segunda-feira, 11 de julho de 2011

Cuidado com a letra feia: esse problema se chama disgrafia .

Cuidado com a letra feia: esse problema se chama disgrafia e pode ser um sinal de que nem tudo vai bem com o estudante


Camila de Magalhães

Edilson Rodrigues/CB/D.A Press



“Minha letra sempre foi ruim”, admite o estudante Breno Henrique Sobral

Viver na frente do computador e conversar muito no MSN ou no Orkut são atividades que podem se tornar inimigas na hora em que é preciso escrever manualmente no papel. A mão fica dura e os garranchos são praticamente inevitáveis. No entanto, estudos mostram que a letra feia, conhecida como disgrafia, pode ser um sinal de que nem tudo vai bem.


A disgrafia é uma dificuldade na hora de escrever, que se trata da parte motora e não, de trocas ou acréscimo de letras, uma característica da disortografia, explica a fonoaudióloga, psicomotricista e psicopedagoga Raquel Caruso. “Geralmente, é uma disfunção motora que acarreta letra feia”, afirma.

Ocasionado por uma disfunção do cérebro, o problema apresenta-se em crianças com capacidade intelectual normal, sem transtornos neurológicos, sensoriais, motores e/ou afetivos que o justifiquem. “Pode ser uma dificuldade emocional que a pessoa não quer demonstrar muito, aí escreve com letras muito pequenas ou muito grande, com muita força”, observa a especialista.

Além da letra feia, estão entre os sintomas não conseguir escrever em linha reta (o famoso sobe ou desce o morro), mistura de letra cursiva com letra de forma em um mesmo texto e dificuldade para sequencializar o movimento da grafia. Em alguns casos, a disgrafia está relacionada à dislexia, marcada pelo déficit de atenção e hiperatividade.

Outra questão pode ser o disfarce da falta de conhecimento ortográfico. “Muitas crianças e adolescentes usam a letra feia para esconder erros de português”, revela Raquel. Dessa forma, diz ela, os professores reclamam da letra e acabam não vendo os erros.

Problema na hora da identidade

“Minha letra sempre foi ruim”, admite o estudante do 1º ano do Centro Educacional Gisno, Breno Henrique Sobral, 16 anos. “Teve época que fui fazer minha identidade e não consegui por causa da letra, porque escrevia errado. Depois, peguei o jeito e minha letra é essa”, diz.

Para Breno, é muito difícil escrever em linha reta. Ele afirma que, durante as aulas é preciso copiar as informações rapidamente e isso influi na escrita. “Quando tenho tempo para escrever com mais calma, fica melhor, mas na escola não dá.”

Língua portuguesa nunca foi o forte do rapaz. De 0 a 5, ele se classifica como nota 1. “Letra feia pode até ajudar de vez em quando, mas pode atrapalhar em prova importante, como o PAS”, pondera.

Ele conta que, até o ano passado, os professores reclamavam de sua escrita e pediam para tentar melhorar. “Tem vezes que nem eu mesmo não consigo entender”, admite. Este ano, nenhum professor reclamou ainda, mas ele pretende se esforçar para as provas do Programa de Avaliação Seriada (PAS).

De acordo com a especialista Raquel Caruso, os professores podem mesmo ajudar na identificação, com pesquisa sobre a série do aluno, se vai bem nas outras matérias, como é o comportamento nas aulas de educação física, se os colegas o excluem do time e como é o desempenho nas aulas de artes.

“Não adianta pedir para a criança ou adolescente treinar escrever no caderno de caligrafia, pois a dificuldade está ligada à postura do ombro, cotovelo, punho e mão”, destaca Raquel. “O indivíduo deve estar bem sentado, com postura adequada para movimentação livre”, ensina.

Para definir a causa da disgrafia, a avaliação de um psicomotricista é o mais indicado. O profissional é responsável pela identificação, se é apenas letra feia ou se há uma disortografia associada.


FONTE DE PESQUISA: http://www.correioweb.com.br/euestudante/noticias.php?id=5257

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