. Topczweski refuta a informação. Diz que se estuda o assunto dentro e fora do país há muito tempo. Inclusive, de acordo com ele, a hiperatividade tem conotação biológica.

Tanto é que o TDHA pode ser constatado em exames de imagens, como cintilografia cerebral, onde são encontradas áreas de perfusão sanguínea diferentes às de uma pessoa que não é portadora do transtorno. “Depois que se usa os medicamentos estimulantes, essas áreas voltam a um comportamento normal”, explica.

No caso da dislexia, o neurologista informa que o Projeto Genoma determinou, inclusive, os cromossomos responsáveis por ela, além de também ser possível verificá-la por exames de imagem. Já para a pediatra Maria Aparecida, TDAH e dislexia são questionadas também no campo na neurologia e psiquiatria. Ela aponta, por exemplo, ausência de critérios diagnósticos precisos e explícitos, que definam com clareza as características das alterações.

“As pesquisas divulgadas como comprovadoras, de modo geral, não preenchem os requisitos mínimos de rigor científico da pesquisa epidemiológica em que se enquadrariam. Apresentam falhas gritantes em tamanho e composição da mostra”, comenta. De acordo com ela, comportamentos não são biologicamente determinados, mas resultantes de construções históricas, sociais e culturais.
Para médico, causa está em disfunção bioquímica

Para o neurologista Abram Topczweski, o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma disfunção bioquímica cerebral, sendo que a medicação é um modulador dessa função e, dependendo do caso, deve ser consumida independentemente do tratamento psicológico ou psicopedagógico – que também ajudam.

“O grande problema é que não se avalia o indivíduo de maneira holística. Qual o prejuízo que ele tem sob o aspecto social, familiar, escolar e sob o aspecto de lazer? Se não tiver prejuízo, obviamente não precisa de tratamento”, afirma. Na opinião dele, ao ministrar o metilfenidato, é possível melhorar o desempenho geral desse paciente em todos os sentidos.

Segundo Topczweski, o número de diagnósticos de hiperatividade e dislexia tem aumentado porque pais e profissionais que lidam com as crianças estão mais atentos e encaminham para avaliação um volume maior de indivíduos com a suspeita do problema. O neurologista comenta que nos Estados Unidos, inclusive, uma anfetamina é utilizada no tratamento do TDAH como alternativa.

Ele discorda de quem acredita que o metilfenidato, sintetizado em 1950, abra as portas ao consumo de drogas, como cocaína, pois o medicamento é utilizado por quem faz tratamento para deixar a dependência química.

“Eu trabalho com isso há cerca de 30 anos”, comenta. “Não é de hoje. Agora que a indústria criou a doença? Indivíduos foram tratados por conta de alterações comportamentais em 1930, mas naquela época se utilizava outro tipo de medicamento, que também era estimulante”, informa ao rebater a ideia de que o TDAH tenha sido criado pela indústria farmacêutica.


Mãe para de trabalhar para cuidar do filho

Uma universitária de pedagogia de Bauru, moradora do Parque Nova Esperança, abriu mão do mercado de trabalho para cuidar de seu primogênito, diagnosticado com déficit de atenção aos quatro anos.

Após ser comunicada de que seu filho se isolava dos outros colegas na escola, buscou tratamento e soube que a criança sofria também de depressão infantil. A mãe, então, foi informada que o problema (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH) geralmente vem acompanhado de outros.

“No déficit de atenção se tem 75% das crianças disléxicas. A hiperatividade envolve 30% das crianças disléxicas. O TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), cerca de 20% das crianças disléxicas. De 15% a 20% das crianças com dislexia têm enxaqueca”, comenta o neurologista Abram Topczweski.

Foi então que a mãe começou uma peregrinação para cuidar da criança, atualmente com 9 anos. Hoje, o garoto frequenta psiquiatra, neurologista, psicóloga e fonoaudióloga.

A luta da mãe era a de evitar que o prejuízo à autoestima da criança fosse ainda maior com o passar do tempo. Em algumas fases, a criança não controlava suas necessidades fisiológicas, cenário perfeito para casos de bulling na escola.

“Sem medicação, meu filho ameaçou se jogar na frente de carros”, comenta a mãe. Por conta da situação, ela tem ressalvas contra quem critica o metilfenidato também sob o argumento de que a incidência de suicídios é grande – mesma justificativa utilizada pelos governos municipal e estadual para negar-lhe o remédio.

“As mães pouco informadas são desestimuladas a tratar, passam por crise, não sabem o que fazer”, comenta ela, que é estudante de pedagogia e já discutiu a questão com a professora do curso, além de ter passado a participar das conferências de saúde mental.

A mãe pondera, ainda, que a criança sem auxílio do metilfenidato ainda fica mais sujeita a diversos acidentes também por conta da desatenção. Para piorar, ressalta que mesmo os professores, quando comunicam os pais sobre o problema, não sabem orientá-los sobre onde procurar ajuda.

Numa fila de mercado, foi informada do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Infantil, onde frequenta semanalmente. Hoje, garante que seu filho está alfabetizado e bem melhor. Fruto de uma relação estável, feliz, de uma família bem estruturada, o garoto tem um irmão caçula. Os nomes foram preservados.


FONTE DE PESQUISA:
http://www.jcnet.com.br/detalhe_geral.php?codigo=189019

Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)


08/08/2010


Questionário de diagnóstico é criticado

Imprecisão e abrangência são algumas das restrições apontados na utilização do quadro de perguntas denominado SANP-4

Luciana La Fortezza

Denominado como SNAP-4 e utilizado para balizar o diagnóstico de possíveis casos, o questionário disponibilizado em alguns sites que discutem Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é alvo de críticas por conta da imprecisão e abrangência. Quem trabalha com ele, no entanto, informa que as questões foram construídas a partir dos sintomas do Manual de Diagnóstico e Estatística – 4, elaborado pela Associação Americana de Psiquiatria.

‘Parece não estar ouvindo quando se fala diretamente com ele’. Esta é uma das perguntas a ser assinalada pelo interessado em levantar o problema. Entre os que não aprovam a criação da sequência de perguntas, tem quem aproveite a oportunidade para solicitar à mãe que verifique se a criança não a ouve quando ela diz sobre o passeio para tomar sorvete ou se está surda apenas para a determinação de arrumar o quarto.

É o caso da professora Cecília Azevedo Lima Collares, que trabalhou por 28 anos na faculdade de educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Esse é o questionário que a professora recebe (do médico) para responder. Na maior parte das vezes, ela não sabe que o diagnóstico está sendo feito”, comenta.

Até mesmo para o vice-presidente da Associação Brasileira de Dislexia, o neurologista Abram Topczweski, as perguntas são genéricas. “Mas o que eu valorizo mais do que qualquer coisa é o tamanho das dificuldades que o indivíduo enfrenta. Se tem prejuízo social, escolar, familiar, o questionário vai dar positivo. Os prejuízos são mais importantes do que qualquer questionário”, garante ele, que trabalha há 30 anos com casos de TDAH e dislexia e tem publicações sobre o assunto.

Incorreções

Com 40 anos de experiência, a neuropediatra de Bauru Lucin Yacubian adverte para a possibilidade de diagnósticos incorretos sobre quadros de TDAH. “Hoje, o grande problema da medicação é que tem quem medique sem ter certeza. São feitos maus diagnósticos. As escolas mandam indiscriminadamente para os consultórios já pedindo o metilfenidato”, comenta.

No entanto, na opinião dela, em vários casos o medicamento é recomendado e funciona muito bem. Ela o utiliza há 40 anos. “Se puder fazer sem a medicação, muito melhor. Só que hoje em dia é muito caro. Nenhum convênio paga, por exemplo, psicopedagogas. E as crianças não melhoraram só com dez consultas. Sempre tive equipe com psicóloga, pedagoga, fonoaudióloga. O médico sozinho não faz nada. Nunca tive problema porque trabalho em conjunto”, explica.

Yacubian adverte, ainda, para um outro problema: a educação dada em casa. Muitas crianças desde pequenas não têm limite para nada e, consequentemente, têm baixa tolerância à frustração, o que não necessariamente é TDAH. “Claro que a educação influencia, mas o TDAH não é somente fruto do meio”, afirma. Quem sofre com o problema, de acordo com ela, apresenta alguns sinais desde o berço.

A questão que prejudica ainda mais o quadro, na visão da médica, é que as escolas estão cada vez mais desinteressantes para os alunos. E é justamente na alfabetização que os sintomas aparecem de forma mais exuberante.

“As crianças começam a participar de atividades que exigem atenção por um período maior e surgem novas exigências quanto ao comportamento. Com o tempo podem aparecer outros sintomas, como baixa autoestima, sonolência diurna, “pavio curto” (por causa da impulsividade e irritabilidade), necessidade de ler mais de uma vez para “fixar” o que leu, mudança de interesses o tempo todo, entre outros”, acrescenta Yacubian.
Média de criança aumenta após remédio

Após ser diagnosticado com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e medicado, um aluno da 1ª série do ensino fundamental da professora de Bauru Renata Alessandra Martiano Roda melhorou suas médias, além de mudar completamente o comportamento em sala de aula. Diferentemente de outras crianças com o mesmo problema, ele não ficou sonado ou com comportamento de zumbi, por exemplo.

“Já tive alguns alunos que pareciam dopados. Esse não. Neste caso, o resultado foi surpreendente, é outra criança. A concentração e o rendimento em sala de aula melhoraram, assim como o relacionamento com o grupo. Por conta da agitação, ele tinha até dificuldade em fazer amizades. Os colegas não ficavam muito à vontade, ele não dava chance”, explica.

Inquieto e estabanado, sem qualquer intenção, o garoto de 6 anos chegava a machucar outros alunos. Também por conta da desatenção, a mãe foi chamada à escola e confidenciou que vivia a mesma realidade em casa.

“Quando o responsável chega, ele geralmente já sabe do que se trata. O comportamento não muda fora da escola. Ele tinha conflitos até com a vizinhança. Esse meu aluno, sem medicação, enfrenta muita dificuldade para dormir. Alguns dias dorme apenas três horas por noite”, comenta.

Além do acompanhamento com o neurologista, o estudante recebe orientação psicológica particular, pois a mãe não conseguiu tratamento gratuito nessa área – apesar da dificuldade financeira. Com 22 anos, a moça e o filho moram com a mãe dela. Para evitar constrangimentos ao menino e à família e em respeito ao Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), os nomes foram preservados.

FONTE DE PESQUISA: http://www.jcnet.com.br/detalhe_geral.php?codigo=189021