quarta-feira, 27 de julho de 2011

Hebiatra, o médico dos adolescentes : nem criança, nem adulto.




Quando os filhos crescem, uma das principais dificuldades dos pais, além de conversar, é conseguir levá-los ao médico. Os adolescentes nunca acham que estão doentes e, normalmente, ficam tímidos para tratar de assuntos relacionados ao próprio corpo.


O problema é que para esta turma se um pediatra é "coisa de criança", a simples menção de fazer uma consulta com um urologista – no caso dos meninos – ou um ginecologista – caso das meninas – pode se transformar num grande transtorno doméstico. É aí que entra em cena o hebiatra.

O hebiatra é um dos profissionais da área médica que pode ajudar a diminuir a ansiedade dos jovens e esclarecer algumas das muitas dúvidas que surgem nesta fase da vida - que vai dos 10 aos 18 anos. O médico é um pediatra com formação específica para lidar com adolescentes.


A especialidade, apesar de não ser muito conhecida, existe há pelo menos 40 anos, e o nome hebiatria é uma referência à Hebe, deusa da juventude na mitologia grega. A Associação Médica Brasileira reconheceu a especialidade em 1998, mas são poucos os cursos de medicina que oferecem essa formação, explica Nilson Becker, pediatra com formação em hebiatria, que atende cerca de 150 consultas por mês, destas 20% são de adolescentes.

O crescimento da especialidade tem ocorrido devagar, as pessoas ainda não têm conhecimento da existência de um profissional que atenda especialmente esta faixa etária, mas assim que "os adolescentes começarem a perceber o hebiatra como um médico diferente, que entende suas dúvidas e problemas, a procura deve aumentar substancialmente", prevê Becker.

Adolescência, época de muitas mudanças

Do ponto de vista biológico, não há outra época marcada por tantas mudanças físicas, psíquicas e emocionais, além de hormônios em profusão para possibilitar o amadurecimento sexual.

Segundo o médico, as mudanças físicas começam na puberdade, antes ainda de caracterizar a adolescência, que é marcada pelas modificações psicológicas e comportamentais. "No início da puberdade, seria interessante fazer uma consulta ao hebiatra, pois este está preparado para orientar e tranqüilizar os jovens", sugere o especialista.

TIMIDEZ - Becker afirma que não se deve fazer generalizações quanto ao comportamento dos adolescentes, como a de que são todos tímidos. "Alguns são extrovertidos, outros são tímidos. Não existe um padrão de comportamento", afirma, mas admite que é preciso ter um bom preparo e jogo de cintura para lidar com pessoas nesta faixa de idade. O profissional deve ter habilidades especiais para conquistar a confiança do jovem e tranqüilizar os pais.

Principais problemas abordados nas consultas

Segundo Becker, os problemas ambulatoriais mais abordados nas consultas com os adolescentes são ligados ao crescimento. Os meninos se preocupam com seu desenvolvimento físico e dos órgãos genitais. As meninas procuram o médico por atraso da menstruação e preocupação com o crescimento dos seios e de pêlos, ou com a falta deles.

O Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), grupo formado por hebiatras e outros especialistas, desenvolveu uma pesquisa que apontou os principais problemas abordados pelos jovens durante as consultas. O resultado foi mensurado separadamente para meninos e meninas.

As principais queixas dos meninos se referem à baixa estatura, desenvolvimento físico dos músculos e aumento das mamas, doenças associadas ao pênis e também procuram ajuda para aconselhamento na prática de esportes. As meninas já se preocupam mais com o peso e procuram os especialistas em caso de obesidade e transtornos alimentares, além de queixas que envolvem a menstruação, corrimentos e infecções vaginais.

No atendimento aos adolescentes, questões ligadas às doenças sexualmente transmissíveis (DST) sempre são abordadas como forma de prevenção. Atualmente, existem 27 doenças que podem ser transmitidas pelo contato sexual, e no Brasil, são cerca de dois milhões de pessoas contaminadas com algum tipo delas.

Como é a consulta?

Os especialistas alertam para a necessidade de realização de alguns exames de rotina, e aconselham pelo menos uma consulta no início da puberdade, que deve ser repetida a cada seis meses. Depois desse contato inicial, é recomendada pelo menos uma visita anual ao especialista.

O atendimento é feito junto com os pais ou responsáveis e depois o adolescente fica sozinho com o médico. Esses momentos servem para o jovem ficar à vontade em expor outros problemas e dúvidas que o afligem, e não querem compartilhar com a família. O médico fala com os pais sobre a conduta a seguir e, se o jovem permitir, o médico pode contar o que foi conversado em particular, sempre respeitando sua privacidade.

A adolescência traz dificuldades em tantas áreas que somente o olhar atento de um especialista a todo esse universo pode ajudar a prevenir muitos problemas de saúde e diminuir a ansiedade dos jovens. O período é difícil e necessário ao pleno desenvolvimento do adulto que virá. O aprendizado e o apoio psicológico é que trarão segurança para os jovens em suas próprias decisões na vida.

O médico, nas consultas, deve observar e analisar vários quesitos que influenciam na saúde e na qualidade de vida do adolescente, como seus hábitos alimentares, comportamentais e sexuais, além do relacionamento com a escola e com a família. Por essa razão, alguns especialistas defendem o atendimento do adolescente pelo hebiatra com o apoio de outros profissionais como nutricionistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos, psiquiatras e professores de Educação Física.

Quer saber um pouco mais sobre Medicina do Adolescente? Leia "Entrevista com um hebiatra" e "O que é hebiatria".

Última atualização: 28/06/2011.


FONTE DE PESQUISA: http://www.pediatriabrasil.com.br/2010/07/hebiatra-o-medico-dos-adolescentes.html

terça-feira, 26 de julho de 2011

Os modelos behavioristas de intervenções em crianças disléxicas.


Os modelos behavioristas de intervenções em crianças disléxicas, disgráficas e disortográficas teriam uma base em teoria e método em duas abordagens: (1) psicológica, cuja intervenção psicopedagógica procura examinar do modo mais objetivo o comportamento humano e dos animais, com ênfase nos fatos objetivos (estímulos e reações), sem fazer recurso à introspecção e (2) lingüística, cuja intervenção psicopedagógica é apoiada na psicologia behaviorista e proposta inicialmente por L. Bloomfield (1887-1949) e depois por B.F. Skinner (1904-), que busca explicar os fenômenos de erros da comunicação lingüística e da significação na língua em termos de estímulos observáveis e respostas produzidas pelos falantes em situações específicas de uso da linguagem escrita.
Esta visão tem caráter empirista, isto é, os profissionais trabalham na perspectiva filosófica de aliar suas atividades, no programa de treinamento, à doutrina segundo a qual todo conhecimento provém unicamente da experiência, limitando-se ao que pode ser captado do mundo externo, pelos sentidos, ou do mundo subjetivo, pela introspecção, sendo geralmente descartadas as verdades reveladas e transcendentes do misticismo, ou apriorísticas e inatas do racionalismo. É, na verdade, o empirismo uma atitude de quem se atém a conhecimentos práticos. No campo da psicopedagogia, especialmente clínica, a abordagem empirista ocorre quando a intervenção se orienta pela experiência, com desprezo por qualquer metodologia científica.
Os modelos inatistas de intervenções em crianças disléxicas, disgráficas e disortográficas teriam uma base a concepção de inato e inatismo. Aqui, as atividades ou programas de treinamento reconheceriam que os disléxicos não são uma tabula rasa, isto é, teriam condições de dar respostas compensatórias, com seu esforço próprio, de suas dificuldades na linguagem escrita.
Os modelos inatistas de intervenção se afirmam na idéia de um caráter inato das idéias no homem, sustentando que independem daquilo que ele experimentou e percebeu após o seu nascimento .
Os modelos de intervenção se apóiam na lingüística gerativa, hipótese segundo a qual a estrutura da linguagem estaria inscrita no código genético da natureza humana e seria ativada pelo meio após o nascimento do homem.
Numa perspectiva psicolingüística, os modelos de intervenção fazem à teoria de que a criança nasce com uma predisposição biológica para aprender uma língua.Segundo a hipótese do inatismo, o rápido e complexo desenvolvimento da competência gramatical da criança só pode ser explicado pela hipótese de que ela nasceu com uma conhecimento inato de pelo menos alguns dos princípios estruturais universais da linguagem humana. O inatismo se baseia na doutrina que privilegia a razão como meio de conhecimento e explicação da realidade.
O racionalismo é o conjunto de teorias filosóficas (eleatismo, platonismo, cartesianismo etc.) fundamentadas na suposição de que a investigação da verdade, conduzida pelo pensamento puro, ultrapassa em grande medida os dados imediatos oferecidos pelos sentidos e pela experiência.
Exemplo de modelos behavioristas bem sucedidos durante a intervenção dislexiológica podemos extrair entre as sugesões presentes no livro Dislexia: manual de leitura corretiva (Artes Médicas,1989), de Mabel Condemarín e Marlys Blomquist.
Os profissionais devem ter, preferencialmente, um olha r racionalista sobre as atividades abaixo, apostando que os disléxicos têm competência para responderem, com seus esforços, às propostas de atividades do programa de treinamento.
Segundo Mabel Condemarín e Marlys Blomquist, os elementos fonéticos nos quais os disléxicos tendem a apresentar maior número de problemas referem-se à discriminação de vogais, de letras de grafia similar e de letras de sons próximos.
Com base nas autoras, vamos propor a seguir exercícios para discriminar vogais. A lista de palavras que expomos pode ser utilizada pelo reeducador para grafar as vogais orais iniciais e para ampliar os exemplos de outros exercícios.
Os timbres das vogais indicadas para leitura poderão ser abertos (´) ou fechados (^), conforme a variação regional. Uma observação importante é que elegemos palavras cognatas, isto é, palavras
que vêm de uma mesma raiz que outra(s).
Uma vez que os disléxicos apresentam déficit de memória de trabalho as palavras cognatas favorecem a memorização dos itens lexicais. Também os itens lexicais são organizados na forma alfabética exatamente para facilitar a memorização dos mesmos, recursos disponível em programa de word (em tabela, classificar as palavras).
Batizamos aqui esta atividade de atividade de discriminação dos elementos fonéticos das palavras, uma vez que trabalhamos duas habilidades: a consciência fonológica e a memória de trabalho. Podendo, assim, ser aplicada tanto para exercício de leitura em voz (decodificação leitora) como treinamento ortográfico (codificação escritora)
Lista de palavras para serem lidas em voz e levaram os educandos a terem a percepção do sistema vocálico da língua portuguesa: anedota, eletricista, Imortalizar, Ouvidor, Último, Amoroso, Eletricidade, Imortalidade, Ouvido, Úmido, Amor, Eletivo, Imortal, Ouvinte, Universal, Ameixeira, Elenco, Imobilizar, Ouvir, Universalismo, Amável, Elementar, Imobiliária, Ovelha, Universalista, Ameixa, Elemento, Imobilismo, Overdose, Universalizar, Arrastão, Eletrocutar, Imigração, Ovo, Universidade,Anedotário, Elétrico, Imitação, Oxigenar, Universitário, Arrastar, Eletrocussão, Imigrante,Oxigênio, Universo, arrastamento, Eletrizante, Imitar, Oxítono, Urna
No campo da expressão oral, em geral, os disléxicos, disgráficos e disortográficos tendem a confundir auditivamente aqueles fonemas, representados em letras ou grupos de letras (dígrafos), que possuem um ponto de articulação comum. Três conceitos são fundamentais para esta tarefa:
(1) Letra, entendida como cada um dos sinais gráficos que representam, na transcrição de uma
língua, um fonema ou grupo de fonemas;
(2) dígrafo, definido como grupo de duas letras us. para representar um único fonema; digrama,
monotongo [No português são dígrafos: ch, lh, nh, rr, ss, sc, sç, xc;incluem-se tb. am, an, em, en,
im, in, on, om, um, un (querepresentam vogais nasais), gu e qu antes de e de , e tb. ha, he, hi, ho,
hu e, em palavras estrangeiras, th, ph, nn, dd, ck, oo etc.] e
(3) Grafema, definido como unidade de um sistema de escrita que, na escrita alfabética,
corresponde às letras (e tb. a outros sinais distintivos, como o hífen, o til, sinais de pontuação, os
números etc.), e, na escrita ideográfica, corresponde aos ideogramas.

As letras com sons acusticamente próximos que são mais susceptíveis de ser confundisos são as seguintes: b-p; x-j; d-t; c-j; em menor grau confunde-se m-p-b. As listas de palavras figurativas que apresentamos a seguir podem ser empregadas para ilustrar exercícios.

Lista de signos alfabéticos: d,b, p,t, v,f,c, g,m
Lista de palavras: Dado, Bata, Pau, Taco, Vela, Farol,Cara, Gato, Mapa, Dedo,Bote, Puma,Táxi, Vaso, Foca, Casa, Gola, Macaco, Dois, Boca, Pipa, Touro, Vaca Fila, Copa, Gota, Mesa, Disco, Baú, Peru, Tubo, Vale, Folha ,Calha, Galo, Marco, Ducha, Bala, Parede, teto, Vila, Fogo, Carta, Gordo, Muleta,

As crianças com dislexia, disgrafia e disortografia, geralmente, apresentam dificuldades para o reconhecimento rápido da sílaba com ditongo. Por ditongo, o reeducador deve entender, foneticamente, emissão de dois fonemas vocálicos (vogal e semivogal ou vice-versa) numa mesma sílaba, caracterizada pela vogal, que nela representa o pico de sonoridade, enquanto a semivogal é enfraquecida. Além do ditongo intraverbal - no interior da palavra, como pai, muito -, ocorre em português tb. o ditongo interverbal, entre duas palavras, como p.ex.: Ana e Maria, que exerce papel importante na versificação portuguesa.
Dentro da tradição do ensino gramatical do português, existem dois tipos de ditongo: (1) ditongo
crescente, o que tem a semivogal como primeiro som (p.ex., quadro) e (2) ditongo decrescente,
aquele que tem a semivogal como segundo som (p.ex., mau).

A lista de palavras com ditongos que apresentamos abaixo pode ser utilizada em diferentes exercícios: leitura em voz alta e treinamento ortográfico.
Lista dos ditongos: ÃE,ÃO,ÕI,OU,EI,EA,IO,IA,ÕE
Lista de palavras a serem trabalhadas em voz alta: Mãe, Pão, Dói,Dou,Hem, Área, Lírio, Várias, Põe, Pães, Mãos, Herói, Louco,Vivem, Áurea, Curioso, Sábia, Limões, capitães, Falam, Constrói, Estoura, Têm, Orquídea, ópio, Constância, Ações.

Vicente Martins é professor da Universidade Estadual Vale do Acaraú(UVA), em Sobral, Estado do
Ceará. E-mail: vicente.martins@uol.com.br
Sobre o Autor
Professor da Universidade Estadual Vale do Acaraú(UVA), em Sobral, Ceará, Brasil.

Progressos em avaliação e intervenção preventiva e remediativa


Transtornos de aprendizagem


Progressos em avaliação e intervenção preventiva e remediativa

Fernando C. Capovilla
Formato: 21X28


ISBN: 9788579540158

Edição: 2 Ano: 2011

N. Pag.: 391

Capa: BROCHURA
 
Este livro multidisciplinar apresenta progressos recentes em modelos teóricos, bem como em recursos para avaliação e intervenção preventiva e remediativa de transtornos de aprendizagem em quadros como dislexia do desenvolvimento, distúrbio de processamento auditivo central, disgrafia, discalculia, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, transtornos do desenvolvimento, transtorno de ansiedade, deficiência auditiva e surdez congênita.


Aborda desde questões de prevalência e etiologia dos quadros, passando por modelos teóricos para sua explicação e compreensão, e estratégias de avaliação clínica e neuropsicológica e psicométrica, até chegar a estratégias de intervenção visando à prevenção e ao tratamento para reabilitação. A ênfase repousa na análise dos mecanismos por meio dos quais os diversos problemas de natureza neuropsicológica (neurossensorial, neuromotora, neurolinguística) e neuropsiquiátrica afetam o desenvolvimento linguístico, cognitivo, afetivo e social e, em especia, o desenvolvimento da aprendizagem escolar, com atenção concentrada na aprendizagem do ler, do escrever, e do contar.

Sumário:

Apresentação

Fernando C. Capovilla

1 - Paradigma neuropsicolinguístico: Refundação conceitual e metodológica na alfabetização de ouvintes, deficientes auditivos, cegos, surdos e surdocegos

Fernando C. Capovilla

2 - Neuromodulação e movimentos oculares na leitura de palavras: Estimulação transcraniana por corrente contínua

Alexandre Tadeu Faé Rosa, Paulo Sérgio Boggio, Daniel Sá Roriz Fonteles, Elizeu Coutinho de Macedo

3 - Avaliando a ASPA (Avaliação Simplificada do Processamento Auditivo): Normalização e efeito de inteligência não verbal sobre localização de fonte sonora e memória sequencial de sonos verbais e não verbais

Fernando C. Capovilla, Luciana F. M. Salido
4 - Avaliando a BTTPA (Bateria de Teste para Triagem do Processamento Auditivo): Normatização e efeito de inteligência não verbal sobre localização de fonte sonora e memória sequencial de sons verbais e não verbais

Fernando C. Capovilla, Luciana F. M. Salido

5 - Processamento auditivo: treino auditivo formal

Karin Ziliotto Dias, Maria Lucy Fraga Tedesco

6 - Avaliando o PHF (Perfil de Habilidades Fonológicas): Efeitos de série escolar e inteligência não verbal e indícios da importância do processamento visêmico

Fernando C. Capovilla, Luciana F. M. Salido

7 - Perfil da escrita da criança com dislexia

Renata Mousinho, Jane Correa, Fernanda Mesquita
8 - Perfil neuropsicológico da criança com dislexia

Maria de Lourdes Merighi Tabaquim

9 - Associações entre habilidades sociais e dificuldades de aprendizagem na escrita em crianças

Daniel Barthomeu, Felipe Fernandes de Lima, Andréia Arruda Guidetti, José Maria Montiel, Afonso A. Machado

10 - Estilos parentais e dificuldades de aprendizagem na escrita: análise de suas correlações

Andréia Arruda Guidetti, Felipe Fernandes de Lima, Daniel Barthomeu, José Maria Montiel, Afonso A. Machado

11 - Disgrafia na infância: aspectos psicomotores

Sônia das Dores Rodrigues, Sylvia Maria Ciasca

12 - A aprendizagem da escrita na criança com disgrafia: Aspectos interventivos

Cíntia Alves Salgado, Sylvia Maria Ciasca

13 - Avaliação de linguagem em pessoas com síndrome de Down: Uso de testes tradicionais e computadorizados

Cíntia Perez Duarte, Elizeu Coutinho de Macedo

14 - Discalculia do desenvolvimento: Identificação e intervenção

Flávia Heloísa dos Santos, Fabiana S. Ribeiro, Rosana Satiko Kikuchi, Paulo Adilson da Silva

15 - Ansiedade à matemática: Identificação, descrição operacional e estratégias de reversão

João dos Santos Carmo

16 - Habilidades sociais na infância e adolescência

Camila Tarif Ferreira Folquitto, Camila Luisi Rodrigues

17 - Indicadores precoces de psicose e sua relação com o processo de aprendizagem

Bruno Sini Scarpato, Arthur A. Berberian

18 - Neuropsicólogo no transtorno de ansiedade na infância e adolescência

Camila Luisi Rodrigues

19 - Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade: Uma revisão conceitual à luz da análise do comportamento

Renata Limongi França Coelho Silva, André Vasconcelos da Silva, Gleiber Couto

20 - A fonoaudiologia e o TDAH

Fernanda Freitas Malerbi

21 - Contribuições da psicologia evolucionista para compreender as necessidades de intervenção no desenvolvimento de crianças autistas

Ana Carolina Wolff Mota, Roberto Moraes Cruz, Mauro Luís Vieira

22 - Avaliação da atenção seletiva e alternada em indivíduos autistas

Lilia Maíse de Jorge, Acácia Aparecida Angeli dos Santos

23 - Habilidades semântico-pragmáticas no autismo de alto desempenho

Renata Mousinho

24 - Estabelecimento de pontos de corte pela Teoria da Resposta do Item (TRI) para uma prova equalizada com o ENADE

Daniel Bartholomeu, Marjorie Cristina Rocha da Silva, Sanyo Drummond Pires, Ricardo Time

25 - Teoria de resposta ao item: equalização da prova de administração do ENADE

Marjorie Cristina Rocha da Silva, Daniel Bartholomeu, Sanyo Drummond Pires, Ricardo Time

26 - Caracterização do perfil de leitura de escolares com dislexia

Simone Aparecida Capelense, Monique Herrera Cardoso, Regiane Kobal de Oliveira A. Cardoso

27 - Desempenho de escolares de ensino público e particular na adaptação brasileira da avaliação dos processos de leitura (PROLEC)

Simone Aparecida Capellini, Adriana Marques de Oliveira

28 - Disgrafia e sua relação com o processo de aprendizagem e aspectos psicomotores

Patrícia Abreu Pinheiro Crenitte, Thaís dos Santos Gonçalves, Érika Ferraz

29 - Habilidades numéricas elementares: Ensinando de modo mais eficiente

Paulo Sérgio Teixeira do Prado

30 - Avaliação neuropsicológica cognitiva da leitura: Teste de competência de leitura de palavras e pseudopalavras

Alessandra Gotuzo Seabra, Natália Martins Dias, Rodolfo Hipólito

31 - Dificuldades de aprendizagem e funções executivas

Natália Martins Dias, Bruna Tonietti Trevisan, Amanda Menezes, Silvia Godoy, Alessandra Gotuzo Seabra

32 - Como calcular o grau de dificuldade na escrita sob ditado das palavras ouvidas: Tabelas de decodificabilidade fonografêmica e visibilidade orofacial dos fonemas do Português brasileiro

Fernando César Capovilla, Andrea Jacote, Cibele Cecconi Sousa-Sousa, Luiz E. Graton-Santos





Alfabetização no Brasil - Uma metodologia ultrapassada - Fernando C. Capovilla



10/07/2003 - Andréa Antunes


Professor de Neuropsicologia da Universidade de São Paulo (USP), Fernando César Capovilla.

Especialista em distúrbios da comunicação e da linguagem.

Folha Dirigida — Como o sr. avalia nossos alfabetizadores?

Fernando César Capovilla — São pessoas dedicadas e que querem fazer um bom trabalho. No entanto, são impedidas de fazê-lo porque os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) do Ministério da Educação (MEC) estão completamente errados. Quando comparamos os PCN’s brasileiros com os britânicos, finlandeses, franceses ou americanos notamos uma disparidade extraordinária. Eles dizem para não fazer o que o Brasil faz. Existem dois métodos para alfabetização: o ideovisual e o fônico. O mundo inteiro, que usa a escrita alfabética, usa o método fônico porque uma revisão da literatura, de 115 mil estudos científicos publicados, provou que o método fônico é superior ao ideovisual, que continua sendo usado no Brasil e no México.

Folha Dirigida — O que é exatamente o método ideovisual? E o fônico? Qual a diferença entre eles?

Capovilla — No ideovisual o professor dá o texto para o aluno. O MEC recomenda, por meio dos seus PCN’s, que se dê o texto à criança (um texto, como eles dizem, complexo, rico), e afirma ainda que não há necessidade de ensinar a criança a converter letras em sons e sons em letras. Diz também que o professor deve aceitar tudo o que a criança escreve como uma produção legítima. O professor não pode ensinar, corrigir, treinar ou guiar a criança ao longo do processo. O MEC acredita que a criança aprende praticamente sozinha, que basta ter livros no entorno que ela vai aprender a ler e escrever, e isso é falso. O mundo inteiro descobriu, por meio de atividades científicas, que ler e escrever são atividades complexas que requerem um treinamento específico. São necessárias instruções sobre a relação entre as letras e os sons para que a criança possa codificar fonografenicamente (a partir da fala escrever) e decodificar grafonemicamente (a partir da palavra decodificar o texto e produzir fala). O método fônico evoca a fala, a mesma fala com a qual a criança pensa e se comunica. Por isso é um método muito natural.

Folha Dirigida — O Brasil sempre utilizou este método?

Capovilla — Antes a alfabetização era feita pelo método silábico. A partir dos anos 80, com o Construtivismo, foi introduzido o método ideovisual que produziu péssimos efeitos. O Brasil é recordista mundial de incompetência de leitura. O México está em segundo lugar e tanto um quanto outro seguem Emília Ferrero (psicopedagoga argentina), ou seja, o Construtivismo. O mundo inteiro deixou isso como sendo um mito, como sendo pernicioso para a criança. Pelos resultados se conhece o método. Quais são os resultados do método ideovisual empregado no Brasil? Incompetência. Por isso somos recordistas mundiais em incompetência.

Folha Dirigida — O método de alfabetização utilizado no Brasil está ultrapassado?


Capovilla — Ultrapassado, desacreditado e condenado pela França, Dinamarca, Itália, Suécia, Finlândia, Canadá, pelo mundo.


Folha Dirigida — O sr. poderia apontar diferenças entre os alfabetizadores brasileiros e os estrangeiros?

Capovilla — Os alfabetizadores dos países que investem em pesquisa científica para descobrir como melhor alfabetizar são formados para respeitar as etapas de desenvolvimento da linguagem da criança. Começam do simples para o complexo. O Brasil faz o oposto, começa do complexo. O MEC diz: dê um texto rico para a criança, um texto complexo. Isto é ridículo, é criminoso. O Ministério Público devia investigar o que acontece na educação desse país. Por isso que agora a Câmara dos Deputados vai começar a examinar a educação brasileira à luz do conhecimento científico internacional. O Brasil trata suas crianças como se elas fossem marcianas e, depois, elas são taxadas de incompetentes. Será que somos tão inferiores? Uma subraça? Não. A educação é que é inapropriada.

Folha Dirigida — Uma das críticas que se faz é que os jovens não sabem interpretar. Isto seria conseqüência do modelo de nossa alfabetização?

Capovilla — Exatamente. Quando se usa o método fônico se melhora a compreensão do texto. No método ideovisual, onde o professor dá logo o texto, o que acontece é que a criança tende a memorizar as palavras. Porém, o código alfabético não se presta à memorização fácil porque as letras são muito parecidas. Com isso, o que acontece é que a criança troca as palavras quando lê (paralexia) e troca palavras na escrita (paragrafia). Esses erros ocorrem porque o alfabeto não se presta à memorização visual. Ele tem que ser decodificado. Ele foi inventado pelos Fenícios para mapear sons da fala, por isso é eficiente. Se você sabe decodificar não precisa memorizar.

Folha Dirigida — Para introduzir este método seria necessário mudar a formação do professor?

Capovilla — Sim, mas isto é fácil. Quem opta por ser alfabetizador o faz por amor, por idealismo. Uma pessoa idealista é a primeira a se apaixonar pelo seu trabalho quando ele funciona. O método fônico produz resultados extraordinários. Em três meses uma criança está lendo o que não lia em dois anos sob o método ideovisual. As professoras que empregam o método fônico ficam maravilhadas com sua eficácia.


Folha Dirigida — É certo que quando o professor vê um resultado positivo ele se anima. Mas os docentes costumam apresentar resistências a mudanças...

Capovilla — Isto é humano. Mas quando eles experimentam a mudança, se ela for boa, acabam convencidos da importância de mudar.

Folha Dirigida — Há experiência no Brasil de alfabetização pelo método fônico?

Capovilla — Já temos pelo menos 40 escolas, em diversos estados, empregando o método no Brasil. Isto porque as escolas particulares, sensíveis à matrícula, se sentem pressionadas pelos pais que ameaçam cancelar o registro dos seus filhos se elas não produzirem bons resultados. Isto está acontecendo em São Paulo e certamente acontece no Rio. As escolas cujos egressos não passam para universidade pública gratuita são questionadas pelos pais. Preocupadas, algumas escolas perceberam que pelo método ideovisual as contradições e problemas se acumulavam ao longo das séries. Em São Paulo, as escolas que empregavam o Construtivismo viam os seus alunos irem para as universidades pagas. Pressionadas pelos pais começaram a procurar eficiência e descobriram no método fônico o caminho.

Folha Dirigida — O sr. disse que o professor tem que ensinar, tem que avaliar. Como o sr. vê a aprovação automática?

Capovilla — Isto está completamente errado. O objetivo dessa política é melhorar o fluxo, diminuir a disparidade entre a idade e a série escolar. Pelo Brasil existem 8 milhões de crianças fora da série. Isto é resultado de evasão ou repetência, ou seja, fracasso escolar. Nos dois casos isto ocorre porque a escola não está ensinando. Se passarmos a ensinar com eficiência, as crianças aprenderão e serão aprovadas sem precisar de progressão continuada ou do sistema de ciclos. O sistema de ciclos é ruim porque, se a criança não aprende, isto só será percebido daqui a dois, três, quatro anos. Então está se perdendo o que é mais precioso para o desenvolvimento humano, que é tempo. A janela de desenvolvimento da linguagem é até 6 anos, e desperdiçar este tempo prejudica fortemente a criança. Da mesma forma a alfabetização. Se ela não for feita na idade apropriada, que é 6, 7 anos, até 8 anos, na pior das hipóteses, ela vai ser feita num custo muito maior e com resultados muito menores. O método ideovisual não ensina, ele queima o tempo da criança.



Folha Dirigida — O sr. diz que para aprender é necessário decodificar. O que é decodificar?

Capovilla — É converter os grafemas em fonemas. Aprender a pronunciar a palavra em presença da escrita. Quando pensamos em palavras usamos nossa voz interna. Quando lemos em voz baixa escutamos nossa voz. Isto é o processo fônico: a invocação da fala interna em presença do texto. O método ideovisual desestimula esta fala interna. Ele tenta estimular a leitura visual direta, portanto, a memorização. Só que não é possível memorizar ideograficamente todas essas palavras. A forma correta é aprender a decodificar. Quando fazemos isso, naturalmente se consegue produzir a fala e entender o que se está lendo.


Folha Dirigida — Como o sr. avalia a qualidade da nossa educação?

Capovilla — A educação brasileira é a pior do mundo.

Folha Dirigida — Na sua visão, este resultado negativo tem relação com nosso processo de alfabetização?

Capovilla — Eu não acho, eu sei que sim! Pesquisas mostram isso, não é questão de discussão. Nos Estados Unidos houve a guerra de leitura. De um lado os cientistas que defendiam o método fônico e, do outro, os pedagogos que defendiam o ideovisual. O governo, consciente da importância da educação - sabia que era importante formar bem as crianças e jovens americanos para continuar à frente dos outros países - e dividido na briga entre cientistas e pedagogos, resolveu chamar um painel de especialistas para analisar 115 mil artigos comparando os dois métodos. Eles descobriram que o fônico era infinitamente mais eficiente do que o ideovisual.

Folha Dirigida — Se este método é tão superior e seus resultados positivos amplamente conhecidos, por que o MEC ainda não os usa?

Capovilla — É fácil entender isso. Os anos 80 foram anos de contestação ao governo militar. As esquerdas começaram a arregimentar as massas. Tanto que, hoje, temos um líder operário como presidente. No Brasil, houve uma reação muito forte aos governos militares. Foram anos de espontaneismo, de liberdade civil. Mas as pessoas acabaram confundindo as coisas. Confundiram ensino sistemático com ensino militarizado, clareza conceitual e especificação de currículo, de objetivos, de competências da criança com autoritarismo. Dessa forma, acharam que deixando a criança sozinha ela iria se desenvolver maravilhosamente. “O bom selvagem”, de Rousseau. É uma visão romântica maravilhosa, mas se o objetivo é tornar a criança competente, pesquisas mostram que este modelo não funciona. A própria Emília Ferrero, a ideóloga desta teoria construtivista que ainda domina o Brasil com garras de aço que nos levam à incompetência, nos seus estudos em psicogêneses da língua escrita constatou uma diferença entre crianças pobres e ricas no seu método. As crianças ricas chegavam ao nível 5, 6 de aprendizagem. As pobres paravam no nível 3. E olha que as crianças pobres de Emília Ferrero eram as nossas crianças de classe média. O melhor método é o que permite às crianças mais pobres um aprendizado tão bom quanto o recebido pelas crianças das melhores classes sociais. Isto porque a escola tem a função de justiça social. Ao aumentar a competência da criança, a escola permite a ascensão social.


Folha Dirigida — O modelo que temos hoje aumenta a desigualdade social?

Capovilla — Exatamente, porque se a escola brasileira não ensina, as crianças vão fracassar, se evadir, repetir de ano. Os pais, vendo isso, têm duas opções: os ricos contratam tutor, compram livros. Já os pais pobres, operários, não podem ajudar os seus filhos. Sob o construtivismo os filhos dos pobres se tornam mais pobres, e os dos ricos mais ricos, porque eles têm profissionais para lhes dar o que a escola está sonegando.


Folha Dirigida — Falamos que a alfabetização no Brasil é feita de forma incorreta. E com relação à formação dos professores? Como o sr. vê esta questão?


Capovilla — Piaget fazia a seguinte pergunta: Por que o professor tem tão má reputação (no sentido de respeito) em relação a outras profissões? Por que um médico é respeitado e o professor não, se educação e saúde caminham lado a lado? Segundo ele, isso ocorre porque o professor não faz pesquisa, não descobre por si mesmo o que funciona e o que não funciona. Ele não conquista o respeito intelectual como as outras profissões fazem.


Folha Dirigida — O sr. acha que a formação do professor alfabetizador deve ter preocupação com a pesquisa?

Capovilla — Sem dúvida. Se o professor tiver uma formação de metodologia de pesquisa ele poderá publicar artigos, livros, trocar idéias em congressos.

Folha Dirigida — É comum se falar na desvalorização do professor e atribuir isto à questão salarial. O sr. diria que não é só isso, mas sim que ele deve se impor enquanto bom profissional?


Capovilla — Para o professor ser valorizado ele tem que se valorizar, ou seja, tem que obter resultados melhores do que tem obtido. Quando alguém obtém bons resultados se sente bem, se valoriza, o auto-respeito aumenta e ele pode falar de igual para igual com qualquer pessoa. Neste caso, o professor pode conseguir financiamento para pesquisa e melhorar o orçamento. Ele deve fazer pós-graduação, que ensina metodologia de pesquisa. Na própria faculdade deve fazer estatística, noções de pesquisa, experimentos para que possa descobrir o que é melhor para as crianças e não ficar dependendo do cientista. Deve especializar-se em descobrir como melhorar o desempenho das mais variadas crianças. Hoje, a escola tem que incluir as crianças portadoras de necessidades especiais, e isto demanda pesquisa.

Folha Dirigida — Os docentes estão preparados para lidar com estes alunos?

Capovilla — Os meus professores estão. O que faço na educação especial faz com que as crianças possam ir para a sala de aula. Se dermos aos professores os instrumentos que eles precisam para avaliar estes alunos e às crianças os instrumentos para que possam aprender a ler, escrever e fazer o dever de casa a inclusão é possível. Estou fazendo pesquisas sobre isso há 25 anos e tenho todos os instrumentos. Basta o governo querer usar. Sou da USP, universidade pública e gratuita. Então, o instrumento do meu trabalho como pesquisador deve estar nas mãos do professor e compete ao governo pegar este material e dar para o professor. Mas o governo fala muito e deixa o professor desassistido. Não dá ao professor instrumento de avaliação, não dá a criança instrumentos de comunicação e espera que ela seja incluída. Como fazer isso? Por milagre? Não, por meio de pesquisa científica, de implantações tecnológicas.


Folha Dirigida — A exigência de que os professores tenham nível superior vai melhorar a qualidade do ensino?

Capovilla — Demandar educação é a tendência universal. Cada vez mais educação, sem dúvida, é bom. Agora é preciso avaliar a qualidade da formação universitária que vai ser dada a estes profissionais. Esta formação deve necessariamente incluir metodologia de pesquisa científica, estatística, como descobrir o que fazer. Assim, o educador brasileiro não vai depender dos outros para lhe dizer o que fazer. Ele poderá observar a melhor forma de alfabetizar.

Folha Dirigida — O Sr. é psicólogo, atuava numa clínica de reabilitação de leitura. Como caminhou para a pesquisa na área educacional?

Capovilla — Comecei como clínico. Tratava de distúrbios de leitura, mas minha clínica não parava de receber crianças. Percebi que uma parte delas tinha um problema de natureza biológica que chamamos de dislexia (distúrbio de aquisição de leitura). Crianças dislexas existem no mundo inteiro, mas no Brasil a taxa parecia ser extraordinariamente maior. Quando avaliava percebia que muitas crianças não eram dislexas, não tinham histórico de dislexia na família. Então, como elas tinham na escola um desempenho tão próximo de dislexia? Na análise descobrimos que os casos ocorrem em crianças de uma mesma turma, de uma mesma escola. O que este país está fazendo? Enchendo as clínicas de reabilitação, públicas e gratuitas, porque a escola não está alfabetizando.


Folha Dirigida — Por isso o sr. resolveu investir na pesquisa nesta área?

Capovilla — Eu já fazia pesquisa. Isto me encaminhou para uma atuação política nas escolas. Vi que o problema não era clínico, e sim educacional. Que é necessário atuar preventivamente para fazer justiça social. Se a escola fizer o seu trabalho, só vai para a clínica quem precisa de tratamento. O Brasil se dá ao luxo de sacrificar, de crucificar as suas crianças no altar da incompetência para adorar a deusa, Emília Ferrero, dos construtivistas. Isto é um crime.

Fonte: Folha Dirigida




sábado, 16 de julho de 2011

O problema compromete a saúde e a resistência dos ossos em crianças na idade escolar.



14/07/2011 - Crianças com ossos supersensíveis.

Quem tem criança em casa sabe da rotina de machucados, arranhões e até mesmo de dores nos braços após um dia de brincadeiras. Mas, se ao mínimo esforço e em atividades do dia a dia, como caminhar, pular ou subir escada, muitas dores ou fraturas sérias acontecem, esses podem ser sinais de osteoporose.

Apesar de a doença preocupar principalmente mulheres a partir da menopausa, crianças e adolescentes não estão livres dela. O problema compromete a saúde e a resistência dos ossos, deixando-os frágeis e suscetíveis a fraturas ao mínimo movimento.

Segundo Lóris Janz Junior, médico reumatologista pediátrico do Hospital Vita Curitiba, a osteoporose infantil acomete principalmente crianças e adolescentes com doenças renais crônicas, problemas reumatológicos, asma, distúrbios na tireoide e doenças intestinais que causam falhas na absorção de nutrientes. “Mas também podem haver causas genéticas ou ser observada a partir do uso frequente de algumas medicações, como remédios à base de corticoides, anticonvulsionantes e quimioterápicos”, explica Marise Lazaretti, médica endocrinologista e chefe do setor de doenças osteometabólicas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Quantidade

Dependendo da idade, cada pessoa tem necessidade de uma quantidade diária de cálcio. Confira:

- Bebês até os seis meses – 400 a 600 miligramas. Nesta fase, o próprio leite materno é capaz de suprir esta necessidade.

- Crianças até 5 anos – 800 miligramas.

- Crianças até 12 anos – 1 grama.

- Adolescentes, adultos e idosos – 1,5 grama.

Fonte: Lóris Janz Junior, médico reumatologista pediátrico do Hospital Vita Curitiba.

Mitos e verdades

Veja o que é compro­vado quando o assunto é osteoporose infantil:

Obesidade é fator de risco para a doença.

Verdade. Crianças obesas geralmente têm maus hábitos alimentares e são sedentárias, dois fatores que causam a doença. Além disso, o excesso de peso causa uma sobrecarga nos ossos e articulações, o que também facilita o aparecimento do problema.

Refrigerantes à base de cola causam osteoporose.

Nem mito, nem verdade. Tomar um copo de refrigerante uma vez por semana ou a cada 15 dias não prejudica em nada a saúde. O problema é o excesso, já que as bebidas à base de cola são ricas em fósforo, mineral que “rouba” cálcio dos ossos e leva à osteoporose.

Meninas têm mais chances de desenvolver a doença.

Mito. Entre os adultos, 80% dos pacientes com osteoporose são mulheres, mas, nas crianças, não há uma prevalência de sexo.

Maus hábitos

Outra combinação que vem preocupando os médicos pelo aumento de registros se deve a três vilões bem conhecidos dos pais: muito fast food, litros e litros de refrigerante e dias inteiros na frente do computador ou do videogame. “Crianças com maus hábitos alimentares, sedentárias e que não ingerem uma quantidade razoável de cálcio e vitamina D diariamente correm um sério risco de desenvolver a doença desde muito cedo, comprometendo a qualidade de vida”, comenta Janz Junior.

Segundo ele, duas características ajudam na incidência da doença entre as crianças e adolescentes: a osteoporose não causa sintomas e raramente os pacientes sentem dor até acontecer a primeira fratura. “O idoso com osteoporose sente dor nos ossos e isso agiliza o diagnóstico. A criança e o adolescente não, então o problema só é identificado quando o paciente dá entrada no hospital com uma fratura séria e o raio-X mostra o problema.”

Por isso, é bom os pais ficarem atentos a alguns fatores que facilitam o aparecimento do problema, como histórico familiar de osteoporose e fraturas de repetição, principalmente em áreas como fêmur, vértebras e quadril.

Cotidiano saudável

Para Márcia Bandeira, médica reumatologista infantil do Hospital Pequeno Príncipe, a melhor forma de evitar o problema é investir em um dia a dia mais saudável. “Deixe de lado bebidas e alimentos industrializados cheios de sódio, açúcar e gorduras e mantenha uma alimentação balanceada, principalmente com frutas, verduras, legumes, carnes magras e muita água.”

Também é bom regularizar a ingestão de produtos que contenham cálcio, como leite, queijo, iogurte natural, ricota, nozes e peixes (principalmente salmão e sardinha), e tomar de cinco a dez minutos de sol pelo menos duas vezes por semana antes das 10 horas ou depois das 16 horas para ativar a síntese de vitamina D, responsável por ajudar o organismo a absorver e utilizar o cálcio. “É importante que ela pratique uma atividade física regular de três a quatro vezes por semana, brinque ao ar livre sempre que possível e evite o fumo passivo, a ingestão de álcool e o consumo exagerado de café”, orienta Marise.

Em alguns casos, durante o tratamento, também é receitada medicação e suplementação de cálcio e vitamina D. “Nos casos de osteoporose secundária, o melhor é controlar a doença que a causou e seus sintomas e, a partir disso, agir contra o desgaste dos ossos”, explica Márcia.

Cura

A boa notícia é que, ao contrário do que acontece com os adultos, a osteoporose infantil tem cura. “Se a criança faz todo o acompanhamento médico, realiza as mudanças na rotina, toma a medicação indicada e passa a se cuidar para ter bons hábitos para sempre, a fraqueza dos ossos vai sumindo conforme ela for crescendo”, diz Jans Junior.

Comparação

Veja alguns alimentos conhecidos por serem fontes de cálcio e a quantidade deste mineral:

100g de sardinha em lata = 550 mg de cálcio

100g de agrião = 133 mg de cálcio

100g de couve refogada = 177 mg de cálcio

100g de lambari frito = 1881 mg de cálcio

100g de manjuba frita = 575 mg de cálcio

100g de iogurte natural desnatado = 157 mg de cálcio

100g de iogurte natural = 143 mg de cálcio

100g de queijo minas frescal = 579 mg de cálcio

100g de ricota = 253 mg de cálcio

100g de gema de ovo cozida = 114 mg de cálcio

100g de chocolate ao leite = 191 mg de cálcio

100g de castanha-do-Pará = 146 mg de cálcio

100g de amêndoa torrada = 237 mg de cálcio

100g de noz = 105 mg de cálcio

100 ml de leite de vaca integral = 123 mg de cálcio

100 ml de leite de vaca desnatado = 134 mg de cálcio

Fonte: Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO).

Fonte: GAZETA DO POVO – PR

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Ferramenta de adultos de Auto-Avaliação: Você Dislexica?

Alfabetização Através da promoção Investigação, Educação e Defesa


Ferramenta de adultos de Auto-Avaliação: Você Dislexica?

Fran Levin Bowman, M.Ed. Vincent & Culotta, Ph.D., Copyright 2010, Todos os Direitos Reservados


Dislexia afeta entre 15 e 20 por cento dos norte-americanos, muitos dos quais não são diagnosticados e recebem pouco ou nenhum serviço de intervenção. Para alguns indivíduos que nunca foram diagnosticados, a dislexia é uma deficiência escondida, que pode resultar em dificuldade subemprego, navegando ambientes acadêmicos, dificuldade no trabalho, e diminuição da auto-confiança. Mesmo aqueles que foram diagnosticados são susceptíveis de luta com a leitura ou escrita em alguns aspectos de suas vidas. A dislexia é um transtorno específico da leitura e não reflete baixa inteligência. Há muitas pessoas brilhantes e criativas com dislexia que nunca aprender a ler, escrever e / ou feitiço em um nível consistente com a sua capacidade intelectual.



Você acha que pode ter dislexia?

Por favor, preencha o breve de 10 perguntas ferramenta de auto-avaliação abaixo.



Dislexia de Auto-Avaliação para Adultos
1 Você lê devagar?

2 Você teve dificuldade para aprender a ler quando estava na escola?

3 Você muitas vezes tem que ler algo duas ou três vezes antes que ele faz sentido?

4 Você está lendo em voz alta desconfortável?

5 Você omitir, transpor, ou adicionar cartas quando você está lendo ou escrevendo?

6 Você acha que você ainda tem erros ortográficos em sua escrita

, mesmo depois de Verificação Ortográfica ?

7 Você acha difícil de pronunciar incomum multi-sílaba

palavras quando você está lendo?

8 Você escolhe a ler revistas ou artigos curtos

, em vez de livros e mais livros?

9 Quando você estava na escola, você achou extremamente difícil

de aprender uma língua estrangeira?

10 Você evita os projetos de trabalho ou em cursos que exigem muita leitura?

Cada Pergunta marcou "sim" Pontuação = 1 ponto



Se você responder "sim" a sete ou mais dessas perguntas, você pode ter sinais que indicam

dislexia. Você pode querer considerar procurar a consulta de um especialista ou um formal

de avaliação de diagnóstico de um examinador qualificado. Para encontrar um recurso potencial na sua

área, clique em Procurar um provedor.

Veja o IDA Definição de Dislexia informações, sobre mitos sobre dislexia, e Fichas IDA Em Dislexia e diferenças relacionadas Língua Aprendizagem Baseada em


FONTE DE PESQUISA: http://www.interdys.org/AreYouDyslexic_AdultTest.htm

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Com mudanças no ensino, crianças têm contato com as letras mais cedo


Angela ficou desconfiada ao saber que o filho sairia alfabetizado do 1º ano


A partir deste ano, todas as crianças matriculadas no 1º ano vão começar a descobrir as letras em sala de aula, mas só irão completar o ciclo de alfabetização no ano seguinte.

Em 2010, terminou o prazo para que as escolas brasileiras se adaptassem às mudanças do Ensino Fundamental de nove anos.

O nono ano já vinha sendo implantado desde 2007 – em 2006, uma mudança na lei aumentou a duração do Ensino Fundamental. O 1º ano acumulará funções do que antes era chamado de pré-escola, acrescentando os primeiros passos do processo de alfabetização, como a correlação entre a palavra escrita e os sons das letras.

- O que existe é uma mudança pedagógica, principalmente nos anos iniciais. O projeto é que para 2011 os três primeiros anos sejam uma unidade de alfabetização em vez de um ou dois anos. Há uma diretriz básica, mas cada escola terá autonomia para desenvolver um projeto adequado à realidade da comunidade que atende – explica o presidente em exercício do Conselho Estadual da Educação, Domingos Buffon.

A iniciativa é vista por especialistas como mais uma medida para combater a baixa qualidade do ensino brasileiro. A professora da faculdade de Educação da UFRGS Tania Marques acredita que, se os projetos respeitarem as características do pensamento e do desenvolvimento afetivo de cada faixa etária, a alteração será positiva.

- A ampliação se baseia na ideia de que a alfabetização é um ciclo mais longo, e não apenas um ano. A ideia é proporcionar o contato antecipado com a palavra escrita sem que haja a necessidade de completar todo o processo.

As escolas precisaram alterar metodologias de trabalho em virtude das exigências específicas de uma criança com seis anos. A assessora pedagógica e de legislação educacional do Sindicato do Ensino Privado (Sinepe/RS ), Naime Pigatto, ressalta que deve haver um cuidado não apenas com o 1º ano, mas também com os demais anos.

Mozart Neves, integrante do Conselho Nacional de Educação e conselheiro-executivo do movimento Todos pela Educação, afirma que é difícil prever se a medida está tendo impacto:

- Não existe um indicador nacional que meça a primeira etapa da alfabetização. Uma prova nacional para medir esta primeira etapa poderia verificar se as mudanças são válidas.

Mateus terminou o 1º ano lendo gibis

Quando ouviu a professora falar na reunião de pais da Escola Estadual de Ensino Fundamental Ibirubá que o filho sairia alfabetizado do 1º ano, Angela Medeiros Schneider, 36 anos, ficou desconfiada. Afinal, o menino sequer tinha cursado o pré e já estava entrando no novo sistema de ensino.

Agora, com Mateus Medeiros, oito anos, a caminho do 3º ano, o receio se mostrou infundado.

- Admito que estava receosa, mas ao longo do tempo ele foi se desenvolvendo conforme as atividades eram pedidas. Quando o ano acabou, ele estava lendo gibis.

Angela conta que no 2º ano o filho aprofundou os conhecimentos em interpretação de texto e redação, aperfeiçoando os conhecimentos do ano anterior.

Tire suas dúvidas


Qual é a idade com que uma criança pode entrar na primeira série?

Para ingressar no 1º dos nove anos, a criança deverá ter seis anos completos até 31 de março de 2011. Após, havendo vagas, poderão ser matriculadas as crianças que farão seis anos durante o ano, desde que tenham feito, comprovadamente, dois anos de pré-escola, de acordo com o parecer 698/2010 e a portaria 146/2010 do Conselho de Educação. Os municípios têm autonomia para definir a data de corte.

Existe um perfil pedagógico diferente do novo 1º ano para o antigo?

Sim, a antiga 1ª série aos sete anos de idade tinha como objetivo alfabetizar e, caso a criança não conseguisse, seria reprovada. Na nova proposta dos nove anos, no 1º ano, além de iniciar o processo de alfabetização, não há reprovação, e a passagem do 1º ao 2º ano é automática.

Houve uma melhora na alfabetização com o novo sistema?

Sim, pois esse novo sistema contempla o atendimento aos alunos oportunizando a qualidade da educação daqueles que não tiveram oportunidade de educação infantil anterior.
Todas as escolas do Estado oferecem os nove anos?

Todas estão autorizadas para isto, mas como o sistema se iniciou em 2007, estamos na implantação do 5º ano paralelo à 5ª série. Como as escolas iniciaram o processo de implantação em 2007, todas estão na mesma situação e recebem o mesmo acompanhamento pedagógico, por meio das coordenadorias e da Secretaria de Educação.
Os alunos matriculados no antigo Ensino Fundamental terão direito a cursar nove anos?

Não. Quem iniciou o Ensino Fundamental com oito anos de duração deve completá-lo nesse prazo.

O conteúdo do 1º ano do Ensino Fundamental de nove anos é o conteúdo trabalhado na antiga 1ª série?


Não, pois não se trata de realizar um “arranjo” dos conteúdos da 1ª série do Ensino Fundamental de oito anos. É necessário elaborar uma nova proposta pedagógica e curricular.

As crianças de seis anos que sabem ler e escrever podem ser matriculadas diretamente no segundo ano?


Não. A ampliação no período do Ensino Fundamental tem como objetivo qualificar o processo de aprendizagem, não antecipar sua conclusão.
Fonte: Ministério da Educação, Secretaria Estadual de Educação e Conselho Estadual de Educação
Participe
Você quer saber mais sobre o ensino de nove anos? Hoje à tarde, a professora Tania Marques tira dúvidas e debate o tema com a editora de educação Angela Ravazzolo. O vídeo estará no ar em zerohora.com




Notícias

Por Redação zh.com
16 de fevereiro de 2011
06h Tags: crianças, ensino, estudantes

FONTE DE PESQUISA: http://wp.clicrbs.com.br/voltaasaulas/2011/02/16/com-mudancas-no-ensino-criancas-tem-contato-com-as-letras-mais-cedo/?topo=13,1,1,,,13

A educacão em nove anos: mudanças no Ensino Fundamental



•Este artigo é uma continuidade e uma resposta ao já publicado: A educacão em nove anos: mudanças no Ensino Fundamental, neste mesmo site. Visite o link acima para ler mais informações e ver o que já foi discutido com os internautas sobre o assunto! Aproveitando, gostaria de agradecer a excelente colaboração do leitor Amadeu Andrade Costa Júnior, respondendo a várias questões feitas pelos usuários.


Recebemos, quase que diariamente, dúvidas relacionadas à Ampliação do Ensino Fundamental para nove anos. A fim de elucidar algumas dessas dúvidas mais comuns, buscamos no portal do MEC mais informações. Reproduziremos abaixo trechos do documento: ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS: PERGUNTAS MAIS FREQÜENTES E RESPOSTAS DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA (SEB/MEC) – veja o arquivo em .pdf



Nos reservamos o direito de resumir ou modificar partes do texto para facilitar a leitura, ou condensar as informações. Caso queira ver o texto na íntegra, acesse o link acima. Comentários feitos pela equipe do Futuro Professor serão precedidos de [FP].



OBSERVAÇÃO IMPORTANTE



Se, depois de ler este artigo e os documentos relacionados ao Ensino Fundamental de Nove Anos – como as leis e documentos do governo que estão listados abaixo -, ainda restarem dúvidas, procure o canal de atendimento do MEC, clicando aqui ou pelo telefone do Fala, Brasil 0800 616161 ou se informe na Secretaria da Educação da sua cidade.



O MEC disponibiliza, ainda, outros dois documentos importantes sobre o assunto (ambos em .pdf): um folheto explicativo e um caderno de orientações gerais para a implantação da ampliação. Vale lembrar que recentemente, na edição de Dezembro de 2007, a Revista Nova Escola publicou uma matéria interessantíssima sobre o tema, mais especificamente sobre o ano inicial do novo ciclo, não custa ler o texto aqui.

Alguns tópicos selecionados – Índice:



* O número entre parênteses mostra qual a é a respectiva pergunta no documento oficial.







•1. Histórico do ordenamento político-legal (1)



•2. Qual a idade para a criança ingressar no Ensino Fundamental de nove anos de duração? (3)

•3. Na Educação Infantil existirá o atendimento de crianças com seis anos de idade? (6)

•4. Como proceder na matrícula das crianças que são transferidas de um estado ou município que tem o Ensino Fundamental de nove anos para um que ainda não ampliou o ensino obrigatório e vice- versa? (13)

•5. Quanto tempo os sistemas têm para ampliar o Ensino Fundamental de nove anos? (14)

•6. No Ensino Fundamental de nove anos, o primeiro ano se destina à alfabetização? (19)

•7. O conteúdo do primeiro ano do Ensino Fundamental de nove anos é o conteúdo trabalhado no último ano da pré-escola de seis anos? (21)

•8. O conteúdo do primeiro ano do Ensino Fundamental de nove anos é o conteúdo trabalhado no primeiro ano/primeira série do Ensino Fundamental de oito anos? (22)

•9. Como deve ser a avaliação no 1º ano do Ensino Fundamental de nove anos? (23)

•10. Os alunos que já se encontram matriculados no Ensino Fundamental de oito anos terão o direito a um Ensino Fundamental de nove anos? (29)

•11. As crianças de seis anos de idade que sabem ler e escrever podem ser matriculadas diretamente no 2º ano do Ensino Fundamental de nove anos? (30)

•12. Em que ano matricular, no Ensino Fundamental, a criança de sete anos de idade sem experiência escolar? (31)

•13. Com a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos, a classe de 1º ano poderá ser constituída por crianças de seis e sete anos de idade? (33)

•14. Onde deve ser enturmada, no Ensino Fundamental, a criança de 7 ou mais anos de idade que nunca freqüentou o ensino obrigatório? (34)

•15. Como proceder nos casos de transferência de estudantes de um sistema de ensino que ampliou o Ensino Fundamental e adotou a nomenclatura de 1º ao 9º ano para um outro sistema de 1ª a 8ª série? (36)

•16. Como devem proceder os sistemas de ensino que ampliaram o Ensino Fundamental para nove anos e não observaram os dois currículos? (37)

Conteúdo e respostas:



1. Histórico do ordenamento político-legal (1) – voltar ao Índice



•Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961 – Estabelecia 4 anos de Ensino Fundamental.

•Acordo Punta del Leste e Santiago – Compromisso de estabelecer seis anos para o Ensino Fundamental até 1970.

•Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971 – Obrigatoriedade do Ensino Fundamental de oito anos.

•Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – admite a matrícula no Ensino Fundamental de nove anos, a iniciar-se aos seis anos de idade.

•Lei nº 10. 172, de 9 de janeiro de 2001 – Aprovou o Plano Nacional de Educação/PNE. O Ensino Fundamental de nove anos se tornou meta progressiva da educação nacional

•Lei nº 11. 114, de 16 de maio de 2005 – torna obrigatória a matrícula das crianças de seis anos de idade no Ensino Fundamental.

•Lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006 – amplia o Ensino Fundamental para nove anos de duração, com a matrícula de crianças de seis anos de idade e estabelece prazo de implantação, pelos sistemas, até 2010.

2. Qual a idade para a criança ingressar no Ensino Fundamental de nove anos de duração? (3) – voltar



Segundo as orientações legais e normas estabelecidas pelo CNE, a data de corte, ou seja, a data de ingresso das crianças no Ensino Fundamental é a partir dos seis anos de idade, completos ou a completar até o início do ano letivo, conforme estabelecido pelo respectivo sistema de ensino.



3. Na Educação Infantil existirá o atendimento de crianças com seis anos de idade? (6) – voltar





Sim, em duas situações:



•até o sistema de ensino ampliar o Ensino Fundamental para nove anos de duração, pois a data limite para o cumprimento da Lei é o ano de 2010;

•todas as crianças que completarem seis anos de idade antes da data definida para ingresso no Ensino Fundamental poderão ser matriculadas na Pré-Escola (Educação Infantil), conforme consta no Parecer CNE/CEB nº 7/2007: “Assim, é perfeitamente possível que os sistemas de ensino estabeleçam normas para que essas crianças que só vão completar seis anos depois de iniciar o ano letivo possam continuar freqüentando a pré-escola para que não ocorra uma indesejável descontinuidade de atendimento e desenvolvimento: A pré-escola é o espaço apropriado para crianças com quatro e cinco anos de idade e também para aquelas que completarão seis anos posteriormente à idade cronológica fixada para matrícula no Ensino Fundamental.”

4. Como proceder na matrícula das crianças que são transferidas de um estado ou município que tem o Ensino Fundamental de nove anos para um que ainda não ampliou o ensino obrigatório e vice- versa? (13) – voltar



Essa é uma atribuição dos sistemas de ensino e deve estar prevista nas normatizações dos respectivos Conselhos de Educação. Ressalte-se a importância de se observar o que estabelece o Parecer nº 7/2007, de que não deve haver a aplicação de nenhuma “(…) medida que possa ser interpretada como retrocesso, o que poderia contribuir para o indesejável fracasso escolar (…)”



5. Quanto tempo os sistemas têm para ampliar o Ensino Fundamental de nove anos? (14) – voltar



De acordo com o art. 5º da Lei nº 11.274/2006, os Municípios, Estados e o Distrito Federal terão prazo até 2010 para implementar o Ensino Fundamental com nove anos. Portanto, devem tomar medidas imediatas para garantir o cumprimento da disposição legal.



6. No Ensino Fundamental de nove anos, o primeiro ano se destina à alfabetização? (19) – voltar



Esse primeiro ano constitui uma possibilidade para qualificar o ensino e a aprendizagem dos conteúdos da alfabetização e do letramento. Mas, não se deve restringir o desenvolvimento das crianças de seis anos de idade exclusivamente à alfabetização. Por isso, é importante que o trabalho pedagógico assegure o estudo das diversas expressões e de todas as áreas do conhecimento. Ressalte-se que a alfabetização não deve ocorrer apenas no segundo ano do Ensino Fundamental, uma vez que o acesso à linguagem escrita é um direito de todas as crianças, que é trabalho precipuamente nos ambientes escolares. Os sistemas e todos os profissionais envolvidos com a educação de crianças devem compreender que a alfabetização de algumas crianças pode requerer mais de 200 dias letivos e que é importante acontecer junto com a aprendizagem de outras áreas de conhecimento. O Ensino Fundamental de nove anos ampliou o tempo dos anos iniciais, de quatro para cinco anos, para dar à criança um período um período mais longo para as aprendizagens próprias desta fase, inclusive da alfabetização.



7. O conteúdo do primeiro ano do Ensino Fundamental de nove anos é o conteúdo trabalhado no último ano da pré-escola de seis anos? (21) – voltar



Não. A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, não tem como objetivo preparar crianças para o Ensino Fundamental; tem objetivos próprios que devem ser alcançados na perspectiva do desenvolvimento infantil respeitando, cuidando e educando crianças no tempo singular da primeira infância. No caso do primeiro ano do Ensino Fundamental a criança de seis anos, assim como as demais de sete a dez anos de idade, precisam de uma proposta curricular que atenda suas características, potencialidades e necessidades específicas dessa infância.



8. O conteúdo do primeiro ano do Ensino Fundamental de nove anos é o conteúdo trabalhado no primeiro ano/primeira série do Ensino Fundamental de oito anos? (22) – voltar



Não. Pois não se trata de realizar um “arranjo” dos conteúdos da primeira série do Ensino Fundamental de oito anos. Faz-se necessário elaborar uma nova proposta político-pedagógica e curricular coerente com as especificidades não só da criança de seis anos de idade, como também das demais crianças de sete, oito, nove e dez anos de idade que realizam os cinco anos iniciais do Ensino Fundamental, assim como os anos finais dessa etapa de ensino.



Com o objetivo de subsidiar os sistemas de ensino na elaboração da proposta pedagógica e do currículo para essa nova realidade dos anos iniciais do Ensino Fundamental, o MEC publicou os documentos:



I. Ensino Fundamental de Nove Anos

II. Indagações sobre currículo, documento sobre concepção curricular, em processo de finalização, será composto de textos sobre



[FP] No texto integral você poderá achar a descrição dos documentos citados.



9. Como deve ser a avaliação no 1º ano do Ensino Fundamental de nove anos? (23) – voltar



Faz-se necessário:



•assumir como princípio que a escola deve assegurar aprendizagem com qualidade para todos;

•assumir a avaliação como princípio processual, diagnostica, participativa, formativa e redimensionadora da ação pedagógica.

•elaborar instrumentos e procedimentos de observação, de registro e de reflexão constante do processo de ensino-aprendizagem;

•romper com a prática tradicional de avaliação limitada a resultados finais traduzidos em notas ou conceitos;

•romper com o caráter meramente classificatório e de verificação dos saberes;

10. Os alunos que já se encontram matriculados no Ensino Fundamental de oito anos terão o direito a um Ensino Fundamental de nove anos? (29) – voltar



Não. Quem iniciou o Ensino Fundamental com oito anos de duração deve completá-lo nesse prazo e condições.



11. As crianças de seis anos de idade que sabem ler e escrever podem ser matriculadas diretamente no 2º ano do Ensino Fundamental de nove anos? (30) – voltar



Não. O Ensino Fundamental de nove anos significa ampliação do tempo dessa etapa de ensino na perspectiva de qualificar o ensino-aprendizagem e não a antecipação da sua conclusão.



12. Em que ano matricular, no Ensino Fundamental, a criança de sete anos de idade sem experiência escolar? (31) – voltar



É preciso que os sistemas estejam atentos a essa questão, que não se restringe somente às crianças com sete anos de idade, em virtude da existência da defasagem idade/série bem como daquelas crianças e adolescentes que não ingressaram no sistema na idade própria.



[FP] A resposta aqui parece meio vaga mesmo. Ler os itens 2, 3, 11, 13, 14, 15 pode solucionar alguma dúvida pendente. Caso nem o texto na íntegra seja suficiente para elucidar sua dúvida, procure o atendimento do MEC ou o órgão responsável de sua cidade.



13. Com a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos, a classe de 1º ano poderá ser constituída por crianças de seis e sete anos de idade? (33) – voltar



O Parecer CNE/CEB nº 7/2007, indica que os sistemas de ensino devem ampliar a duração do Ensino Fundamental para nove anos, administrando a convivência dos planos curriculares de Ensino Fundamental de oito anos, para as crianças de sete anos que ingressarem em 2006 e as turmas ingressantes nos anos anteriores, e de nove anos para as turmas de crianças de seis anos de idade que ingressam a partir do ano letivo de 2006”. Compreende-se dessa forma que para a criança de sete anos de idade existe a possibilidade de cursar o currículo de oito anos de duração, uma vez que a Lei nº

11.274/2006, estabelece o prazo até 2010 para o cumprimento da ampliação. Portanto, se instala, necessariamente, até essa data, um período legítimo de transição.



14. Onde deve ser enturmada, no Ensino Fundamental, a criança de 7 ou mais anos de idade que nunca freqüentou o ensino obrigatório? (34) – voltar



É importante considerar a defasagem idade-série/ano para a correção de fluxo escolar. Os Pareceres CNE/CEB n.os 5/2007 e 7/2007, estabelecem que “no que se refere ao tempo escolar, pergunta-se: por que não organizar os anos escolares, principalmente os iniciais, em ciclos didático-pedagógicos? Talvez tenha chegado o momento de os sistemas de ensino aprofundarem os estudos sobre os ciclos de aprendizagem, diferenciados de séries ou anos de estudos;



Ainda que, nos casos de defasagem idade-série/ano, os sistemas devem refletir sobre os três aspectos explicitados na terceira consideração do voto do relator, constantes no Parecer CNE/CEB nº 7/2007: o Ensino Fundamental de nove anos precisa ser pensado como uma oportunidade de se construir novo projeto político-pedagógico, com reflexos em assuntos como tempo e espaços escolares e tratamento, como prioridade, do sucesso escolar; a implantação do Ensino Fundamental de nove anos supõe um período de transição para a necessária adequação às novas regras, o que, por sinal, está implícito na Lei nº 11.274/2006, que estabelece o ano de 2010 como data máxima para que os sistemas de ensino concluam as medidas necessárias; os sistemas de ensino e as escolas, nos limites de sua autonomia, têm a possibilidade de proceder às adequações que melhor atendam a determinados fins e objetivos do processo educacional, tais como: promoção da auto-estima dos alunos no período inicial de sua escolarização; o respeito às diferenças e às diversidades no contexto do sistema nacional de educação, presentes em um País tão diversificado e complexo como o Brasil; a não aplicação de qualquer medida que possa ser interpretada como retrocesso, o que poderia contribuir para o indesejável fracasso escolar; os gestores devem ter sempre em mente regras de bom senso e de razoabilidade, bem como tratamento diferenciado sempre que a aprendizagem do aluno o exigir; entendemos que, neste período de transição, os nove anos de estudo no ensino obrigatório aplicam-se àquelas crianças com seis anos de idade e não àquelas com sete anos de idade, uma vez que, no item II – voto do relator – ponto 1, constante no Parecer CNE/CEB nº 18/2005, está explícita que a antecipação da escolaridade obrigatória, com a matrícula aos seis anos de idade no Ensino Fundamental, implica em garantir às crianças que ingressam aos seis anos no Ensino Fundamental, pelo menos, nove anos de estudo nesta etapa da Educação Básica”.



15. Como proceder nos casos de transferência de estudantes de um sistema de ensino que ampliou o Ensino Fundamental e adotou a nomenclatura de 1º ao 9º ano para um outro sistema de 1ª a 8ª série? (36) – voltar



De acordo com o art. 24, inciso VII, da LDB, fica estabelecido que “cabe a cada instituição de ensino expedir históricos, declarações de conclusão de série e diplomas ou certificados de conclusão de cursos, com as devidas especificações cabíveis”. Dessa forma, é responsabilidade da escola de origem do estudante, de acordo com as orientações do sistema, expedir documentação com as devidas informações sobre a vida escolar do aluno, deixando claro a equivalência correspondente entre as duas estruturas de ensino de oito anos e o de nove anos de duração.



16. Como devem proceder os sistemas de ensino que ampliaram o Ensino Fundamental para nove anos e não observaram os dois currículos? (37) – voltar



De acordo com o Parecer CNE/CEB nº 7/2007, os sistemas de ensino e as escolas, nos limites de sua autonomia, têm a possibilidade de proceder às adequações que melhor atendam a determinados fins e objetivos do processo educacional, como por exemplo: “a não aplicação de qualquer medida que possa ser interpretada como retrocesso, o que poderia contribuir para o indesejável fracasso escolar; os gestores devem ter sempre em mente regras de bom senso e de razoabilidade, bem como tratamento diferenciado sempre que a aprendizagem do aluno o exigir”.



OBSERVAÇÃO IMPORTANTE

Vale repetir aqui: se, depois de ler este artigo e os documentos relacionados ao Ensino Fundamental de Nove Anos – como as leis e documentos do governo que estão listados abaixo -, ainda restarem dúvidas, procure o canal de atendimento do MEC, clicando aqui ou pelo telefone do Fala, Brasil 0800 616161 ou se informe na Secretaria da Educação da sua cidade.



Uma recente alteração no Ensino Fundamental vem trazendo certo debate, e merece nossa atenção: a aprovação da lei 11.274, em fevereiro de 2006, que muda a duração do ensino fundamental de oito para nove anos, transformando o último ano da educação infantil no primeiro ano do ensino fundamental.




Desse modo, o aluno deve ser matriculado na primeira série (agora chamada de “primeiro ano”) com seis, e não com 7 anos de idade (como é no sistema atual). Outra lei, 11.114, de 2005, que alterava a LDB (Lei nº 9.394, de 96), já aceitava a matrícula de alunos com seis anos de idade no ensino fundamental.



As escolas tem até o ano de 2010 para se adequar à lei. Em algumas capitais brasileiras (e o Distrito Federal), o ensino fundamental de nove anos já é oferecido.



O importante de se discutir e refletir sobre esse assunto é se, realmente, essas mudanças irão melhorar o ensino nas escolas e irão preparar melhor o aluno, ou se essas novas mudanças apenas servirão para se trocar o nome do último estágio do ensino infantil pelo nome de primeira série do ensino fundamental.



Analisando páginas de algumas escolas particulares sobre o assunto, vemos que é, para elas, apenas uma questão de nomenclatura:



9 anos 8 séries

1º ano Jardim III

2º ano 1ª série

3º ano 2ª série

4º ano 3ª série

5º ano 4ª série

6º ano 5ª série

7º ano 6ª série

8º ano 7ª série

9º ano 8ª série



Por outro lado, a decisão permite (forçosamente) que alunos que não teriam acesso à pré-escola, alunos mais carentes, possam ter um ensino um pouco maior. Mas é claro que, como a medida vem sem demais ajustes no ensino fundamental, ela, sozinha, não consegue diminuir de forma concreta o abismo entre a qualidade dos ensinos público e privado.



O que você acha?



Leia mais sobre o assunto:



•Ensino Fundamental: veja o que muda na prática

•Alunos mais ricos já tem pré-escola

•Os nove anos do ensino fundamental

•Ensino Fundamental de nove anos

•Ensino de nove anos aumenta escolaridade e unifica o sistema no país

•Lula sanciona projeto do ensino de nove anos

IMPORTANTE!



Para tentar responder ao grande número de dúvidas relacionadas à Ampliação do Ensino Fundamental para nove anos, criamos o artigo Ensino Fudamental de Nove Anos – dúvidas freqüentes, neste mesmo site. Leia também abaixo as discussões entre os leitores sobre o assunto.




FONTE DE PESQUISA: http://www.futuroprofessor.com.br/ensino-fundamental-em-nove-anos-duvidas-frequentes#02

Cuidado com a letra feia: esse problema se chama disgrafia .

Cuidado com a letra feia: esse problema se chama disgrafia e pode ser um sinal de que nem tudo vai bem com o estudante


Camila de Magalhães

Edilson Rodrigues/CB/D.A Press



“Minha letra sempre foi ruim”, admite o estudante Breno Henrique Sobral

Viver na frente do computador e conversar muito no MSN ou no Orkut são atividades que podem se tornar inimigas na hora em que é preciso escrever manualmente no papel. A mão fica dura e os garranchos são praticamente inevitáveis. No entanto, estudos mostram que a letra feia, conhecida como disgrafia, pode ser um sinal de que nem tudo vai bem.


A disgrafia é uma dificuldade na hora de escrever, que se trata da parte motora e não, de trocas ou acréscimo de letras, uma característica da disortografia, explica a fonoaudióloga, psicomotricista e psicopedagoga Raquel Caruso. “Geralmente, é uma disfunção motora que acarreta letra feia”, afirma.

Ocasionado por uma disfunção do cérebro, o problema apresenta-se em crianças com capacidade intelectual normal, sem transtornos neurológicos, sensoriais, motores e/ou afetivos que o justifiquem. “Pode ser uma dificuldade emocional que a pessoa não quer demonstrar muito, aí escreve com letras muito pequenas ou muito grande, com muita força”, observa a especialista.

Além da letra feia, estão entre os sintomas não conseguir escrever em linha reta (o famoso sobe ou desce o morro), mistura de letra cursiva com letra de forma em um mesmo texto e dificuldade para sequencializar o movimento da grafia. Em alguns casos, a disgrafia está relacionada à dislexia, marcada pelo déficit de atenção e hiperatividade.

Outra questão pode ser o disfarce da falta de conhecimento ortográfico. “Muitas crianças e adolescentes usam a letra feia para esconder erros de português”, revela Raquel. Dessa forma, diz ela, os professores reclamam da letra e acabam não vendo os erros.

Problema na hora da identidade

“Minha letra sempre foi ruim”, admite o estudante do 1º ano do Centro Educacional Gisno, Breno Henrique Sobral, 16 anos. “Teve época que fui fazer minha identidade e não consegui por causa da letra, porque escrevia errado. Depois, peguei o jeito e minha letra é essa”, diz.

Para Breno, é muito difícil escrever em linha reta. Ele afirma que, durante as aulas é preciso copiar as informações rapidamente e isso influi na escrita. “Quando tenho tempo para escrever com mais calma, fica melhor, mas na escola não dá.”

Língua portuguesa nunca foi o forte do rapaz. De 0 a 5, ele se classifica como nota 1. “Letra feia pode até ajudar de vez em quando, mas pode atrapalhar em prova importante, como o PAS”, pondera.

Ele conta que, até o ano passado, os professores reclamavam de sua escrita e pediam para tentar melhorar. “Tem vezes que nem eu mesmo não consigo entender”, admite. Este ano, nenhum professor reclamou ainda, mas ele pretende se esforçar para as provas do Programa de Avaliação Seriada (PAS).

De acordo com a especialista Raquel Caruso, os professores podem mesmo ajudar na identificação, com pesquisa sobre a série do aluno, se vai bem nas outras matérias, como é o comportamento nas aulas de educação física, se os colegas o excluem do time e como é o desempenho nas aulas de artes.

“Não adianta pedir para a criança ou adolescente treinar escrever no caderno de caligrafia, pois a dificuldade está ligada à postura do ombro, cotovelo, punho e mão”, destaca Raquel. “O indivíduo deve estar bem sentado, com postura adequada para movimentação livre”, ensina.

Para definir a causa da disgrafia, a avaliação de um psicomotricista é o mais indicado. O profissional é responsável pela identificação, se é apenas letra feia ou se há uma disortografia associada.


FONTE DE PESQUISA: http://www.correioweb.com.br/euestudante/noticias.php?id=5257

Prováveis causas dos distúrbios e estratégias para a correção da escrita .

Disgrafia




Prováveis causas dos distúrbios e estratégias para a correção da escrita

• NORA CECÍLIA BOCACCIO CINEL Especialista em Linguística e em Supervisão de Sistemas Educacionais. Porto Alegre/RS. Pertence ao Conselho Editorial da Revista do Professor há 23 anos.

O ensino da Língua Portuguesa na escola tem sido, quase sempre, voltado para a aprendizagem da escrita correta e para o domínio dos conceitos gramaticais. É um dos objetivos mais importantes dos professores das séries iniciais o ensinar o aluno a escrever. Porém, é comum a um grande número de professores de 1º e 2º ciclos e, mesmo aos de Língua Portuguesa, saberem muito pouco sobre a natureza da escrita, como funciona, para que serve e como deve ser usada.

As formas gráficas e ortográficas da escrita não são bem compreendidas.

Nosso sistema linguístico não possui uma única forma de representação gráfica (existem vários tipos de traçados indiferentes para mesmos sons) e, além disso, não é completamente alfabético como pensamos.

Nossa gramática (normativa e, por isso, deficiente) e nossas cartilhas que ainda estão em uso, apesar dos estudos mais avançados a respeito da aprendizagem da escrita e da leitura, não explicam nem aos mestres nem aos aprendizes esta multivariedade de traçados ou de formas de representação gráfica, o porquê dessas diferenças e como ensiná-las, como aprendê-las.

O que se observa, de início, é que exigimos das crianças um trabalho dobrado: primeiro, aprender a escrever em letra de forma. É mais fácil, mais compreensível, aparece nos textos, rótulos...

Logo, de imediato, passamos a exigir que a criança passe a escrever em letra cursiva, mais complicada, de mais difícil leitura e de caráter individual e idiossincrático: cada usuário adota seu próprio traçado, coloca suas nuances, mostra sua personalidade. Mas a nossa sociedade e a nossa cultura consideram importantíssimo, fundamental mesmo, saber escrever emendado.

Os pais exigem da escola, os professores exigem dos alunos e esquecem de perguntar-lhes o que a escrita representa para eles. Ora, escreve-se para que outros leiam o que se escreve. O ler é condicionado pelo escrever e, para ler significativamente, é preciso que a escrita conduza o leitor a enquadrar todos os símbolos (letras, palavras, acentos, notações, etc...) no universo cultural, social, histórico em que o escritor se baseou para escrever, como nos ensina Cagliari.

A escrita é a tecnologia do intelecto, uma das maiores invenções manuintelectuais criadas pelo homem, como falam Teberosky e Tolchinsky. O homem escreve para registrar, para comunicar, para controlar, para influir sobre a conduta do outro, para produzir e não só reproduzir (copiar) e distanciar-se do produzido; para criar, combinar, elaborar textos, sob o ponto de vista estético (literatura).

A escrita pode ser um fator importante para que se estabeleça e se mantenha um dialeto como padrão, pois goza de prestígio. Graficamente representada, uma língua tem mais possibilidade de servir de modelo pela estabilidade que adquire, devidamente registrada.

A escrita é mais cuidadosa que a fala e, portanto, mais permanente e torna mais evidente os problemas que se constituem distúrbios de grafia: disortografia ou disgrafia, foco do nosso estudo.

Disgráficas são aquelas crianças que apresentam dificuldades no ato motor da escrita, tornando a grafia praticamente indecifrável.

Então, disgrafia é a perturbação da escrita no que diz respeito ao traçado das letras e à disposição dos conjuntos gráficos no espaço utilizado. Relaciona-se, portanto, a dificuldades motoras e espaciais.

Porém, é preciso entender que uma criança em processo de construção da escrita naturalmente apresenta dificuldades no traçado das letras, até dominá-lo corretamente. Durante esse período, o professor deverá orientar os alunos a realizarem adequadamente a escrita para evitar a permanência de traçados incorretos e, consequentemente, a disgrafia.

Podemos apontar como causas prováveis da disgrafia os distúrbios de motricidade ampla e, especialmente, fina, os distúrbios de coordenação visomotora, a deficiência da organização temporo espacial, os problemas de lateralidade e direcionalidade e o erro pedagógico.

Alguns comentários, expressos a seguir, são indispensáveis em relação a estas causas.

Distúrbios na motricidade ampla e fina

Freqüentemente, observamos que, mesmo em crianças de nível intelectual médio ou elevado, existe um determinado potencial ou um certo conjunto de habilidades não-desenvolvidas. Neste caso, é possível constatarmos uma ou outra ou várias disfunções psiconeurológicas ou anomalias na maturação do sistema nervoso central,tornando-se evidente, na maior parte das situações, a falta de coordenação entre o que a criança se propõe a fazer (intenção) e a respectiva ação. Ocorre, portanto, um verdadeiro hiato que resulta em dificuldade ou, mesmo, impedimento de expressão por meio do corpo.

Essa falta de sintonia entre o pretendido e o realizado provoca desequilíbrio, especialmente o afetivo,com repercussões de ordem social, nas áreas motora e perceptiva. Na área motora, aparecem a hiper ou a hipoatividade, as perturbações do ritmo,a incoordenação excessiva, prejudicando a postura, a locomoção, os movimentos dos braços, pernas, mãos, pés e a respiração. Na área perceptiva, evidenciam-se desordem perceptovisual, de orientação e estruturação espacial, perturbações do esquema corporal e da lateralidade.

Tais perturbações interferem, sensivelmente, em todos os campos de ação da criança. Na escola, geralmente ela estará sujeita a mau rendimento, a um desempenho medíocre, apesar da sua boa capacidade intelectual, de vez que um bom desempenho requer atenção e concentração da criança. Se não houver domínio do corpo, se faltar autonomia, automatismo e precisão no gesto, a atenção será desviada e absorvida no necessário controle do movimento.

Para que a criança adquira os mecanismos da escrita, além da necessidade de saber orientar-se no espaço (motricidade ampla), deve ter consciência de seus membros, da mobilização dos mesmos, e saber fazer agir, independentemente, o braço em relação ao ombro, a mão em relação ao braço e ter a capacidade de individualizar os dedos (motricidade fina) para pegar o lápis ou a caneta e riscar, traçar, escrever, desenhar o que quiser.

Existem inúmeros exercícios para minimizar ou sanar essas dificuldades. O professor precisa iniciar com aqueles que visam exercitar os grandes músculos e, posteriormente, trabalhar com os peque-nos músculos, seja na educação infantil, seja no ensino fundamental.

Distúrbios na coordenação visomotora

A coordenação visomotora está presente sempre que um movimento dos membros superiores ou inferiores ou de todo o corpo responde a um estímulo visual de forma adequada.

Ao traçar uma linha, por exemplo, a criança, ao mesmo tempo que segue, com os olhos, a ação de riscar, deve ter em mira o alvo a atingir. Isso implica sempre ter atenção a algo imediatamente posterior à ação que está realizando no instante presente.

A criança com problemas de coordenação visomotora não consegue, por exemplo, traçar linhas com trajetórias predeterminadas, pois, apesar de todo o esforço, a mão não obedece ao trajeto previamente estabelecido.

Esses problemas repercutem negativamente nas aprendizagens, uma vez que para aprender e fixar a grafia é indispensável que a criança tenha conveniente coordenação olho/mão, da qual depende a destreza manual.

Os esforços para focalização visual distraem a sua atenção e ela perde a continuidade do traçado das letras e suas associações.


Deficiência na organização temporo espacial

Quando falamos em organização temporo espacial nos referimos à orientação e à estrutura do espaço e do tempo: é o conhecimento e o domínio de direita/esquerda, frente/atrás/lado, alto/ baixo, antes/depois/durante, ontem/hoje/ amanhã, etc., que a criança deve ter desenvolvido para construir seu sistema de escrita.


A criança com problemas de orientação e estruturação espacial, normalmente, apresenta dificuldades ao escrever, invertendo letras, combinações silábicas, sob o ponto de vista de localização, o que denota uma insuficiência da análise perceptiva dos diferentes elementos do grafismo. Ela não consegue, também, escrever obedecendo ao sentido correto de execução das letras, nem orientar-se no plano da folha, apresentando má utilização do papel e/ou escrevendo fora da linha. É natural, ainda, que encontre dificuldade na leitura e na compreensão de sentido de um texto, como decorrência da desorganização temporo espacial.


Problemas de lateralidade e direcionalidade

Sabemos que dos distúrbios de motricidade manifestam-se, principalmente, por meio dos gestos imprecisos,dos movimentos desordenados, da postura inadequada, da lentidão excessiva, , pela má organização do espaço em relação ao próprio corpo ou, ainda, por desarranjos de ordem afetiva.

As perturbações da lateralidade podem apresentar-se de várias maneiras:


• lateralidade mal-estabelecida – caracteriza-se pela não definição da dominância, em especial, da mão direita ou esquerda. Nesse caso, a criança vive uma permanente incerteza quanto ao uso das mãos, tornando-se, por isso, confusa e pouco eficiente no desempenho das atividades motoras. Uma dominância não claramente definida pode ser, também, causa de certas dificuldades, como, por exemplo, inversão de letras na leitura e/ou na escrita, confusão de letrade grafismos (traçados) parecidos, mas com orientação espacial diferente (por exemplo, b/p - bato/pato). O que conhecemos como escrita espelhada também pode ser decorrência da lateralidade mal estabelecida v(b/d - bato/dato);


• sinistrismo ou canhotismo – é a dominância do uso da mão esquerda. A eficiência da mão esquerda, nas crianças canhotas é inferior à da mão direita nas destras, tanto pela velocidade quanto pela precisão, em geral. Podemos observar que essas crianças, bem como as destras, podem apresentar, muitas vezes, problemas de orientação e estruturação espacial que tendem a acentuar-se com a idade, durante um certo período de seu desenvolvimento. Na verdade, um canhoto pode escrever com a mesma destreza e facilidade de um destro. Porém, para chegar aos mesmos resultados, a criança canhota deve percorrer uma série diferente de movimentos e de ajustamentos motores. Sua tendência natural e espontânea, no plano horizontal, é escrever da direita para a esquerda. É, pois, tarefa do professor auxiliá-la e incentivá-la para que ela possa, com a maior brevidade, encontrar seus padrões motores;


• lateralidade cruzada – caracteriza-se pela dominância da mão direita em conexão com o olho esquerdo, por exemplo, ou da mão esquerda com o olho direito. Esse tipo de lateralidade heterogênea – olho/mão – tem sido pesquisado por muitos estudiosos do tema, que, apesar dos esforços, têm chegado a conclusões divergentes. Vários autores levantam a hipótese de que a lateralidade cruzada poderia ser, em certos casos, causa de desequilíbrios motores e outras perturbações, que dificultariam o aprendizado e o desenvolvimento da leitura e da escrita. Há diferentes pesquisas sobre o assunto e não há conclusões definitivas a respeito;


• sinistrismo ou canhotismo contrariado – a dominância da mão esquerda contraposta ao uso forçado e imposto da mão direita pode comprometer a eficiência motora da criança, na orientação em relação ao próprio corpo e na estruturação espacial. Alguns autores admitem que, em determina-dos casos, a gagueira, por exemplo, seja consequência de sinistrismo contrariado e, no caso, aconselham que a criança volte a usar a mão dominante (mão esquerda). Afirmam, também, que os canhotos tendem a apresentar o traçado gráfico que conhecemos como escrita espelhada, o que merece toda a atenção do professor.


Erro pedagógico

Geralmente, as dificuldades que os alunos apresentam na escrita se devem a falhas no processo de ensino, nas estratégias inadequadas escolhidas pelos docentes ou por desconhecimento do problema ou por despreparo.

Os cuidados que o professor das séries iniciais (1‘ ciclo) deve ter quando seus alunos começam a aprender a escrever não devem resumir-se à ortografia mas, também, à legibilidade. Esses cuidados prolongam-se por todo o período de escolarização ou pelo professor de classe ou pelos professores de Língua Portuguesa.

Preparar um aluno para escrever com correção e legibilidade é trabalhar com ele, desde o início, atentando para a grafia correta das palavras, a forma das letras, a uniformidade no traçado, o espaçamento, o ligamento e a inclinação da escrita em relação ao espaço onde se está escrevendo.


A legibilidade é uma qualidade complexa que se constitui na soma desses vários aspectos, dentre outros considerados importantes.

Forma das letras


Cada letra tem uma forma característica. A clareza de traçado então reside em escrever cada letra na sua forma exata. A letra cursiva deformada pode ser a causa mais poderosa de ilegibilidade. Por exemplo:


a) se o aluno não fecha o círculo do a, pode-se lê-lo como u ou ce.;


b) quando não fecha o círculo do d, pode-se lê-lo como cl ou el;


c) alguns alunos escrevem e por z;


d) outros escrevem n como u;


e) alguns alunos podem adquirir o hábito de escrever m como u ou como n, etc.


Estes exemplos são suficientes para demonstrar a importância do formato da letra para a legibilidade da escrita. Muitas vezes, as formas inadequadas das letras são consequência da falta de orientação docente, do mau uso ou do abuso das cópias e dos ditados ou da rapidez descabida da escrita para fazer apontamentos em aula, dentre outras.



Uniformidade

A letra cursiva, em nosso alfabeto, apresenta quatro características no traçado em relação à linha:

• só há uma letra cujo traçado sobe a desce – f;


• há seis letras com haste ascendente – b,d,h,k.,l,t;


• há seis letras com haste descendente – g j,p ,q, y, z


• há treze letras que citamos de pequenas – a, c, e.i.,m, n, o,r,s,u, v,w, x.

Aprender a manter a uniformidade no traçado significa formar hábitos de escrita que obedeçam às quatro características apontadas.


Espaçamento

O espaçamento é importante fator que concorre para a legibilidade. É preciso verificar:

- Se há espaço entre uma letra e outra, na palavra;


- Se há espaço entre uma palavra e outra;


- Se há espaço entre uma frase e outra;


- Se há espaço entre parágrafos.


Quando os espaços entre as letras não são uniformes, há prejuízo na leitura; o mesmo acontece entre as palavras. Especialmente no quadro-de-giz, o professor deve cuidar para que fique um espaço adequado entre as palavras, principalmente nas séries do 1‘ciclo. Isto evita que as crianças que estão mais afastadas do quadro vejam as palavras, uma como continuação da outra, copiando-as como se fossem uma só.


É preciso cuidar, também, o espaço entre frases, tendo em vista as letras com hastes.


Ligamentos

Na letra cursiva, os ligamentos também são fatores importantíssimos para a legibilidade: letras que formam uma palavra devem ser ligadas entre si. A omissão de ligamentos provoca no leitor uma como escrita espelhada, o que merece toda a atenção do professor.

Tendência à leitura de uma palavra por partes, simulando diferentes palavras. Em se tratando de crianças que lêem o que escrevemos no quadro-de-giz ou em folhas xerografadas, a nossa omissão de ligamentos pode concorrer para a ilegibilidade. O aluno, geralmente, escreve como o professor ensina.


Inclinação

A letra cursiva de uma pessoa destra se apresenta ligeiramente inclinada para a direita. Isto favorece a leitura.

A inclinação da letra pode depender da posição que se adota para escrever mas, essencialmente, depende da posição em que se coloca o papel onde vai se escrever. Um aluno sentado de frente para sua mesa deverá colocar a folha de papel ou a de seu caderno levemente inclinada para a esquerda. Desse modo, a letra sairá ligeiramente inclinada para a direita. Quanto maior a inclinação do papel, à esquerda, maior a inclinação de letra à direita.

Crianças que escrevem com a mão esquerda deverão inclinar o papel para a direita.

Outro aspecto a ser observado é a passagem de um sistema de escrita (letra de forma) para outro (letra cursiva), por exemplo. É preciso realizar um trabalho bem planejado, de comum acordo com os alunos, de modo sistemático e cuidadoso.


A letra cursiva exige maior esforço mental e físico da criança porque apresenta complexidade de movimentos.

De preferência, o professor deve procurar realizar um atendimento individualizado, atento às dificuldades que poderão surgir, incentivando todos os alunos, em geral, e cada um, em particular, para que se evitem sérios problemas posteriormente.


O uso da caligrafia, considerada obsoleta e antipedagógica pelos desavisados e indicada pelos mais modernos autores, ocupa papel relevante, hoje em dia. Visa atender às atuais exigências de clareza, legibilidade e rapidez, justificando-se, portanto, sua presença em sala de aula, nas atividades escolares.

Para que o professor possa identificar, com mais segurança, crianças com disgrafia, em sala de aula, apresentamos alguns indicadores:


rigidez no traçado – o aluno pressiona demasiado o lápis contra o papel;

relaxamento gráfico – o aluno pressiona debilmente o lápis contra o papel;

impulsividade e instabilidade no traçado – o aluno demonstra descontrole no gesto gráfico; o traçado é impulsivo, apressado, confuso, com a escrita irregular e instável;

lentidão no traçado – o aluno demonstra um traçado arrastado, lento, tornando evidente um grande esforço de aplicação e controle;

dificuldades relativas ao espaçamento – o aluno deixa espaço irregular (pequeno ou grande demais) entre letras, palavras; não respeita margens; amontoa letras;

dificuldades relativas à uniformidade – o aluno escreve com letras grandes demais (macrografia) ou pequenas demais (micrografia) ou mistura ambas; mostra desproporção entre maiúsculas e minúsculas e entre as hastes;

dificuldades relativas à forma das letras, aos ligamentos e à inclinação – o aluno apresenta deformação no traçado das letras; evidencia falta de ligamentos entre as letras; inclina-as demasiadamente para a esquerda, para a direita ou para ambas as direções.

Com base nestas informações, o professor poderá fazer um diagnóstico das possíveis dificuldades de seus alunos, fazendo o registro de suas observações na Ficha para Coleta de Dados que sugerimos no quadro abaixo.









Uma análise cuidadosa dos dados apresentados pela ficha oferecerá ao professor as melhores condições para a elaboração de um plano de atividades para sanar ou minimizar os problemas detectados.


Vários exercícios podem ser realizados em parceria com outros professores (Educação Física, Arte, por exemplo), para o desenvolvimento das habilidades motoras, do esquema corporal, das percepções. Outros, como os que apresentamos neste texto, deverão ser realizados em sala de aula, com todos os alunos. Certamente eles serão beneficiados.

Inúmeras atividades relacionadas ao erro pedagógico devem ser oportunizadas às crianças, especialmente aquelas voltadas à correção de possíveis dificuldades de espaçamento (entre letras, palavras, frases) e de ligamentos que podem vir a prejudicar sensivelmente a compreensão textual quando se realiza a leitura. Vejamos a seguir alguns exemplos:


Se, após a realização de um programa bem planejado para sanar ou minimizar os problemas, o professor observar que alguns alunos ainda permanecem com dificuldades, deverá encaminhá-los a pessoas especializadas, a quem compete o trabalho de reeducação da linguagem.

Bibliografia e dicas de leitura:



CAGLIARI, L. C. Alfabetização & lingüística. São Paulo: Scipione, 1989.

FERREIRO, E.; PONTECORVO, C.; MOREI-RA, N. Ribeiro; HIDALGO, I. Garcia. Caperucita Roja aprende a escribir: estudios psicolinguísticos comparativos en tres lenguas. Barcelona: Gedisa, 1996.

KATO, Mary A. (org.). A concepção da escrita pela criança. 2. ed. São Paulo: Pontes, 1992.

TEBEROSKY, A.; TOLCHINSKY, Liliana. Más allá de la alfabetización. Buenos Aires: Santillana, 1995.


FONTE DE PESQUISA: http://www.projetospedagogicosdinamicos.com/edespecial3.htm