segunda-feira, 21 de junho de 2010

Os benefícios da música para o cérebro humano.


19 de junho de 2010

N° 16371AlertaVoltar para a edição de hojeLARISSA ROSO

Descobertas que vêm do CanadáCientistas canadenses publicaram um dos estudos mais completos sobre os benefícios da música para o cérebro humano. A pesquisa, divulgada em 2009, analisou mudanças cerebrais estruturais e funcionais de crianças que receberam treinamento musical.

Elas foram divididas em dois grupos: o primeiro recebeu treinamento individual em teclado por 15 meses, e o segundo teve apenas os fundamentos básico na escola, sem acesso a instrumento. Os cérebros dos alunos que tiveram ensino de música apresentaram alterações significativas em áreas responsáveis pela parte motora e também do corpo caloso, que faz ligação dos dois hemisférios cerebrais, demonstrando a necessidade de trabalhar várias funções para aprender a tocar.

A parte do cérebro responsável pela aprendizagem de música e linguagem, chamado de Giro de Heschl, também se desenvolveu. Para os especialistas, as diferenças nas áreas motoras e auditivas já eram esperadas, mas houve também mudanças significativas em outras zonas, ligadas à atenção e ao aprendizado. Os resultados indicaram que pode ocorrer maior neuroplasticidade (veja figura), um fenômeno que desenvolve e fortalece os neurônios a partir de fatores externos.

Para o psiquiatra Jair Mari, que divulgou a pesquisa no país durante o 6° Congresso Brasileiro de Cérebro, Comportamento e Emoções, entre os dias 9 e 12 de junho, em Gramado, é uma prova, ainda que incipiente, para relacionar a saúde mental à música.

– Esses resultados dão subsídios à hipótese de que o treinamento musical pode auxiliar crianças com transtornos de desenvolvimento e adultos com doenças neurológicas – sustenta Mari.

Essa possibilidade empolga não só a classe médica, mas também quem vive da música. Especialistas e professores percebem diariamente como a prática pode ser importante para o desenvolvimento dos alunos – não apenas cognitivo.

– Temos alunos com depressão, e os pais procuram a música como terapia. Mesmo sem comprovação médica, num determinado tempo, ele sai daqui outro. As relações sociais, o prazer de aprender, de tocar, é importante e saudável – afirma o professor de música Marco Antônio Filho.

Para o professor Luiz André Silva, que tem um aluno com dislexia, a música oferece referências para combater as dificuldades de leitura e escrita.

– Hoje, o processo pedagógico normal ainda não tem uma referência concreta para que crianças com dislexia possam desenvolver uma ferramenta de tradução. Com a música, quando se associa o visual, o auditivo e todo o processo do instrumento, encontra-se uma ferramenta concreta, que auxilia não só na leitura mas também na escrita musical, criando as próprias músicas. Isso é extremamente positivo para o aprendizado normal – ressalta.

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