segunda-feira, 21 de junho de 2010

Discalculia, um distúrbio neurológico.

Números complexos


Matemática é fundamental para a vida, mas a resistência exagerada à disciplina pode ser reflexo da discalculia, um distúrbio neurológicoUm, dois, três, 95, 1.240, quatro, 17. Dedos contados a cada adição e subtração. Olhar de espanto e desinteresse ao ver fórmulas ou contas que exigem poucos segundos de raciocínio.


21 de junho de 2010

N° 16373AlertaVoltar para a edição de hojeCAPA


Se um dos problemas acima faz parte da vida de seu filho e não condiz com a idade escolar dele, fique atento. O pequeno pode ser uma criança que resiste à matemática e sofre de descalculia, um distúrbio neurológico que afeta a habilidade com números e, óbvio, o desempenho em sala de aula.

Considerada um problema de aprendizagem aritmética que atinge cerca de 3 a 6% da população em idade escolar, a discalculia pode estar associada à dislexia e faz com que a pessoa tenha dificuldades para estimar grandezas, confunda operações, conceitos, fórmulas, sinais numéricos e a utilização da matemática no dia a dia.

– A discalculia é mais comprometedora da funcionalidade que os problemas relacionados à leitura, porque toda nossa vida gira em torno de números. O mau desempenho matemático tem várias consequências, como a baixa remuneração dos empregos e a dificuldade de aquisição de renda – explicou o neurologista Vitor Geraldi Haase durante o 6º Congresso Brasileiro de Cérebro, Comportamento e Emoções.

Você percebe que seu filho está em conflito com a matemática quando tem notas baixas na disciplina, dificuldade de aprender, não consegue compreender a tabuada, persiste em contar nos dedos, não faz relações com tempo, tamanho e quantidade. Mas, para avaliar a aquisição ou não da discalculia, o recomendado é aplicar testes padronizados. Nem toda resistência é sinal do problema.

– Pais e escolas que não conhecem o conceito da discalculia ficam desamparados. Atribuem o transtorno à preguiça ou à suposta burrice das crianças. Assim, acabam usando medidas punitivas, castigos e o conflito familiar para mudar o comportamento das crianças – disse Haase.

Ao longo da vida, os reflexos das “complicações numéricas” são tantos que, de acordo com a Sociedade Brasileira de Matemática, o raciocínio desenvolvido pela matemática pode influenciar também no progresso da leitura e da análise de textos. Além disso, crianças com dificuldade na disciplina geralmente carregam estereótipos na escola. Na fase adulta, se não tratadas, podem ter complicações até na hora de fazer compras parceladas, distribuir o salário e montar o orçamento doméstico, diz a psicopedagoga Beatriz Vargas Dorneles.

– A matemática pode ser um problema em sala de aula. Mas precisa ser bem ensinada e aprendida – alerta Beatriz.

Se pais e professores não têm paciência, e didática, a criança poderá ficar insegura e com medo de novas situações, podendo desenvolver até mesmo uma fobia matemática. Baixa autoestima devido a críticas e punições de pais e colegas também subtraem o lado intelectual e pessoal.

anelise.zanoni@zerohora.com.br

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ANELISE ZANONIanteriorlista

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