quarta-feira, 25 de maio de 2011

TDAH na dislexia: uma comorbidade frequente.



Muitas crianças e adultos são criticados por falta de atenção, impulsividade por deixarem tudo largado ou pela metade. É comum tentar explicar estas características como traços de personalidade, irresponsabilidade ou falta de interesse. Mas quando essa falta de atenção, descuido ou adiamento crônico são muito intensos, é possível ser um caso de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).


O TDAH é um transtorno neurobiológico de causas genéticas que aparece na infância e pode ou não acompanhar o indivíduo por toda a sua vida. Caracteriza-se principalmente por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. É comum o transtorno apresentar comorbidade com outras doenças ou transtornos, como a dislexia. Em crianças com dislexia, as chances são maiores. Segundo a psicóloga Maria Inez, da Associação Brasileira de Dislexia, até 50% dos casos de dislexia podem ter TDAH.

Para o psiquiatra Mario Louzã, coordenador do Projeto de Déficit de Atenção e Hiperatividade (PRODATH) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, a explicação pode estar na gênese das duas doenças. “É possível que ambas tenham uma base neurobiológica comum, ligada à maturação do sistema nervoso central”, explica.


Diagnóstico e tratamento

Assim como na dislexia, o TDAH costuma ser mais reconhecido quando a criança começa a frequentar a escola e a demanda por atenção aumenta. Segundo Louzã, neste período a criança já consegue permanecer sentada por algum tempo e prestar atenção em uma aula. Agora, se a criança apresenta muita inquietação, não conseguindo ficar quieta ou sentada durante uma atividade – seja uma aula ou uma refeição – este comportamento já deve levantar suspeita de TDAH.

Durante o diagnóstico de dislexia também é possível identificar a doença. “Percebemos traços do TDAH quando a criança fica a todo o momento falando o que acontece em volta, olha e pergunta sobre várias coisas ao mesmo tempo e não se lembra do que perguntamos. Ao percebermos sinais dessa hiperatividade, a criança é encaminhada para o neurologista, para fechar o diagnóstico”, explica Maria Inez.

O diagnóstico clínico de TDAH é feito por observação e pelo histórico relatado pela família. “Não existem exames de laboratório capazes de fazer o diagnóstico da doença”, diz o psiquiatra.

Além de medicação, o tratamento do TDAH é feito por meio de outras abordagens terapêuticas que incluem a psicoterapia, psicopedagogia e fonoaudiologia – quando há dislexia associada.



Chances de cura aumentam se tratamento começar na infância


Existem graus mais leves e mais graves da doença, com sintomas mais ou menos intensos. Por este motivo, o TDAH pode ter seu diagnóstico feito tardiamente. Quando o tratamento tem início na infância, as chances de o paciente ter remissão total da doença até chegar à fase adulta são grandes. “Outra parte continua com sintomas e precisa continuar o tratamento”.

Para o disléxico com TDAH, tratar da doença oferece melhor qualidade no aprendizado. “A desatenção causa um prejuízo ainda maior em termos do rendimento geral da criança no aprendizado. Assim, o tratamento auxilia no controle do foco de atenção e melhora a capacidade de leitura da criança. Tanto o tratamento do TDAH quanto o da dislexia demandam não só medicação, mas também as abordagens psicoterápicas complementares”, afirma Louzã.

Estratégias em sala de aula


Os professores também têm um papel fundamental na recuperação da criança para o desenvolvimento do aprendizado. Algumas ações em sala de aula podem auxiliar o aluno.

Atitudes simples como colocar a criança em um local onde ela se distraia o mínimo possível colaboram neste processo. “Ela deve sentar mais à frente, não necessariamente na primeira carteira, mas em um lugar onde consiga ouvir a professora. Deve também ficar no meio da sala de aula – longe da janela e da porta”, diz Inez.

Utilizar assuntos de interesse da criança também facilita. O importante, segundo Maria Inez, é que durante o tratamento a criança tenha percepção de sua condição para progredir. “A criança precisa perceber que ela é desatenta”, conclui.


Fonte: O que eu tenho?

FONTE DE PESQUISA: http://www.enfermagemesaude.com.br/noticia/noticias/3692/tdah-na-dislexia-uma-comorbidade-frequente

Nenhum comentário:

Postar um comentário